A Amazônia é a maior floresta tropical úmida do mundo. Sua área aproximada é de 6,74 milhões de km2. Sua extensão passa por oito países – Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Venezuela e Suriname mais o território da Guiana Francesa – sendo que mais de 60% do bioma se concentra no Brasil, que abriga mais de 4 milhões de km2 da Amazônia. O lugar é grandioso em extensão, biodiversidade, recursos naturais, cultura e valor econômico, importantes e de interesse para todo o planeta.
Ainda que sua importância tenha ganhado bastante espaço em discussões atuais, a Amazônia continua enfrentando diversos aspectos relacionados ao desmatamento como derrubadas, queimadas, grilagem, garimpo ilegal, contaminação de rios por poluição e mineração, invasão ilegal do território, entre tantos outros que futuramente podem levar a um ponto de inflexão, ou seja, a um ponto de mudanças ecológicas irreversíveis. As ameaças afetam diretamente um dos mais importantes ecossistemas: a floresta Amazônica abriga cerca de 10% de toda a biodiversidade conhecida do mundo e 25% da biodiversidade terrestre. Além disso, a Bacia Amazônica preserva o maior sistema fluvial do mundo, composto pelo Rio Amazonas, que é o segundo maior rio existente no planeta.
A preservação da Amazônia envolve também questões não só ambientais, como de saúde pública. O desmatamento, por exemplo, aproxima os seres humanos de espécies selvagens. E há conexão entre a degradação ambiental causada por ações humanas e as epidemias e pandemias, já que estas podem ser causadas por vírus transmitidos por espécies selvagens, principalmente roedores, pássaros e morcegos. Mais de 30% das novas doenças relatadas desde 1960 estão associadas ao desmatamento. É o que afirma o relatório “Equilíbrio Delicado para a Amazônia Legal Brasileira – Um Memorando Econômico”, divulgado este ano pelo Banco Mundial.
A alta diversidade de espécies selvagens hospedeiras de vírus e taxas crescentes de desmatamento – ambos presentes na Floresta Amazônica brasileira – são comuns aos focos de doenças emergentes. “Atualmente, a Amazônia ainda é considerada uma área de baixo transbordamento zoonótico, mas isso pode mudar se o desmatamento não for controlado”, diz o estudo.
Além de abordar pontos sobre sustentabilidade e desenvolvimento, a divulgação produzida pelo Banco Mundial trata principalmente dos aspectos econômicos relacionados diretamente com a preservação da Amazônia, fazendo levantamentos de estimativas do valor atual deste bioma.
Amazônia em pé: uma bem valioso
A preservação da Amazônia apresenta vantagens que vão além do óbvio benefício ao meio ambiente. De acordo com o levantamento do Banco Mundial, o valor da floresta em pé no Brasil é estimado em mais de US$ 317 bilhões por ano, equivalente a até sete vezes mais que o valor estimado da exploração privada ligada à agricultura extensiva, à exploração madeireira ou à mineração.
Outros valores relacionados a manter a floresta preservada também estão na casa dos bilhões. O Banco Mundial afirma que “o valor anual de armazenamento de carbono é estimado em US$ 210 bilhões, com o valor de opção e existência ligado à biodiversidade e cobertura florestal somando outros US$ 75 bilhões”. Além disso, os valores de uso privado sustentável da floresta em pé, como, por exemplo, a produção de produtos não madeireiros ou o turismo sustentável, são estimados em US$ 12 bilhões anuais.
O valor da floresta em pé inclui ainda seus serviços ecossistêmicos, estimados em US$ 20 bilhões anuais. “Esses serviços incluem a chuva necessária para a agricultura da região e a proteção contra a erosão do solo e os incêndios”, exemplifica o relatório.
O regime de chuvas de todo o país é dependente da Amazônia. Ela é responsável pelo fenômeno dos “rios voadores”, que consistem em cursos de vapor de água na atmosfera que levam a umidade da Bacia Amazônica para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, onde se transformam em chuva, impactando o clima das regiões.
Populações da Amazônia
A questão cultural na Amazônia é outro ponto que mostra sua importância no Brasil. Segundo a organização WWF, a Amazônia brasileira é lar de aproximadamente 30 milhões de brasileiros, nos quais estão incluídos mais de 220 grupos indígenas, além de comunidades tradicionais e ribeirinhas que carregam uma grande pluralidade cultural.
As populações indígenas, por exemplo, são grandes aliadas na preservação da Amazônia. De acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), a maior parte das Terras Indígenas (TIs) se encontram na área da Amazônia Legal. Um levantamento feito pelo Mapbiomas, lançado em 2023, mostra que as Terras Indígenas ocupam 13% do território brasileiro, estando entre as categorias fundiárias mais conservadas no país.
“No Brasil, de 1985 a 2022, as TIs perderam menos de 1% de sua área de vegetação nativa, enquanto nas áreas privadas foi 17%”, descreve o estudo.
A proteção tanto dos Territórios Indígenas quanto da área da Amazônia Legal como um todo está entre os fatores que influenciam a sobrevivência da população moradora desta área. Estudos recentes já indicam as consequências do garimpo ilegal para as comunidades indígenas, como a contaminação por metais pesados, proliferação de doenças, e crises humanitárias como a que afeta os Yanomami. Além disso, a cultura e sobrevivência das comunidades tradicionais dependem do uso dos recursos naturais da região, de modo que o futuro destas populações e da biodiversidade da Amazônia Legal dependem de planos e ações de desenvolvimento sustentável e exploração consciente dos recursos naturais da região.
*O Mercadizar não se responsabiliza pelos comentários postados nas plataformas digitais. Qualquer comentário considerado ofensivo ou que falte com respeito a outras pessoas poderá ser retirado do ar sem prévio aviso.