A luta pela visibilidade trans em Manaus ganha o centro do debate na tarde da próxima quarta-feira, 25, das 14h às 17h, no auditório do Instituto de Pesquisa Carlos Borborema, localizado na Fundação de Medicina Tropical.
A Casa Miga LGBTQIA+ organiza o encontro que vai reunir Camila Brasil, Jacqueline Maldonado, Rebeca Carvalho e Michele Pires, entre outras pessoas trans, para compartilhar depoimentos, histórias e reflexões sobre as origens, os desafios e as lutas do movimento. Além da roda de conversa, serão entregues kits de higiene e cestas básicas às pessoas que são assistidas pela organização.
A Casa Miga é a única organização filantrópica que acolhe imigrantes e refugiados, além de brasileiros, LGBTQIA+ no Norte do Brasil. Além de oferecer abrigo às pessoas em situação de risco, a Casa Miga LGBTQIA+ faz encaminhamento profissional e ajuda a qualificar essas pessoas para que tenham condições de conseguir uma colocação no mercado de trabalho e, assim, ter mais autonomia.
No Brasil não há estatísticas oficiais sobre a quantidade de pessoas trans, fato que colabora para a invisibilidade dessas pessoas, que estão à margem de programas sociais e políticas públicas. Inclusive, no último censo demográfico, realizado pelo IBGE em 2022, não havia no questionário perguntas sobre orientação sexual.
Em função dessa lacuna, estudos independentes vêm tentando trazer uma fotografia do percentual dessa parcela da população na sociedade brasileira. Quando falamos de pessoas trans, por exemplo, foco dessa reflexão, o estudo mais recente e pioneiro na América Latina foi realizado pela Faculdade de Medicina da UNESP (Universidade Estadual Paulista), em 2021, com 6 mil entrevistados em 129 cidades de todo o país, apontando uma demografia de 2% ou 3 milhões de pessoas transgêneras ou não binárias – número possivelmente subestimado, dadas as proporções populacionais.
Ignorar a existência de pessoas com essa orientação sexual e identidade de gênero fomenta o preconceito, a violência e a marginalização delas.
“Metade da população que a Casa atende é trans; nada mais justo do que fazermos algo que as visibilizem neste mês que marca a luta nacional e evidencia a história do movimento”, comenta a gestora da Casa Miga LGBTQIA+, Karen Arruda, que também é presidente da Associação Manifesta.
O Dia Nacional da Visibilidade Trans é comemorado anualmente em 29 de janeiro, desde 2004, para celebrar o orgulho, a existência e a resistência da comunidade trans e travesti dentro do movimento LGBT no Brasil.
Casa Miga LGBTQIA+
Em quatro anos, a Casa Miga LGBTQIA+ já acolheu mais de 400 pessoas em situação de risco. Destas, 60% são pessoas trans e 40% são refugiados e imigrantes.
“Em 2021 começamos a assistir pessoas que não necessitam do acolhimento institucional, mas que necessitam de outros serviços, como cestas básicas, hortifruti, kits de higiene e limpeza, orientações sociais, escutas psicológicas, cursos de formação e capacitação, rodas de conversas informativas, assessoria jurídica, entre outros. São 400 famílias cadastradas, não somente LGBTs, mas também heterossexuais (como mães solos e idosos)”, observou a gestora da unidade.
Para contribuir com doações de itens da cesta básica ou dos kits de higiene, os interessados podem entrar em contato com a organização por meio do telefone (92) 992987970. Nesta ação, os apoiadores foram o Instituto de Pesquisa Carlos Borborema e a empresa Saniteck.
Serviço
Evento: Roda de conversa sobre o Movimento Trans em Manaus
Data: Dia 25/01 (quarta-feira), de 14h às 17h
Local: Auditório do Instituto de Pesquisa Carlos Borborema, que fica dentro da Fundação Hospital de Medicina Tropical, localizado na Avenida Pedro Teixeira, sem número, Dom Pedro
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