O Observatório do Marajó lança campanha de financiamento online, denominada “Rede de Apoio à Mulheres Marajoaras em Movimento”. O objetivo é apoiar mulheres marajoaras em situação de vulnerabilidade social que vivem em Belém do Pará, neste período de pandemia causado pela Covid-19.
A campanha foi aprovada pelo edital nacional Matchfunding Enfrente e, por meio da plataforma de financiamento colaborativo Benfeitoria, o Fundo Enfrete triplica cada valor doado. O recurso será destinado a ações integradas em apoio a mulheres marajoaras e suas famílias, por meio da criação de uma rede de cuidado e informação e no beneficiamento com auxílios emergenciais no valor de R$ 400,00 à 25 mulheres.
Por que Mulheres Marajoaras?
Em condições precárias e sem acesso a direitos, mulheres marajoaras são especialmente vulnerabilizadas por um contexto marcado pela violência e exploração sexual. E convivem constantemente com a ideia de deslocamentos como estratégia de acesso a direitos e oportunidades. Muitas migram para as capitais mais próximas: Belém e Macapá, em busca de melhores condições e, ainda assim, seguem vulnerabilizadas. Ocupam trabalhos informais, precarizados, sem acesso e reconhecimento dos seus direitos trabalhistas. Na maioria das vezes, moram em quartos dos fundos nos trabalhos ou em habitações insalubres e superlotadas em periferias urbanas, sem acesso à saneamento básico e a água com regularidade. Por esses motivos, hoje, essas mulheres estão triplamente expostas ao novo coronavírus, e sem uma rede de apoio, ficam reféns desse ciclo de informalidade, insalubridade e vulnerabilidade social, intensificado pela pandemia da COVID-19.
O intuito é conectar essas mulheres que saíram do Marajó em busca de vidas melhores e atualmente estão nas periferias da região metropolitana de Belém e criar um espaço que amenize a situação dramática agravada pela pandemia. A rede funcionará em duas frentes: 1. Criar um ambiente seguro, de confiança, cuidado e troca de informação entre mulheres que, a partir das suas experiências de deslocamento, se afastaram de suas redes originais de identidade e solidariedade; e 2. Garantir um auxílio emergencial de R$400,00 por dois meses para que essas mulheres tenham o mínimo de estrutura durante a pandemia da Covid-19.
“A rede pode ser um local onde essas mulheres recebam informações segura, com linguagem acessível e livre de fake news sobre a pandemia. Um espaço de cuidado e de solidariedade para que possam enfrentar com apoio emocional as consequências do afastamento físico das suas famílias que ainda vivem no marajó.” Explica Micaela Valentim, gestora de projetos do Observatório, e completa: “E que o auxílio financeiro, objetivo principal da arrecadação da campanha de financiamento, possa ser um apoio efetivo para essas mulheres, principalmente nesse cenário da pandemia onde elas são as mais vulnerabilizadas”.
Para a articuladora local do projeto “Mulheres Marajoaras em Movimento”, Andreyna Teles, a rede de apoio seria essencial para a adaptação dessas mulheres que migram para as cidades. “Se tivesse pessoas que pudessem ajudar mulheres que se deslocam de interiores pra cidade, ajudando-as de alguma forma para conseguir emprego, entrar em uma faculdade, fazer cursos técnicos, enfim, seria uma garantia de um emprego melhor e um sustento a família”, explica Andreyna, também marajoara.
Como doar?
As doações devem ser feitas na plataforma até dia 31 de maio. A meta é arrecadar R$ 31 mil para garantir o apoio financeiro por ao menos 2 meses para as mulheres da rede. As doações são a partir de R$ 10,00 e podem ser pagos por cartão de crédito ou boleto.
A organização
O Observatório do Marajó é um projeto da ONG Lute Sem Fronteiras, uma organização sem fins lucrativos que desde 2009 tem trabalhos sociais no Marajó. A missão da LSF é promover o acesso a direitos e o desenvolvimento endógeno de comunidades tradicionais, ribeirinhas e quilombolas do Marajó. Em 2020, a LSF lança o Observatório do Marajó, um observatório de políticas públicas do Marajó e seus 16 municípios, que busca aumentar e fortalecer o espaço cívico da Ilha organizando conhecimento de diferentes formatos em tecnologias sociais acessíveis para a população.
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Fonte: Assessoria
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