Thaís Andrade; 11/08/2024 às 11:30

Dia da Televisão: Coexistência da TV com os novos formatos da era digital

Dados de consumo revelam que, apesar do crescimento das plataformas de streaming, a televisão tradicional ainda é destaque nos lares brasileiros

No dia 11 de agosto, celebramos o Dia da Televisão, o meio de comunicação presente na maioria dos lares. Desde sua chegada ao Brasil em 1950, com a inauguração da TV Tupi, a televisão tem evoluído significativamente, acompanhando as mudanças tecnológicas e os novos hábitos de consumo dos brasileiros. A data também homenageia Santa Clara de Assis, considerada padroeira da TV.

Arte: Mercadizar

Nos últimos anos, a TV enfrentou a concorrência direta das plataformas digitais e dos serviços de streaming. O avanço da digitalização e a popularização da internet transformaram a forma como as pessoas consomem conteúdo audiovisual. Dados do IBGE revelam que o uso de Smart TVs no Brasil aumentou 48% entre 2019 e 2022. Em 2019, 32,2% da população utilizava TVs para acessar a internet, número que subiu para 47,5% em 2022. Além disso, 43,1% dos domicílios com televisão no Brasil utilizam algum serviço de streaming pago, sendo que 95,3% destes também assistem a canais de TV, com 93,1% assistindo à TV aberta e 41,5% à TV paga.

Apesar do crescimento do consumo de mídia em plataformas móveis, a televisão linear (tradicional) continua a dominar a audiência brasileira. Em 2023, pesquisas do Kantar Ibope Media revelam que 99,2% dos brasileiros consumiram TV linear, com um tempo médio de consumo diário de 5 horas e 14 minutos. A TV linear deteve 74,3% do share de consumo de vídeo, destacando-se como o meio preferido dos brasileiros para assistir conteúdos. 

Para entender melhor essa dinâmica, o Mercadizar entrevistou Hernán Gutiérrez Herrera, professor na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e na Faculdade Boas Novas (FBN), jornalista e comunicador. Segundo Hernán, a televisão mantém sua relevância devido a dois fatores principais: acessibilidade e hábito. 

“Com uma TV e uma antena, você consegue receber o sinal em qualquer lugar sem custo adicional. Já o streaming requer uma boa conexão de internet, o que nem sempre é possível em áreas afastadas ou para pessoas com recursos financeiros limitados.”

A pesquisa “Share de Audiência – de Setembro de 2023” também da Kantar Ibope Media apontou que a TV linear, aberta e por assinatura, mantém 70,6% da audiência, com a TV aberta representando 61,2% do market share (participação no mercado). Em contrapartida, vídeos on-line e sob demanda ocupam 29,4% do mercado, com o YouTube liderando com 17,7% do share.

Segundo Hernán, um dos fatores para a dominância de audiência da TV no Brasil é a persistência do hábito de assistir televisão. “A TV ainda é um elemento principal em muitas residências. É comum que as pessoas assistam à TV de forma passiva, consumindo a programação predeterminada sem precisar procurar algo específico, o que não acontece com o streaming.”

A televisão tem se adaptado às novas realidades digitais para se manter competitiva. “A chegada da TV digital foi um avanço importante. As emissoras também têm investido em suas próprias plataformas de streaming e usam redes sociais para atrair público”, observa Hernán. 

Quanto ao futuro da televisão diante do crescimento das plataformas digitais, Hernán prevê que “a migração das emissoras de TV para plataformas como o YouTube será cada vez mais radical. O YouTube é um grande concorrente tanto da TV aberta quanto da TV por assinatura, e essa tendência deve continuar.”

Os números apresentados mostram que, apesar do crescimento das plataformas de streaming, a televisão tradicional ainda é destaque nos lares brasileiros, graças à sua capacidade de se reinventar e integrar-se aos formatos digitais. O dia 11 de agosto celebra também a inovação e transformação contínua deste meio na era digital.

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