Unir e integrar pessoas comuns e de diversos lugares do mundo a povos indígenas, comunidades locais, ambientalistas, gestores públicos e cientistas pela restauração e conservação da maior floresta tropical do mundo pode até parecer um sonho improvável, mas é uma das estratégias inovadoras propostas em “Amazônia Viva”, novo filme de Estevão Ciavatta.
Encomendado pela Iniciativa Inter-religiosa Pelas Florestas Tropicais (IRI Brasil) – plataforma de ação colaborativa criada pela ONU para que líderes e comunidades religiosas possam contribuir para preservar as florestas, a biodiversidade e promover os direitos de seus guardiões –, o filme marca a estreia do cineasta na direção, com base em tecnologias de realidade virtual para desvendar o bioma mais importante do planeta e conscientizar sobre a importância da região e sua preservação.
Com nove minutos e lançamento mundial no Rio Innovation Week, evento de inovação na cidade do Rio de Janeiro que acontece entre os dias 8 e 11 de novembro, “Amazônia Viva” é uma experiência imersiva pela região do Rio Tapajós, que utiliza filmagens em 360º para desvendar um dos lugares mais importantes do planeta e, assim, aproximá-lo cada vez mais das pessoas.
“Se o cinema e a TV já têm o poder de nos levar para uma outra realidade, a tecnologia virtual realmente proporciona o nosso encontro com a exuberância e a grandiosidade da floresta. É uma experiência única, muito transformadora, e espero que esse trabalho contribua para que as pessoas entendam a riqueza, toda a dimensão e o quanto é necessário proteger aquele ambiente”, ressalta Ciavatta.
A cacica Raquel Tupinambá – da comunidade de Surucuá, onde também é importante liderança indígena – faz as honras da casa e guia o espectador durante a viagem virtual totalmente interativa por um dos biomas mais importantes, bonitos e, infelizmente, ameaçados pela ação do homem.
Durante o trajeto, o público terá a sensação de estar fisicamente na região: sentirá toda a energia ao ver as belezas e também ouvir os sons da floresta – o nascer do sol, o cantar dos pássaros, o balançar das folhas, o movimento das águas do rio –, e desfrutará realmente de todas as sensações que uma experiência 3D pode proporcionar.
“Ao vivenciar a região, todos se conscientizarão de que pertencem ao espaço, que é preciso manter a floresta viva e que ela se integra com os povos e a cultura. Somente com a proximidade nascerá o entendimento de que não vale a pena destruir tudo, e que a conservação não pode ser apenas das florestas, mas também dos povos, principalmente os indígenas. E eu, enquanto ativista, aceitei participar desse projeto para integrar a causa que preserva esse local, e que também olha a população que está sendo impactada pela consequência da ação de quem não deseja conservar a floresta viva”, conclui Raquel.
Especializado na criação, produção e distribuição de vídeos 360º e 3D, o Studio KwO XR trouxe toda a linguagem virtual e imprimiu ao filme qualidade tecnológica compatível com a visão e o roteiro de Ciavatta, tendo o cenário da Floresta Nacional do Tapajós como protagonista. E a tecnologia de ponta foi a estratégia adotada para impactar o espectador, distante fisicamente, sobre a imensidão do local.
“Tivemos o papel de expandir a visão do diretor e levá-la à adaptação da linguagem da realidade virtual. Levamos essa visão realmente ao limite para fazer algo bem complexo e especial, para que o público pudesse conhecer conteúdos a que normalmente não teria acesso nas grandes cidades; desde o contato com uma indígena até mesmo a sensação de pertencimento daquela natureza, com aquela vegetação, aqueles animais – vendo tudo do alto de uma Samaúma gigante, em primeira pessoa e de ângulos de que não se está acostumado a ver, por exemplo”, destaca o artista e um dos sócios do estúdio, Nelson Porto.
Com roteiro também de Estevão Ciavatta, produção da Pindorama Filmes e financiamento do Instituto Clima e Sociedade (iCS), “Amazônia Viva” será uma das principais ferramentas que a IRI Brasil utilizará em seus programas de sensibilização, formação e engajamento de lideranças e comunidades religiosas.
“Precisamos criar oportunidades para que as pessoas conheçam um pouco da Floresta Amazônica e possam se maravilhar com sua beleza, compreender melhor sua complexidade, suas ameaças e a gigantesca importância ambiental, social, cultural e econômica que ela tem para o Brasil e para o planeta. Entendemos que a valorização da Amazônia é passo fundamental para que as pessoas exerçam maior influência sobre a atuação dos governantes, legisladores e empresários, com a finalidade de parar o absurdo processo de destruição que vem ocorrendo e para que se ponha fim ao ambiente de violência na região e à violação dos direitos dos povos indígenas, quilombolas e comunidades locais. Visitar a Amazônia é uma possibilidade que está fora do alcance da maioria da população brasileira, mas o uso inteligente da tecnologia e da arte pode proporcionar a muitas pessoas uma transformadora experiência de contato com a floresta, sua biodiversidade e seus povos originários”, explica o facilitador nacional da Iniciativa Inter-religiosa Pelas Florestas Tropicais no Brasil, Carlos Vicente.
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