Comunicação

#MercadizarEntrevista: A importância da cobertura jornalística na Amazônia feita por amazônidas

A Amazônia é grandiosa em território e apresenta uma ampla variedade de culturas, costumes, grupos sociais, ameaças ambientais, e muitos outros aspectos que, juntos, influenciam na complexidade de produção de coberturas jornalísticas sobre a região.

Em referência a este Dia da Amazônia, o Mercadizar conversou com o jornalista Daniel Nardin, idealizador do Amazônia Vox, um projeto que busca criar um banco de fontes de conhecimento amazônidas, rede de freelancers da região e é focado no jornalismo de soluções na Amazônia.

Arte: Mercadizar

Protagonismo das narrativas locais

Cada vez mais, projetos locais de comunicação que produzem conteúdos jornalísticos responsáveis e que promovem a visibilidade dos diversos temas amazônicos devem ter suas narrativas construídas com propriedade e ouvidas nacionalmente.

“É muito importante a gente compreender que existem ‘Amazônias’ na Amazônia. Então, ao mesmo tempo que você tem uma região que é 60% do território nacional – com 30 milhões de habitantes – você tem uma diversidade de biomas, de realidades, de culturas, de populações. Então, você tem desde uma Amazônia urbana, com os problemas das periferias de qualquer grande cidade, até toda a complexidade das populações ribeirinhas tradicionais, povos indígenas e tudo que está inserido nesta região. É muito importante que os próprios comunicadores e jornalistas da região também compreendam isso e a gente comece a produzir as nossas narrativas, ouvindo as nossas vozes e não apenas reproduzindo narrativas que vêm de fora, o que é uma prática que a gente acaba adotando e que acaba sendo muito comum”, explica Daniel Nardin.

Imagem: Daniel Nardin/Acervo pessoal

Quem é da Amazônia e vivencia esse contexto já tem uma percepção única sobre o território. Porém, de acordo com  Nardin, é necessário que os comunicadores tenham maior qualificação e conhecimento sobre o território, seus aspectos, compromissos, metas, para que seja possível narrar com mais profundidade e qualidade o que se vive na Amazônia.

Com o acúmulo de experiências adquiridas com sua atuação no jornalismo tradicional e assessoria de comunicação, Daniel Nardin explica que se colocava à disposição de profissionais de outras regiões para fornecer contatos de fontes locais que pudessem falar sobre determinado tema em relação à Amazônia. Percebendo esta dinâmica, Nardin idealizou, em 2023, o Amazônia Vox para criar um banco de fontes de conhecimento da região que torne possível encontrar com facilidade vozes locais, além de criar também um banco de freelancers de comunicação para que profissionais da região possam ser encontrados.

Em complemento aos objetivos do projeto, o Amazônia Vox começou a desenvolver reportagens de jornalismo de soluções para, ouvindo vozes locais e trabalhando com profissionais da região, mostrar iniciativas da Amazônia que estão dando respostas aos desafios do território.

“Acho que a gente está vivendo um momento – e não só na Amazônia, mas global – em que a palavra colaboração tem sido muito mais importante do que a palavra competição. E, com isso, a gente pode aprender a elaborar projetos em conjunto, produzir reportagens em conjunto, fazer parcerias com pessoas de outros territórios dentro da própria Amazônia, para que a gente possa construir narrativas plurais, diversas e mostrando o mesmo problema sob diferentes perspectivas, mas também as possíveis soluções”, destaca o jornalista.

Imagem: Daniel Nardin/Acervo pessoal

Jornalismo de soluções: uma abordagem possível

Não é novidade que o território amazônico enfrenta diversas ameaças ambientais e às suas populações tradicionais. Nesse cenário, há diversas abordagens possíveis sobre tais temáticas, e uma delas é desenvolvida pelo jornalismo de soluções.

Daniel Nardin explica que o jornalismo de soluções é uma perspectiva de abordagem de construção de narrativa que já existe há um bom tempo e que tem ganhado muita força no Brasil e na América Latina. Ela tem sido vista como uma possibilidade de trabalhar um problema, mas a partir de uma resposta. 

O jornalismo de soluções é constituído de quatro pilares de atuação. O primeiro pilar busca identificar, mostrar e jogar luz em um problema focando em uma resposta. O segundo pilar é baseado em evidências, ou seja, números, relatos, depoimentos, entre outros. O terceiro pilar consiste em conhecimento, é o detalhamento da resposta.

“Eu tenho que mostrar como aquilo está sendo feito, de forma que esse conhecimento detalhado do que está sendo feito inspire outras iniciativas semelhantes para ter, justamente, replicação”, explica o jornalista.

Imagem: Daniel Nardin/Acervo pessoal

O quarto pilar são as limitações. São os entraves enfrentados pela solução abordada para que ela seja mais replicada ou mais efetiva. São as dificuldades encontradas no caminho.

Os quatro pilares do jornalismo de soluções, quando explorados por comunicadores locais, permitem o desenvolvimento de conteúdos sobre o território que vão além de somente expor um problema, e permitem que as informações abordadas iniciem diálogos sobre as possibilidades de ações efetivas.

“É muito coerente mostrar sim os nossos problemas, mas a partir de respostas, para que mais pessoas entendam que a solução da Amazônia está com os amazônidas”, conclui o jornalista.

 

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