Thaís Andrade; 11/04/2025 às 17:11

#MercadizarEntrevista: ‘Um Tom de Cinema’

Longa-metragem abordará a história de um dos maiores entusiastas do cinema amazonense

Para os amantes do cinema amazonense, o nome Tom Zé é familiar. Antônio José Vale da Costa, o famoso Tom Zé, tem uma trajetória que o coloca em destaque como um dos maiores entusiastas do cinema local. O professor aposentado do curso de Comunicação Social – Jornalismo, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), teve papel fundamental no cineclubismo no Amazonas e na influência da produção audiovisual do estado.

Arte: Mercadizar

Tom Zé fez parte de diversos cineclubes como o Cineclube da Aliança Francesa e o Cineclube Silvino Santos. Na lista, também consta o Cine & Vídeo Tarumã, fundado pelo professor, que continua em funcionamento na Ufam e foi porta de entrada para vários alunos da instituição no mundo cinematográfico.

Nas telas do cinema

A história de Tom Zé será contada por meio do longa-metragem “Um Tom de Cinema”, cujo roteiro é de autoria do publicitário, roteirista e produtor audiovisual Rod Castro. O projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo do Governo Federal, promovido por edital da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC/AM), Fundo Estadual de Cultura e CONEC, do Governo do Amazonas.

Tom Zé (Imagem: Rod Castro/Acervo pessoal)

Rod Castro contou ao Mercadizar sobre o desenvolvimento do roteiro do longa, a inspiração para a obra e sua amizade com o protagonista.

Mercadizar: Como surgiu a inspiração para o projeto?

Rod Castro: A minha história com o Tom Zé é a seguinte: eu comecei a trabalhar com comunicação há 25 anos, quando entrei na faculdade de Publicidade e Propaganda e no meu primeiro trabalho na área, que foi como produtor de rádio do programa Zona Franca, do jornalista Joaquim Marinho. O Joaquim percebeu minha predileção por cinema e me indicou ao Amazonas Em Tempo para escrever sobre o tema. 

No ano seguinte, em 2001, consegui um estágio na faculdade como operador do laboratório de rádio e, assim que abriu essa mesma vaga na Ufam, fui me candidatar e acabei conhecendo o Tom Zé. Troquei ideia mesmo com ele quando fui fazer pós-graduação de Cinema, em 2009, e o Tom Zé foi um dos meus professores.

Com o passar do tempo, fomos nos encontrando em eventos – como o lançamento do livro sobre cartões postais do Joaquim Marinho -, encontros sobre salas alternativas de cinema, e em evento que celebrava a obra do quadrinista Alan Moore.

Mas foi no velório do Joaquim que o Tom Zé encontrou comigo e me “cobrou” para que eu voltasse a produzir curtas ou obras audiovisuais. Eu tinha dado um tempo, assim como os membros do grupo de audiovisual do qual faço parte, o “Planos em Sequência”. E esse “impulso” do mestre fez a gente voltar a produzir.

Em 2020, venci dois editais da Lei Aldir Blanc e produzimos duas webséries: “Da ideia ao palco do Amazonas Film Festival”, que entrevista dez roteiristas vencedores do Amazonas Film Festival e como eles pensam roteiro; e “Sol, pipoca e Magia”, uma websérie que conta a história dos cinemas do bairro Centro que foram do Joaquim Marinho.

E, a partir desses dois projetos, fiz uma lista de pessoas e marcas sobre as quais eu estava interessado em fazer documentários. E a primeira pessoa que coloquei na lista foi o Tom Zé.

E foi assim que propus o projeto de roteiro para o longa-metragem “Um Tom de cinema”, um roteiro que contasse a vida desse importante personagem, formador de vários profissionais do audiovisual amazonense.

Gravação do documentário (Imagem: Rod Castro/Acervo pessoal)

Mercadizar: Tem previsão para o término do roteiro?

Rod Castro: Eu entrei em contato com ele [Tom Zé], que estranhou eu ter proposto a ideia. Ele não se vê como esse personagem importante, o que é bem natural já que é a vida dele, né? Mas acabou topando. Dei início à pesquisa, que foi colhida na fonte: entrevistei três vezes o professor. Cada entrevista com mais de uma hora e meia de depoimento.

Também falei com quatro ex-alunos dele. Alguns foram seus bolsistas no Cine & Vídeo Tarumã. Depois desses depoimentos, fiz o enredo e acredito que em mais de quatro meses trabalhei na confecção do roteiro.

Terminei a primeira versão entre o fim de novembro e início de dezembro de 2024. Revisei o texto e entrei em contato com três outros roteiristas amazonenses – Leonardo “Mancha” Mancini, Alexandre Santana e Emerson Medina – para eles me passarem seus pontos de vista e sugestões.

A cada conversa, surgiram sugestões, questionamentos e críticas. Já fiz esses ajustes com as observações dos dois primeiros e estou indo para o terceiro roteiro. Vou revisar novamente e chegarei à versão final. 

Farei a contraproposta, que é uma conversa com Tom Zé e mais alguns convidados. O assunto será o Cineclubismo no Amazonas. 

Imagem: Rod Castro/Acervo pessoal

Mercadizar: Qual a importância de contarmos as histórias dessas personalidades que influenciam a cultura do Amazonas?

Rod Castro: Eu entrei no audiovisual com o pensamento de realizar filmes de ficção. Fiz isso com meus “chapas” de audiovisual: Moacyr Massullo, Diego Nogueira, Emerson Medina e Leonardo Mancini. Vencemos algumas edições do saudoso Amazonas Film Festival e isso me fez perceber que havia toda uma “área de interesse” que eu deixei de lado: a de retratar ou documentar a vida da minha cidade, Manaus. Desde que fui pra esse lado documental e de pesquisa, parece que mais e mais novos personagens “surgiram” e, por isso, pelos próximos anos devo me dedicar ainda mais a contar a história de Manaus e de quem “faz a cidade”.

Imagem: Rod Castro/Acervo pessoa

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