Hilana Rodrigues; 10/08/2021 às 12:00

Você já ouvir falar sobre FOMO?

A ansiedade relacionada ao mundo das redes sociais

FOMO é a sigla para expressão em inglês “fear of missing out”, que em português significa “medo de ficar de fora”, é a necessidade frequente de saber o que as outras pessoas estão fazendo.

Basicamente, quem sofre desta condição tem o sentimento ou percepção de que as outras pessoas na internet estão se divertindo mais, tendo vidas melhores e experiências mais interessantes que as suas.

Você pode pensar que é apenas uma forma de procrastinar ou se distrair com as redes sociais, procurando uma espécie de “fazer nada” enquanto acompanha a vida virtual dos outros, porém, o FOMO é associado a ansiedade, o que impacta fortemente nas atividades de vida diária, produtividade no trabalho e aumento  do estresse.

Segundo a psicóloga Jéssica Magaly, formada pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e estudante de especialização em Psicologia Clínica de Base Fenomenológica- Existencial (Instituto de Ensino Vision), a condição é mais comum entre jovens e adultos por ser uma faixa etária ligada a tecnologia digital.

“As pessoas com esta condição se sentem obrigadas a acompanhar o movimento das pessoas ou a estar sempre conectadas, justamente para não perder nenhuma novidade e não perder as boas experiências que outras pessoas estão tendo”. 

Causas, sintomas e tratamento

Comum entre os 16 a 36 anos, as pessoas que têm FOMO, acabam sentindo uma necessidade constante em se atualizar sobre o meio social, que pode ocorrer por razões decorrentes de conflitos familiares, autoestima e crises de identidade.

Na inquietação devido a insegurança de viver offline enquanto outros podem estar aproveitando algo que está em alta, o indivíduo que a possui não consegue exercer o direito de escolha, por ficar analisando prós e contras e não consegue decidir o melhor para si.

Ao se comparar com outras pessoas, gera insatisfação não só com a própria vida e aparência, mas agrava os problemas de autoestima associado aos relacionamentos familiares, sociais e românticos.

Segundo Jéssica, por ser associado a uma ansiedade para viver o social, o comportamento se dá parecido a um vício em redes sociais.

“Algumas das características são: extrema necessidade de estar conectado a todo instante, dificuldades em se manter off-line, além de está sempre olhando se não há uma notificação nova no telefone, ocasionando na perda de experiência de viver os momentos por estar gravando ou tirando fotos”, afirma.

A psicóloga também comenta sobre a irritabilidade e mau-humor frequente que podem ser causados pela ansiedade de querer estar saindo ou aceitando convites para sair, mesmo que isso seja um prejuízo financeiro “pois, não quer perder as coisas boas da vida”.

Por se tratar de um comportamento que traz prejuízos psicológicos, a recomendação é que quem suspeitar estar sofrendo de FOMO deve buscar e priorizar a ajuda de um profissional, visto que o diagnóstico, feito pelo psicólogo, confirmará a presença do FOMO ou outra possível ansiedade.

FOMO na pandemia

Não só presente nas redes sociais, esta fobia pode ser encontrada em outros cenários, como, por exemplo, ser a única pessoa que não possui uma peça de roupa da moda ou está acompanhando um reality show.

A ausência de mobilidade e convívio social causado pela pandemia de Covid-19, trouxe a sensação de que perdemos momentos festivos e interação presencial, assim como a perda de um tempo de vida que não poderá ser recuperado.

Com a recomendação de não sair de casa veio o maior acesso as redes sociais, porém, ao acompanhar alguns influenciadores e vê-los viajando mesmo durante uma pandemia, interagindo e recebemos presentes é possível imaginar que pessoas que possuem FOMO se sentiram, mais do que nunca, reclusas a uma vida razoável.

“Para as pessoas que sofrem de FOMO a pandemia poderia ter acentuado essa sensação de que se estava perdendo experiências boas com a vida, até mesmo porque muitas pessoas perderam entes queridos, então sempre fica aquele questionamento de que faltou tempo para aproveitar ao lado das pessoas que se ama”.

Com o acompanhamento frequente de personalidades na mídia, Jéssica ressalta para os possíveis gatilhos que influenciadores podem causar em seus seguidores, visto que muitas pessoas começam a comparar as vidas com a de outras pessoas e sentir que precisam estar em tal lugar, ter devido corpo e padrões que raramente consideram a pluralidade das pessoas que as acompanham.

“Acompanhar blogueiro(a) pode ter acentuado os problemas de autoestima que muitas pessoas (não somente as que possuem FOMO) apresentam, visto que elas pessoas apresentam um mundo lindo, cheio de viagens, recebidos, amigos e festas, que também traz essa sensação de ‘Caramba! Eu não estou vivendo o suficiente!”, comenta a psicóloga.

O que fazer para evitar o FOMO

Entre as medidas para se evitar ou tratar o FOMO está a principal: que é diminuir o uso das redes sociais, de forma gradativa e claro, com o acompanhamento profissional especializado.

Sabemos que hoje é praticamente impossível viver sem as redes sociais e que muitas pessoas encontram nela uma ferramenta de trabalho, por isso mesmo é necessário estar atento ao seu consumo e estabelecer horários para navegar nas redes”, recomenda.

Outras atividades distrativas que não envolvam redes sociais são fundamentais para a saúde mental não só de pessoas que convivem com FOMO, mas para todos, como ler livros, a preferência é que seja físico, tocar um instrumento musical e até brincar com os pets.

Evitar postar nas redes sociais enquanto realiza tais atividades é fundamental para assim sentir que vivencia os momentos, além de lembrar que nem todas as expressões vistas em outros perfis são genuinamente reais.

*O Mercadizar não se responsabiliza pelos comentários postados nas plataformas digitais. Qualquer comentário considerado ofensivo ou que falte com respeito a outras pessoas poderá ser retirado do ar sem prévio aviso.