Sociedade

#MercadizarExplica: Aporofobia

Vivemos em um mundo que rejeita tudo e todos que não se encaixam na construção social considerada o ‘padrão aceito’. Esse padrão, por sua vez, é concebido e estabelecido pelas classes dominantes na sociedade, que, por serem consideradas influentes, fazem com que pessoas de outras classes percebam suas opiniões como verdades absolutas e reproduzam falas e atos baseados apenas em suposições, e não em conhecimento. 

Assim, em uma sociedade construída a partir de um modelo hétero cis normativo predominantemente branco, estão perpetuados preconceitos como o racismo, o machismo e a misoginia. Mas não podemos esquecer, também, como o capitalismo e a economia influenciam nas relações sociais. 

Pautada pela riqueza e pelo sucesso, nossa sociedade tende a reforçar que pessoas menos favorecidas sejam excluídas e distanciadas. Logo, entre os diversos preconceitos e discriminações, está inclusa a forma como os pobres são vistos. E este ódio direcionado a pessoas pobres tem um nome: ‘aporofobia’. 

A palavra vem do grego, da união de áporos (pobre, desfavorecido) + fobéo (medo, aversão), e foi inventada pela espanhola Adela Cortina na década de 90.

“Nomear a rejeição aos pobres permite-nos tornar visível esta patologia social, investigar as causas e decidir se concordamos que ela continue a crescer, ou se estamos dispostos a desativá-la por nos parecer inadmissível”, explicou a filósofa em entrevista à BBC Mundo.

Assim como a LGBTfobia e a xenofobia, por exemplo, a aporofobia é considerada um crime de ódio, ainda que seja pouco debatida. Este preconceito, da mesma forma que outros, traz graves prejuízos sociais, uma vez que considera pessoas pobres como invisíveis, as desumaniza e impede que tenham acesso a direitos básicos. No Brasil, o termo se popularizou principalmente a partir de denúncias do Padre Júlio Lancellotti, ativista da causa, contra práticas do poder público e de entidades privadas para segregar moradores de rua e mantê-los afastados de determinados espaços.

Em sua entrevista à BBC, Cortina ainda cita como forma de aporofobia a aversão a refugiados e imigrantes: “Alguns partidos políticos ganham votos quando prometem fechar suas portas”, explica.

Além de falas e atitudes preconceituosas, a aporofobia se materializa por meio da introdução de uma arquitetura hostil, também conhecida como ‘antipobre’, e campanhas públicas pelo fim de doações aos necessitados e desabrigados. 

De acordo com o artigo publicado no site Viva Decora, a arquitetura hostil pode ser entendida como um conjunto de elementos urbanos desenvolvidos especificamente para evitar o uso de espaços por determinado público e segregar pessoas em situação de rua e vulnerabilização. O principal objetivo é que estas pessoas não usem espaços públicos para dormir, se abrigar ou pedir esmolas.

Entre os principais exemplos de arquitetura hostil estão divisórias em bancos, cercas, arames e pinos pontiagudos em fachadas de prédios e lojas, pedras ou blocos de cimento em espaços públicos e cercas em parques ou praças.

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Além disso, têm se tornado cada vez mais comuns campanhas públicas de organizações governamentais que incentivam a população a não dar esmolas. Em seu perfil no Instagram, o Padre Júlio Lancellotti denuncia as ações e as classifica como “criminalização da pobreza”. 

Créditos: Reprodução da internet/@padrejulio.lancellotti

Frases como “Não dê esmola, dê oportunidade”, “Quem dá esmola financia a miséria” ou “Sua esmola os mantém nas ruas” passam a ideia de que estas pessoas gostam de viver nas ruas e aceitam a realidade de pobreza em que estão inseridas. No entanto, para sair da situação de miséria, elas precisam de políticas públicas que atendam às suas necessidades e não as excluam, em vez de serem tratadas pelo poder público como se não existissem. 

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