Patrícia Patrocínio; 10/06/2021 às 14:00

Posicionamento da Farm em relação a morte de Kathlen Romeu é alvo de críticas nas redes sociais

A jovem era designer de interiores e atuava como vendedora em uma das lojas da Farm na cidade

Na terça-feira, 8, Kathlen Romeu foi baleada durante uma operação policial na comunidade Lins do Vasconcelos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Com 24 anos e grávida de 14 semanas, Kathlen e o bebê não resistiram aos ferimentos. A jovem era designer de interiores e atuava como vendedora em uma das lojas da Farm na cidade.

Durante a quarta-feira, 9, a marca se pronunciou por meio de postagens em suas redes sociais em relação à situação ocorrida com sua funcionária, no entanto, um trecho do texto da declaração da empresa chamou atenção. No post, a Farm (que pertence ao grupo Soma) propõe reverter a comissão de todas as vendas realizadas com o cupom Kathlen – E957 em apoio à família da vítima. 

“A partir de hoje, toda a venda feita no código de Kathlen – E957 – terá sua comissão revertida em apoio para sua família. Reforçando que nós também vamos apoiá-la de forma independente e paralela”, dizia o texto inicial publicado no Instagram da Farm. A empresa também ressaltou estar “disponibilizando suporte psicológico e emocional a todos os que necessitem através do nosso gente & gestão”.

 
 
 
 
 
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A ação não repercutiu bem, a mensagem deixa a entender uma relação de exploração de Kethlen mesmo depois de sua morte. Além disso, o fato de não ser o lucro da empresa, mas sim o lucro da comissão das vendas da funcionária, abre margem para interpretação de que a empresa não se preocupa de fato com a tragédia que atingiu a jovem e sua família, ao ponto de permitir que ela “trabalhe mesmo depois de morta”. 

Para alguns, essa situação pode não ter problemas, no entanto, Ketlhen era uma mulher negra e um dos inúmeros gatilhos sociais que remontam as marcas violetas que a escravidão deixou no imaginário social brasileiro. É a desumanização de vidas negras e a redução delas, dando a ideia de “instrumento de trabalho”. 

Vale lembrar que a empresa possui um histórico de polêmicas em relação a questões raciais. Depois de mais uma repercussão negativa, a Farm editou a postagem original, além de realizar um outro post admitindo o erro.

 

 
 
 
 
 
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