Thaís Andrade; 10/10/2023 às 15:00

Arqueira indígena amazonense disputa vaga para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris

Em 2019, durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, Graziela fez história como a primeira mulher indígena a compor a Seleção Brasileira na modalidade de tiro com arco

Os Jogos Olímpicos de Paris, o maior torneio esportivo do mundo e que, a cada quatro anos, reúne os jovens atletas mais promissores da atualidade. Entre tantos nomes, um dos mais cotados é da indígena amazonense Graziela Paulina dos Santos, mais conhecida como “Yaci”, que recentemente conquistou a vaga parcial para representar o Brasil nos combates de Tiro com Arco, durante a Seletiva Adulta Recurvo 2024.

Nascida na comunidade Nova Kuanã, localizada às margens do Rio Cuieiras, zona rural de Manaus (AM), Graziela é uma atleta de alto rendimento do povo indígena Karapanã.

Imagem: Campeonato Brasileiro de Tiro com Arco/Divulgação

Em 2019, durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, Graziela também fez história como a primeira mulher indígena a compor a Seleção Brasileira na modalidade de tiro com arco.

Desde a última Olimpíadas, ela é cotada para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris, mas a conquista da vaga parcial veio na última semana, durante a Seletiva Adulta Recurvo 2024, realizada em Maricá, no Rio de Janeiro, pela Confederação Brasileira de Tiro com Arco (CBTARCO).

Os mais de 600 pontos conquistados na seletiva renderam à atleta o terceiro lugar e a oportunidade de compor a Seleção Brasileira que vai em busca de uma vaga nas Olimpíadas de Paris.

Antes disso, em setembro, ela conquistou a medalha de prata e o título de vice-campeã do Campeonato Brasileiro de Tiro com Arco 2023, na categoria individual feminina. Mais de 200 atletas de 14 estados brasileiros participaram da disputa na cidade de Maricá (RJ).

Na visão de Graziela, os resultados são frutos do seu esforço e do apoio que recebeu.

“Eu fiquei muito feliz pela conquista da medalha de prata e o título de vice-campeã brasileira de 2023. Isso foi muito importante, pois já fazia dois anos que eu não tinha resultados assim. Depois da pandemia [de COVID-19], eu tive uma queda de rendimento, fiz ajustes na técnica e passei por uma perda pessoal muito grande. Eu me dediquei e treinei muito para chegar nesses resultados. Estou muito grata por todo apoio que recebi nesta caminhada. É um sentimento recompensador por eu não ter desistido de tentar”, destaca.

Imagem: Campeonato Brasileiro de Tiro com Arco/Divulgação

Graziela faz parte do Projeto Arquearia Indígena, voltado a jovens de comunidades do Amazonas. A iniciativa é da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), com apoio da Fundação Amazonas de Alto Rendimento (FAAR) e da Federação Amazonense de Tiro com Arco (Fatarco).

Atualmente, com apoio da FAS e da Bemol, ela segue se dedicando no Centro de Treinamento da CBTARCO, localizado no interior do Rio de Janeiro. Segundo ela, o objetivo é conquistar o espaço em direção à França.

“Agora sigo no aguardo da convocação oficial. Vou para Manaus, no final de outubro, rever minha família, e depois retorno para integrar e treinar com a Seleção Brasileira. Estarei com foco total para estar na equipe que irá competir pela vaga Olímpica de Paris 2024”.

Para a supervisora da Agenda Indígena da FAS, Rosa dos Anjos, os resultados são frutos da colaboração e, principalmente, do esforço de cada atleta.

“Tivemos um bom resultado, ressalto que poderia ter sido bem melhor se os atletas tivessem apoio e melhores condições de treinamento, já estão há quase dois anos sem projeto pela Lei de Incentivo ao Esporte, não têm local apropriado para treinar na Vila Olímpica aqui em Manaus. Chegaram a esses resultados por comprometimento deles mesmo, são guerreiros e resistentes. Por isso que falo que o resultado poderia ser melhor, imagina esses curumins e essa cunhã com equipamentos bons, local adequado para treinar? Ninguém seguraria eles!”, declarou.

 

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