Na última quinta-feira (21), a Escola Superior de Artes e Turismo da Universidade Federal do Amazonas sediou a “Oficina de Registro do Beiradão: Inventário Participativo”, que tem como objetivo consolidar o reconhecimento do ritmo como expressão cultural imaterial do país.
A iniciativa fez parte da programação do 1° Festival de Beiradão do Amazonas, com a mediação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O encontro contou com a presença de pesquisadores, músicos e outros profissionais engajados na valorização dessa manifestação cultural que nasceu nas beiras dos rios e hoje se consolida como um fenômeno cultural que mistura música, culinária e religiosidade.
A colaboração com os profissionais do setor foi essencial para garantir que o desenvolvimento do processo de registro fosse realizado de forma participativa, priorizando a opinião de quem vive o ritmo de perto. Entre os participantes estavam nomes como Eliberto Barroncas, Rafael Ângelo, Paulo Moura e Hadail Mesquita.
Além de sua importância cultural, o beiradão também desempenha um papel fundamental na geração de renda e sua musicalidade está presente em diversas comunidades do estado.
“Para nós, é um desejo que o Ministério da Cultura reconheça esse fenômeno como patrimônio brasileiro. O Beiradão gera emprego, renda, está presente nos 62 municípios do Amazonas e tem mais de 200 músicos se declarando beiradeiros”, afirmou o produtor cultural Paulo Moura, coordenador do Festival do Beiradão do Amazonas e diretor do documentário “O Áureo da Música do Beiradão nas Rádios Manauaras na Década de 80”.
“Queremos ser a segunda expressão cultural do estado, ter visibilidade e não deixar essa cultura acabar”, completou o pesquisador.

O evento subsidiou o inventário que foi produzido pelos interessados, com a superintendência do Iphan no Amazonas, acompanhando o processo de registro do beiradão. A oficina foi um espaço reservado para apresentar o procedimento de preservação cultural aos músicos e à comunidade, promovendo debates e trocas de experiências sobre o ritmo.
“Nosso papel foi mostrar o passo a passo de como acontece o registro de um bem cultural junto ao Iphan. Todo o passo percorrido até que esse bem se torne patrimônio cultural de todo o Brasil. O processo será realizado de forma participativa, garantindo que a memória, os saberes e as características do Beiradão sejam documentados”, disse a superintendente do Iphan no Amazonas, Beatriz Calheiro.
O beiradão é reconhecido como patrimônio cultural imaterial desde 2023, através da Lei estadual nº 6.448, da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). O Dia Estadual do Beiradão é celebrado em 3 de outubro no Amazonas, conforme instituído pela Lei Estadual nº 6.797, de 22 de março de 2024. As duas propostas são do deputado estadual Sinésio Campos.