Gabriela Auzier; 02/08/2024 às 18:03

Comunicadores indígenas e extrativistas criam série de vídeos sobre proteção em seus territórios

A série, resultado de um curso do portal PROTEJA, expõe como vivem comunidades tradicionais do sul do Amazonas

A série “A floresta e suas resistências” expõe como comunidades tradicionais que vivem em nove áreas protegidas do sul do Amazonas enfrentam ameaças em seus territórios. Criada por 25 jovens indígenas, extrativistas e assentados durante o curso de técnicas de comunicação e uso do portal PROTEJA, ela é formada por onze vídeos e pode ser assistida no Portal PROTEJA.

Em sua segunda edição, o curso de técnicas de comunicação é parte do PROTEJA Educa, ação que forma pessoas que vivem em áreas protegidas para divulgarem seus conhecimentos. A iniciativa é realizada em aliança com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e a Wildlife Conservation Society (WCS) no âmbito do projeto Conservando Juntos.

Com duração de dois meses, o curso teve um encontro presencial de três dias em Manaus. (Foto: Divulgação)

Pertencente à Reserva Extrativista (Resex) Capanã Grande, o comunicador Antônio Magalhães e seu grupo falaram sobre a importância da cultura para proteção ambiental.

“No meu trabalho, eu contei um pouco da realidade do povo da Resex Capanã Grande, mostrando como ele vive e sobrevive através do extrativismo. Nosso trabalho foi inspirado nas histórias reais dos ribeirinhos da região e nosso objetivo foi mostrar para o resto do Brasil que é possível, sim, viver de forma sustentável”.

Carolina Guyot, coordenadora executiva do PROTEJA e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), expõe como a produção de conteúdo por povos e comunidades tradicionais pode ajudar a ampliar a conservação de áreas protegidas.

“Através desses trabalhos, os estudantes puderam retratar fielmente a realidade de suas comunidades, destacando os desafios e as belezas de seus territórios. Esse esforço de divulgação possibilita um maior engajamento da sociedade na questão da preservação ambiental, promovendo uma consciência coletiva sobre a importância de proteger essas áreas e os povos que delas dependem”.

Concurso de Fotografia

Além de produzir os vídeos que compõem a série “A Floresta e suas Resistências”, os estudantes também participaram do 1º Concurso de Fotografia do PROTEJA Educa. A competição incentivou os comunicadores a enviar imagens que mostrassem a relação com seu território. As 15 fotos enviadas também se tornaram uma série que pode ser vista no Portal PROTEJA.

Angleice Dias, Camila Cruz e Sabrina Mar foram as ganhadoras da competição (Foto: Divulgação)

Durante o encontro presencial, ocorrido em Manaus (AM), as fotografias foram expostas e os alunos votaram naquelas que mais gostaram. A vencedora foi Sabrina Mar, que pertence à Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Madeira. Em sua fotografia, ela mostrou três filhotes de quelônios, pequenas tartarugas protegidas em seu território. 

“Estou muito feliz, é uma sensação indescritível, pois eu não imaginava que iria ganhar. Meus colegas tiraram fotos muito bonitas, entre tantas achei que a minha não seria uma das mais belas. Não achei que iriam gostar tanto de uma foto de pequenos quelônios, mesmo ela sendo a minha foto favorita.”

Fotografia apresentada ao concurso pela extrativista Sabrina Couto Mar

Edinho Cruz, Comunicador da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) comenta a importância de produzir e divulgar fotografias de autoria indígena.

“Quando os próprios indígenas são os autores dessas imagens, eles podem capturar e compartilhar aspectos de suas vidas, destacando as riquezas dos seus territórios de maneira que somente alguém de dentro pode fazer. Isso também promove um sentimento de orgulho e valorização interna, ao mesmo tempo em que educam e sensibilizam o público mais amplo sobre a importância dos territórios indígenas para preservação do meio ambiente.”

O PROTEJA Educa é uma ação do PROTEJA em parceria o IPAM, a COIAB, o Conselho Nacional das populações extrativistas (CNS), Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (ESCAS) – IPÊ e a WCS.

*O Mercadizar não se responsabiliza pelos comentários postados nas plataformas digitais. Qualquer comentário considerado ofensivo ou que falte com respeito a outras pessoas poderá ser retirado do ar sem prévio aviso.