Tuane Silva; 09/06/2022 às 15:30

Segundo pesquisa, mais de 30 milhões de brasileiros passam fome

Segundo Rodrigo Afonso, da ONG Ação da Cidadania, a situação atual do Brasil não pode ser explicada apenas pela pandemia

Segundo a pesquisa Vigisan (Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil), divulgada esta semana, 33,1 milhões de brasileiros, o equivalente a 15,5% da população, estão passando fome. Esse número quase duplicou em menos de dois anos.

Foto: Reprodução/ Internet

O levantamento foi realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), que mostrou que, em 2020, quando foi realizada a primeira pesquisa deste tipo, eram 19 milhões de pessoas vivendo insegurança alimentar grave no Brasil (9,1% da população).

O IBGE fazia pesquisas com a mesma metodologia desde 2004, porém, desde 2018, não realizou mais o levantamento, impossibilitando a comparação. O novo inquérito foi conduzido pelo instituto Vox Populi entre novembro de 2021 e abril de 2022, com visita a 12.745 domicílios de 577 municípios nos 26 estados e no Distrito Federal.

A pesquisa revela que mais da metade (58,7%) da população brasileira convive com insegurança alimentar em algum grau. São 125,2 milhões de brasileiros preocupados por não ter o que comer no futuro, ou que já estão passando fome.

Foto: Divulgação

Os pesquisadores também destacam que as famílias negras e chefiadas por mulheres são as mais atingidas:

  • 65% dos domicílios comandados por pessoas pretas e pardas convivem com restrição de alimentos em qualquer nível.
  • 63% dos lares com responsáveis mulheres apresentaram algum patamar de insegurança alimentar.

Uma das novidades desta edição da pesquisa foi a análise da relação entre insegurança hídrica e alimentar, revelando que, das casas com dificuldades no abastecimento de água, 42% passam por situação de fome.

E a fome tem endereço. Os registros mostram que a insegurança alimentar atinge as maiores parcelas da população no Norte (71,6%) e no Nordeste (68%). Segundo Rodrigo Afonso, diretor-executivo da ONG Ação da Cidadania, a situação atual do Brasil não pode ser explicada apenas pela pandemia, já que os dados mostram que a fome vinha crescendo antes disso.

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