Thaís Andrade; 11/11/2022 às 10:00

Raidol lança disco de estreia ressaltando sua veia nortista

‘Mandinga’ traz ritmos do Norte, feats com artistas da região e muita cultura amazônida

Raidol lançou seu primeiro disco autoral, intitulado “Mandinga”, no dia 9 de novembro. O artista descreve o trabalho como “uma encantaria amazônica, preparada para enfeitiçar o Brasil com muitas músicas de amor, trazendo a junção do antigo com o contemporâneo, sendo um marco para música pop amazônica”. 

Crédito: Duda Santana

Ao longo do disco, Raidol prepara misturas diversificadas, sem perder a essência nortista que tanto preza. Ritmos como pisadinha, house, eletrocumbia, carimbó, surf music e guitarrada costuram as narrativas apresentadas pelo artista. A produção musical do disco foi feita por Marcel Barretto, dono do Studio Budokaos, e teve coprodução de Will Love e masterização e mixagem de Florencia Saravia-Akamine, além da colaboração de outros artistas, como Kikito e Marcio Jardim.

Reafirmando sua luta de desenvolvimento cultural nortista, a equipe é majoritariamente formada por mulheres, pessoas LGBTQIAP+ e amazônidas – além dos feats, que foram escolhidos de maneira fora do eixo, objetivando a interação entre artistas da região. Sendo assim, o disco também conta com a participação de sete artistas autorais, espalhados entre Belém e Santarém, no Pará, Manaus e Amazonas.

A direção de arte foi assinada por Vinny Araújo; a beleza, por Maluzi; o figurino, idealizado e confeccionado pela marca BaBildri (Bruno Sacramento e Luiz Cordeiro); e as fotos, feitas por Duda Santana.

O conceito desenvolvido para a estética do projeto, é, segundo o diretor de arte, “pensado de forma quase que mística. E não poderia ser diferente, visto que ‘Mandinga’ fala da vivência do Raidol enquanto umbandista e amazônida. Morar na Amazônia é estar imerso num universo de lendas, magia e encantaria. E isso atravessa o religioso, é cultural! Lidamos com mandingas, com ervas para cura, ensinamentos repassados por gerações. Dito isto, a imagem é uma ode a Exu, orixá da comunicação e protetor de Raidol nos palcos e em sua carreira. Exu abre os caminhos, e, sendo este o primeiro álbum dele [Raidol], nada mais justo. A cenografia é inspirada em teatros e tem um ar meio medieval, meio místico. A direção de arte e o figurino foram bem alinhados desde o início da criação, tanto que o tecido escolhido foi utilizado tanto no cenário quanto pro figurino. Um veludo molhado vermelho, lembrando o cravo, flor do Orixá”.

Após meses de preparação, a mandinga de Raidol chega a sua conclusão e será distribuída para todo o Brasil através da ONErpm, contando com visualizers de todas as faixas. 

“Fazer um disco autoral, no Norte do país, é produção de guerrilha. Fazer um trabalho inteiro, pensando detalhadamente nos conceitos, nas nuances, com uma equipe que acredita no nosso potencial juntes, e acredita que o Norte é o caminho para um novo manifesto artístico e cultural no país, é um privilégio, e pude tê-lo graças ao Edital Natura Musical, através da Lei Semear. Mais estados do Norte precisam desse incentivo, e tento ser um catalisador para essa descentralização”, conclui Raidol.

O Norte é agora

“Resolvi criar sete playlists após uma pesquisa antropológica pessoal, onde pude mapear artistas de toda a Região Norte brasileira, com a ajuda de pessoas incríveis de cada região (todos também artistas). O Norte ainda é esquecido, mas explorado pelo restante do país. Nós não interagimos, nós não nos escutamos e potencializamos nossas barreiras geográficas.”

“Após essa pesquisa, eu entendi a potência cultural que existe dentro do Norte e pude concluir que a cultura é o caminho para melhores condições econômicas e sociais. Precisa ter investimentos dentro dessa área, gerar empregos e fomentar que mais pessoas continuem fazendo arte com recursos e dignidade. ‘O Norte é agora’ é um projeto de retomada; retomada de um eixo que carece de atenção e carece de desenvolvimento. Buscamos nossas respostas dentro da nossa região, e, através da arte, tento unir nossos estados.”, explica Raidol.

Curadorias das playlists por:

Pará: Raidol 

Amazonas: Raidol e Luli Braga 

Amapá: Raidol e Jhimmy Feiches

Roraima: Raidol e Peter is shy 

Rondônia: Raidol e Gabriê 

Tocantins: Raidol e Samuel (banda Sopru) 

Acre: Raidol e Duda modesto

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