O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição caracterizada por problemas na comunicação, na socialização, no comportamento e na capacidade de aprendizagem.
Em entrevista ao Mercadizar, a psicopedagoga Marcely Rodrigues ressaltou que nenhum autista é igual ao outro. Dentro do espectro existem diferentes variações do tipo e níveis de autismo: enquanto algumas pessoas com TEA podem viver suas vidas de maneira independente, outras precisam de auxílio e acompanhamento. No entanto, algumas características e comportamentos são comuns à maioria dos autistas.
“Existem diferentes níveis no TEA, porém existem aquelas características que são comuns a todos, como a comunicação, a interação social, os comportamentos repetitivos e restritos”, explica.
Proprietária de uma clínica focada no desenvolvimento infanto juvenil, a Sapere, Marcely conta que quase 80% das crianças atendidas são autistas. Para atendê-los, possui uma equipe multidisciplinar, composta por psicóloga, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, psicopedagoga e nutricionista.
Considerando que a relação com o outro é uma dificuldade para o autista, a comunicação é um dos aspectos mais afetados pela condição, interferindo também na interação social. Diante disso, a comunicação é essencial e deve ser estimulada desde a infância ou desde quando o diagnóstico é recebido. Existem terapias que trabalham o comportamento verbal, aliados à fonoaudiologia.
“Geralmente, o comportamento verbal no autista é alterado, o comunicar com outro é difícil para ele, porém a comunicação vai além da fala. Existe terapia para trabalhar o comportamento verbal. A fonoaudióloga é fundamental neste processo, mas o trabalho tem que ser em parceria com outros terapeutas”, completa Marcely.
Com a ajuda da psicopedagoga, organizamos algumas dicas para se comunicar com autistas de maneira efetiva:
- Seja direto: evite metáforas ou falas abstratas. Utilize frases curtas;
- Use uma linguagem concreta, clara e direta;
- Exagere o tom de voz quando quiser enfatizar uma mensagem;
- Faça perguntas que precisam de uma resposta objetiva;
- Estimule o contato visual;
- Se falar não funcionar, tente escrever: para o autista, redigir pode ser uma maneira mais confortável de manter uma conversa;
- Fique atento aos sinais não-verbais: com dificuldades na fala, muitos desenvolvem outras maneiras de se comunicar;
- Dê espaço para que ele fale: falar pode exigir tempo e uma reflexão;
- Contextualize sua fala: o que parece óbvio pra você, pode não ser para um autista.
Outra questão que deve ser ressaltada é a presença de autistas nas escolas, sua educação e a importância da socialização, conforme explica Marcely. “Na escola, as crianças vão ter oportunidade de estarem com seus pares, assim eles poderão observar e tentar imitar os mesmos. A escola é uma parte fundamental para a socialização da criança com autismo, pois as crianças típicas vão ajudar muito neste processo”.
Mesmo hoje, pessoas com TEA são frequentemente sujeitas à estigmatizações capacitistas, preconceitos e violações de direitos vindos de pessoas que demonstram pouco entendimento sobre o autismo – muito por desinformação e mitos que cercam a condição, como também por falta de interesse. Nossa sugestão é: procure compreender termos básicos relacionados ao autismo e consuma conteúdo produzido por autistas.
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