O Hip Hop é um movimento social, político e cultural de expressão artística que surgiu na década de 70, e ao longo dos anos ganhou adeptos em todo o mundo por meio dos seus elementos, que são referentes a diversas linguagens. Tradicionalmente, consideram-se os elementos desse movimento o Grafite, o Rap, a pessoa DJ, MC, que produz conhecimento ou que dança break. 

No Brasil, a cultura Hip Hop deu seus primeiros passos no início da década de 80 por meio do Rap. Vale ressaltar que, apesar de ser um movimento internacional, sua expressão em solo nacional não se constituiu como mera cópia do estrangeiro; houve um processo de adoção de traços locais presentes nos guetos brasileiros e que foram adaptados aos diversos elementos do movimento no país. Além disso, pelas dimensões do território brasileiro e a sua pluralidade de culturas, o Hip Hop também foi sujeito aos diversos regionalismos do país.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo cientista social André Santos sobre as Batalhas de MC’s em Manaus, na Região Norte, em especial Manaus, pelo que se conhece e tem registrado, o Hip Hop surgiu nas zonas leste e oeste da cidade e ficou conhecido como ‘Movimento Hip Hop em Manaus’, ou M.H.M. Os participantes que integravam esse grupo atuam até hoje na promoção de projetos sociais voltados para a juventude das periferias de Manaus. 

Vale ressaltar que o contexto de surgimento e desenvolvimento da cultura do Hip Hop acontece frente a um cenário muito específico em todos os lugares do mundo. Pobreza, exclusão social, falta de direitos básicos e negligência da administração pública, junto à excessiva violência e alta criminalidade, fazem com que a juventude dos guetos ao redor do mundo tenham somente as ruas como opção de lazer. Desse jeito, o Hip Hop também funciona como alternativa cultural perante a vulnerabilidade econômica e sociopolítica. 

Difusão da cultura pelo mundo

Sem dúvidas, um dos principais elementos responsáveis pela distribuição da cultura Hip Hop pelo mundo é o rap, segundo dados do Spotify que apontam as músicas mais tocadas no ano, assim como álbuns e afins. Em meio a gêneros populares e artistas do pop, artistas de rap se destacaram e conseguiram lugares e números referentes ao topo. 

Além disso, dados apresentados pela consultoria BuzzAngle em 2018 mostram que nos Estados Unidos o rap foi o gênero mais consumido. No quesito álbuns, o rap atingiu 21,7%, seguido do pop (20,1%) e do rock (14%). Na divisão por músicas, novamente o rap se destaca, com 24,7%. Pop e rock atingiram 19% e 12%, respectivamente. Cerca de 92% dessa apreciação foi feita nas plataformas digitais, e somente 3,7% têm relação com a compra de discos. Por outro lado, o reflexo da ascensão do gênero musical também pode ser visto nas indicações ao Grammy, o maior prêmio da música, com muitas categorias sendo lideradas por rappers.

Embora muitos artistas de rap possuam carreiras consolidadas, em especial no Brasil, eles ainda sofrem boicotes da indústria em muitos aspectos. Mas vale lembrar também que, apesar disso, nos últimos anos o número de artistas de rap presentes em parcerias e publicidades de marcas aumentou. Outro fato importante e recente foi a grande presença desses artistas nos palcos do Lollapalooza Brasil, que aconteceu no final de março em São Paulo e é considerado um dos maiores festivais de música do mundo. 

Afinal, o que é o Hip Hop?

Como já mencionado, o Hip Hop é um movimento social, político e cultural de expressão artística que possui tradicionalmente 5 elementos: o Grafite, o Rap, a pessoa DJ, MC, que produz conhecimento ou que dança break. 

Embora muitos confundam-se achando que o rap e o Hip Hop são a mesma coisa, vale ressaltar que não são. O rap é o gênero musical da cultura Hip Hop. Além disso, outra confusão que acontece com frequência devido ao crescimento de seu consumo é em relação a subgêneros do rap, como o trap e o drill. Por isso, destaca-se também que o trap e o drill são subgêneros do rap, ou seja, também são vinculados à cultura Hip Hop.

E qual a importância do Hip Hop?

Além de promover identidade e sociabilidade e criar uma comunidade, o Hip Hop tem uma enorme importância na vida dos jovens de periferias. Assim, é responsável também por salvar vidas, funcionando como um instrumento de resgate social frente a uma face obscura da sociedade. Como Mariane Lemos Lourenço diz em seu artigo “Arte, cultura e política: o Movimento Hip Hop e a constituição dos narradores urbanos”: 

“A arte do Movimento Hip Hop possibilita aos jovens a valorização de si mesmos e da periferia, informação e conhecimento e substituição da violência pela força das ideias e das palavras.”