Na última semana, representantes Yanomami denunciaram crimes cometidos por garimpeiros na comunidade Arakaçá, na região de Waikás, em Roraima. Uma adolescente de 12 anos foi violentada e morta, e uma criança de quatro anos segue desaparecida após cair no rio Uraricoera.
Na segunda-feira, 25, Júnior Hekunari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami Ye’kwana (Condisi-YY), denunciou, por meio de vídeo publicado em suas redes sociais, que os criminosos invadiram a comunidade e sequestraram a adolescente e a criança, levando-as a um barco, onde estupraram a menina, e a criança caiu no rio e segue desaparecida. Veja o relato:
Conforme vídeo, recebi a informação hoje (25/04) as20h que uma adolescente de 12 anos foi violentada brutalmente por garimpeiros na região do Palimiú e, que uma criança de 4 anos que estava com a mesma caiu do barco em que estavam.Amanhã estarei indo no primeiro horário p/comuni. pic.twitter.com/KOhCuxpXy3
— Júnior Hekurari Yanomami (@JYanomami) April 26, 2022
No dia seguinte, terça-feira, 26, o Condisi-YY enviou um pedido oficial à Polícia Federal, à Funai, ao Ministério Público e ao Ministério da Saúde para investigação do caso. Na quarta-feira, 27, agentes da PF chegaram à comunidade junto a representantes indígenas para prosseguir com a investigação, que continuou até a quinta-feira, 28.
O caso, que ganhou repercussão nacional, também chegou a ser pautado em sessão do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a abertura da sessão, a ministra Cármen Lúcia cobrou a apuração e investigação do caso. “A violência e a barbárie contra indígenas ocorrem há 500 anos. A civilização tem um significado apenas para um grupo de homens. O Poder Judiciário atua sobre provocação. O cidadão atua pela dor. Essa perversidade não pode permanecer como estatísticas, fatos da vida, notícias”, afirmou. (Via Metrópoles)
No mesmo dia, no entanto, a Polícia Federal informou que não encontrou indícios do crime.
É importante frisar que este não é o primeiro caso de estupro de mulheres e crianças indígenas que acontece em terras indígenas Yanomami. De acordo com o G1, um relatório divulgado pela Hutukara Associação Yanomami (Hay) no início de abril apresenta relatos de indígenas, antropólogos e pesquisadores sobre os constantes abusos.
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