Antes restrita ao ambiente hospitalar e de construção civil, a máscara começou a fazer parte da nossa rotina devido à pandemia, por ser um acessório eficaz de proteção respiratória. Mas devido ao discurso contraditório de autoridades políticas e algumas figuras públicas sobre o seu uso, houve certa resistência da população no processo de adoção da máscara. Então, foi possível observar nas ruas a dualidade entre pessoas que utilizavam máscaras e pessoas que ou usavam de forma incorreta, ou nem as usavam.
Após 2 anos da primeira onda de contaminação da covid-19, e com 70% da população vacinada, houve uma melhora no número de contaminações pelo vírus e suas variantes. Dessa maneira, alguns estados e municípios suspenderam a obrigatoriedade do uso de máscaras, o que deixou alguns especialistas em alerta, apesar da percentagem de vacinados ser boa. Para esses pesquisadores, ainda não é hora de abandonar a máscara, visto que nem toda a população tomou as três doses do imunizante (ou duas, no caso da vacina da Janssen). Dados da Folha de São Paulo mostram que apenas 32% da população tomou a segunda dose ou a dose de reforço.
Outro ponto levantado tem sido em relação à vacinação das crianças. A pneumologista da Fiocruz Margareth Dalcolmo afirmou, em entrevista à revista Exame, que existe uma baixa adesão à vacinação pediátrica porque os pais não estão levando as crianças para aplicar a vacina, e que “a prioridade agora é vacinar criança, convencer os pais da importância da vacina”.
Mas o que essa questão da vacina tem a ver com o uso de máscaras?
Tomar todas as doses indicadas da vacina garante que você não venha a falecer com as complicações da covid-19, mas não impede que o vírus continue se espalhando e gerando novas variantes, como a Alfa, Beta, Gama, Delta e Ômicron.
É nesse momento que entra o uso de máscara. Como dito anteriormente, a máscara é um acessório de proteção das vias nasais e bucais, e evita a proliferação das partículas virais ao tossir, espirrar ou falar em qualquer ambiente.
Quem deve usar máscara?
Abolir o uso da máscara é totalmente inviável quando o número de novos casos de covid voltou a subir em países da Europa, Ásia e Oriente Médio, segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. Fatos que servem de alerta não só para os especialistas, como também para toda população. Partindo do fim da obrigatoriedade do uso de máscara tanto em locais abertos como fechados, a Sociedade Brasileira de Infectologia elaborou um documento neste mês de março recomendando quem deve continuar usando máscaras no atual cenário:
- Indivíduos sintomáticos ou pessoas que estejam potencialmente em contato com transmissores:
a. pessoas com sintomas de resfriado comum, ou síndrome gripal;
b. pessoas que se expõem ao contato com indivíduos sintomáticos, como profissionais de saúde, trabalhadores de serviço de atendimento ao público, familiares de pacientes sintomáticos e situações correlatas.
- Populações mais vulneráveis à manifestação grave do COVID-19:
a. não vacinados contra a COVID-19, ou que receberam imunização incompleta (menos de três doses, quando indicada a dose de reforço);
b. imunossuprimidos: pessoas com imunodeficiência primária grave, pacientes de quimioterapia para câncer, transplantados de órgão sólido ou de células tronco hematopoiéticas em uso de drogas imunossupressoras, pessoas vivendo com HIV ou doenças autoimunes em atividade e pacientes em hemodiálise;
c. pessoas com idade maior que 60 anos, em especial com presença de doenças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes mellitus não controladas, obesidade, câncer, doença renal crônica, cirrose hepática, doenças pulmonares crônicas (DPOC, enfisema, asma, entre outras), tabagismo, doenças cardiovasculares prévias e doenças hematológicas, entre outras;
d. gestantes com ou sem comorbidades.
- Locais com maior risco de transmissão do SARS-CoV-2:
a. locais fechados com aglomeração frequente: transporte público (trens, metrô, ônibus e correlatos) e locais com grandes aglomerações, principalmente em determinados horários de pico, como agências bancárias, repartições públicas, lotéricas e instituições de ensino, entre outros;
b. locais abertos, quando houver aglomeração: pontos de ônibus, filas de atendimento de serviços públicos ou privados, ruas que funcionam como corredores comerciais e outros lugares com características semelhantes;
c. serviços de saúde: unidades básicas de saúde, clínicas e hospitais públicos ou privados.
O que podemos tirar de lição do fim obrigatório do uso da máscara?
Em ano eleitoral, os atores políticos querem ser mensageiros de boas novas para conquistar a confiança da população. Contudo, ser mensageiro de boas novas pode significar a omissão de possíveis consequências alertadas por especialistas da área da saúde, e é uma questão sobre a qual você deve refletir. Nossa situação em relação à pandemia está melhorando, mas isso não quer dizer que a covid-19 desapareceu por completo. Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, mais de 659 mil brasileiros morreram devido às complicações desse vírus, e quase 30 milhões estão infectados. Usar máscara continua salvando vidas, por isso, não deixe de usar a sua!
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