Isabella Botelho; 24/03/2020 às 18:00

O impacto de uma quarentena na saúde mental

Além dos infectados pelo vírus, a pandemia também causa impacto negativo na saúde mental

Os casos de infecção por coronavírus continuam a se espalhar pelo Brasil e pelo mundo. Em resposta, os governos e organizações de saúde compartilham diariamente as recomendações para, de alguma forma, suavizar a transmissão do covid-19. Algumas dessas práticas sugerem suspender os eventos públicos e evitar aglomerações de pessoas. Nas redes sociais, uma campanha intensa pelo distanciamento e pelo isolamento social tem sido discutida e cada vez mais incentivada. 

A saúde física da população infectada com o vírus é a preocupação mais urgente da pandemia, mas não é a única. Os desdobramentos da crise também causam impacto negativo na saúde mental das pessoas. Agora, para ansiosos ou não, chegou o período de quarentena. Muitas empresas, inicialmente, mandaram seus funcionários trabalharem de casa e, agora, o isolamento social da população em geral já é recomendado. Sabemos que o isolamento social é um privilégio de classe e que muitos trabalhadores simplesmente não podem deixar de trabalhar pela sua sobrevivência, outros precisam atuar na primeira linha de enfrentamento ao vírus (médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, por exemplo) e muitos trabalham para que estejamos bem em casa (servidores públicos, jornalistas e profissionais dos serviços essenciais como fornecimento de água e energia). O bom senso pede que, por eles e por nós mesmos, não vamos para festas, eventos, restaurantes e evitemos qualquer tipo de aglomeração. Mas os dias em casa se tornam cada vez mais difíceis. 

Você está enviando um e-mail, preenchendo uma planilha ou regando as plantas. De repente, começa: angústia, coração acelerado, mão suando, medo, aperto no peito e uma vontade de sair correndo. Só quem sofre de ansiedade reconhece e sabe o peso que cada um desses sintomas carrega. Eles chutam a porta e abrem uma fábrica de pensamentos provida de uma criatividade impressionante. Em uma rotina que já é marcada pelo bombardeamento constante de informações e incertezas a respeito dos cenários local e mundial, soma-se a falta de convívio social decorrente da necessidade de diminuição do contato para conter a propagação do vírus. Essa é uma receita que pode afetar o psicológico de diversas formas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um guia com dezenas de recomendações, dirigidas a diferentes grupos, de como enfrentar as consequências psicológicas da pandemia. Nas redes sociais, o debate sobre ansiedade na quarentena tem sido amplamente discutido. Muitas pessoas têm publicado listas de livros, filmes e séries para os outros assistirem e não sofrerem tanto com o distanciamento social. 

Reunimos abaixo as principais indicações desses materiais sobre o que fazer para cuidar desse aspecto da saúde:

Consumo de informação

Limitar o tempo gasto acompanhando notícias sobre a pandemia. A OMS recomenda procurar atualizações em horários definidos, apenas uma ou duas vezes por dia, por exemplo. Sempre procure se informar através de fontes confiáveis. 

Rotina

Manter uma rotina tanto quanto possível, executando tarefas diárias. Incluir uma variedade de momentos de relaxamento.

Saúde e bem-estar

Manter uma dieta saudável, fazer exercícios físicos mesmo dentro de casa, permanecer hidratado e ter contato com a luz do sol sempre que possível. 

Comunicação com familiares e amigos

Utilize a tecnologia para se aproximar das pessoas. Por mais que o isolamento social seja frustrante, vivemos uma era em que a tecnologia é capaz de ajudar a superar esse momento. Mantenha contato com sua família e os amigos através de todos os meios disponíveis. Engaje a própria família para compartilhar informações confiáveis sobre prevenção.

Estamos vivendo uma situação em que não há espaço para egoísmo. As palavras da vez são “empatia” e “consciência coletiva”. Muitos de nós nunca vivenciou uma crise como esta e estamos todos muito assustados. No entanto, precisamos manter a calma. A pandemia do covid-19 chegou e não apenas nos lembrou da nossa fragilidade, mas também que se não colocarmos o outro em primeiro lugar agora, todos sairemos perdendo.

Por mais que o isolamento social afete a saúde mental e faça as pessoas se sentirem sozinhas, é necessário trabalhar a ideia de que este é um momento delicado pelo qual todos devemos passar juntos. Durante essa pandemia, procure cultivar pensamentos positivos. Afinal, só há um caminho para superarmos isso: lutando juntos e pensando no outro.

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