Isabella Botelho; 17/06/2022 às 13:30

Grupo Jurubebas de Teatro estreia espetáculo na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé

Peça faz alusão à fome e ao desejo constante de mudanças

A partir desta sexta-feira, 17, até domingo, 19, o Grupo Jurubebas de Teatro apresenta o espetáculo “Tucumã & Buriti – As brocadas do Tarumã”, na comunidade de Julião, situada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, zona rural de Manaus. As apresentações acontecem sempre às 10h e têm entrada gratuita.

O espetáculo surgiu a partir do projeto “Fome de Quê”, que levou oficinas teatrais e colheu histórias dos moradores mais antigos da comunidade localizada na margem esquerda do rio Negro, e deu origem ao texto do dramaturgo sergipano Euler Lopes.

Na obra, duas irmãs que nasceram grudadas pelo umbigo, crias da comunidade ribeirinha de Julião, têm seus desejos de matar a fome: uma delas quer ficar, outra quer partir. Nisso, o rio Tarumã vira palco para a história das meninas Tucumã e Buriti, que suscitam o questionamento: até onde sua fome pode te levar?

Tucumã e Buriti (Foto: Larissa Martins)

A proposta de intercâmbio e formação foi realizada com a ida do dramaturgo para a comunidade, transformando elementos da vida cotidiana amazônida em cenas escritas ao calor do sol manauara. O projeto contemplado pelo prêmio Amazonas Criativo do Governo do Estado do Amazonas, através da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, proporcionou o encontro de diversas personalidades da nova geração da cena teatral amazonense, dando origem ao espetáculo “Tucumã & Buriti”, com direção assinada por Jean Palladino e produção de Felipe Maya Jatobá.

Tucumã é interpretada pelo ator Nícolas Queiroz, que traz uma personagem com raízes regionais e que não tem o desejo de sair da comunidade. Já Buriti, interpretada pela atriz Emily Danali, tem o desejo de se tornar uma estrela com as vendas de doces feitos da fruta que seu nome carrega. As duas cunhantãs dialogam sobre seus desejos distantes, mas ligados pelo umbigo.

“A proposta do diretor é trazer, para a rua, os elementos cíclicos da natureza e sua relação intrínseca aos acontecimentos narrados na peça. Trata-se de uma obra de origem popular, que bebe das referências da comunidade para mostrar o imaginário da própria comunidade. Aqui a ‘fome’ é tratada como um desejo de vida: coincidentemente, nosso país voltou ao mapa da fome no mundo, o que nos permite olhar de forma poética e concluir que a nossa fome é a fome de todos que desejam um mundo mais justo e de oportunidades iguais para todos”, declara Felipe Maya Jatobá.

Os figurinos trazem releituras em colorações simbólicas, relembrando objetos como as asas de um pássaro e a casca de uma tartaruga: tudo é reaproveitado e ressignificado para dar sentido ao teor econômico aplicado no discurso da cena. O som de beiradão faz parte da pesquisa musical realizada pelo diretor Jean Palladino, que compõe a sonoplastia do espetáculo.

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