Mafê Santana; 27/08/2025 às 12:29

Rakel Caminha lança ‘Territórios de Mim’ e transforma vivências da mulher amazônida em poesia

O livro reúne 40 poemas ilustrados e destaca a força, memória e identidade da mulher amazônida, com lançamento marcado em Manaus

A multiartista Rakel Caminha lança no próximo sábado, 6 de setembro, às 11h, no Palácio da Justiça, em Manaus, o livro “Territórios de Mim”. A obra reúne 40 poemas ilustrados e nasce como fruto de um processo criativo que sempre teve a escrita como parte essencial.

Rakel explica que a palavra acompanhou sua trajetória artística de forma natural, seja antes ou depois de finalizar uma criação. “É uma forma de registro para mim. Seja em poemas, haicais ou pensamentos soltos, a escrita sempre pulsou junto da imagem”, diz.

Poesia e artes visuais em diálogo

Esse diálogo entre palavra e imagem já se fazia presente em trabalhos anteriores, como a exposição “Tatuagem”, realizada em 2017 no Sesc-AM. Na mostra, a artista combinava colagens visuais com poemas, explorando uma estética transmídia.

O movimento se aprofundou ainda em projetos como “Mulher-Folha”, onde a poesia ganhou centralidade. Com “Territórios de Mim”, essa trajetória ganha forma definitiva em livro.

“Depois dessas exposições, surgiu o desejo de reunir tudo em um projeto. A palavra já estava viva, era só dar forma e entregá-la ao mundo”, explica Rakel.

Geografias íntimas e coletivas

Nos poemas, Rakel explora temas que transitam entre o íntimo e o coletivo. Reflexões sociais, críticas, dores e encantamentos dividem espaço com impressões cotidianas e imagens da Amazônia. Elementos do território, como o Rio Negro, aparecem como metáforas para falar de ausência, memória e pertencimento.

O título sintetiza essa experiência. “Escolhi o nome Territórios de Mim porque acredito que cada poema é um passeio pela geografia do íntimo. Do que sinto, e que muitas vezes é um sentimento universal, compartilhado”, destaca a autora.

As ilustrações presentes no livro, segundo Rakel, não apenas acompanham os textos, mas ampliam interpretações, convidando o leitor a criar novas leituras e reflexões.

Uma obra feita por mulheres

territórios de mim
Crédito: Divulgação

Outro aspecto central do projeto é a ficha técnica inteiramente composta por mulheres. Para Rakel, trata-se de um gesto político e simbólico.

“Significa viabilizar um espaço onde vozes e personalidades femininas ecoem e exerçam seus talentos. É tempo de ouvir suas vozes”, afirma.

O livro contou com o apoio do coletivo Enluaradas, formado por escritoras com quem a artista compartilha afetos e trajetórias. Entre elas, Rita Alencar Clark, responsável pelo prefácio, Myriam Scotti, autora da orelha, além de outras parceiras que participaram do processo criativo e editorial.

Literatura como resistência

Mais do que um livro de poemas, “Territórios de Mim” nasce como afirmação da presença feminina na literatura e nas artes visuais da Amazônia.

“Uma mulher produzindo, uma artista do Norte que se reafirma e reinventa no fazer artístico, é um ato revolucionário. Quando a voz de uma mulher ecoa, ela cria caminhos para que as vozes de outras ecoem também”, reflete Rakel.

A expectativa da autora é que a obra emocione e dialogue com diferentes públicos. “É para quem gosta de literatura, de artes visuais, de cultura em geral. Um passeio por pensamentos e batimentos, guiado pelo eu lírico”, conclui.

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