Thaís Andrade; 28/05/2024 às 18:07

Plano de Salvaguarda do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins defende manifestação cultural nas escolas

O Plano de Salvaguarda é o documento que servirá de referência para as ações e políticas voltadas ao bem cultural

Assegurar a participação das crianças nas diversas manifestações e práticas do Boi Bumbá desde a escola tradicional até as escolas de arte e, assim, garantir a manutenção do bem para as atuais e futuras gerações. Essa foi uma das tarefas apontadas no Plano de Salvaguarda elaborado e finalizado por representantes de grupos do Boi Bumbá de dez municípios que participaram das oficinas do Complexo do Boi-bumbá do Médio Amazonas e Parintins. 

“Passar o conhecimento, a história, os valores e as tradições de geração a geração por meio das crianças é uma forma de manter viva essa manifestação cultural”, disse a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) no Amazonas, Beatriz Calheiro.

Imagem: Divulgação/Iphan

O Plano de Salvaguarda é o documento que servirá de referência para as ações e políticas voltadas ao bem cultural, além de garantir a participação democrática e a união de esforços dos vários segmentos – detentores, poder público, parceiros e sociedade em geral. O plano também permite a gestão compartilhada e inclusiva da salvaguarda do Complexo do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins. Agora, as contribuições para o documento seguem para análise do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) do Iphan que, posteriormente, deve oficializar a publicação do plano.

“Mostra que o Iphan acompanha, estimula e promove a cultura do boi bumbá nesse tripé de boi de terreiro, boi de rua e boi de arena, de forma participativa, democrática como transcorreu na execução da oficina”, conta o detentor Zé Monteverde, do Boi Garantido. 

A oficina para salvaguarda do bem cultural visou construir um planejamento que deverá ser conduzido por um coletivo deliberativo – eleito durante a reunião – para preservar o bem registrado no livro das celebrações. O encontro, realizado pelo Iphan, aconteceu no último final de semana, em Parintins, e reuniu detentores, técnicos do Instituto e representantes dos bois que ainda mantêm a tradição dos bois de rua, de arena e de terreiro em suas cidades.

Esse coletivo tem o compromisso de reunir-se para organizar como as ações definidas neste planejamento serão implementadas, incluindo articular e mobilizar os parceiros listados para cada atividade. A próxima reunião acontece no dia 14 de agosto.

Educação Patrimonial

As Escolinhas de Artes dos Bois Caprichoso e Garantido foram utilizadas como exemplos que devem ser retomados e multiplicados nos municípios, assim como a inserção dos Bois Bumbás no currículo escolar, através das mais diversas estratégias como encontros de trocas de experiências, cursos de formação musical, cultura popular, e também na escola com as feiras de ciência, mostras culturais, festivais folclóricos e datas comemorativas, contemplando as manifestações do Complexo do Boi Bumbá na sua diversidade e de forma transversal.

No plano também estão previstas a promoção e ampliação da valorização de compositores veteranos dos Bois e dos Mestres de cultura do Boi Bumbá, assim como a criação de cursos de formação associadas aos fazeres, saberes e tradições do Boi Bumbá, ministrados pelos próprios detentores, como oficinas de instrumentos musicais, produção de artesanato, produção do boi, produção de estandartes e indumentárias, alegorias, os múltiplos atos do Auto do Boi e demais ritos do Boi, com ênfase na reutilização de materiais e uso de materiais sustentáveis.

Representantes de 24 bois e das secretarias e coordenações de cultura de Parintins, Itacoatiara, Maués, Boa Vista do Ramos, Barreirinha, Nhamundá, Urucurituba e Manaus estiveram nas oficinas. As atividades contaram também com a participação de representantes das Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC), Amazonastur, Secretaria de Estado e Educação, UEA, IFAM, UFAM, Eneva e Organizações da Sociedade Civil.

 

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