Thaís Andrade; 30/01/2024 às 16:33

Calma aí! 90% das nossas preocupações não se tornam realidade

Estudo afirma que a maioria das nossas preocupações não se concretizam

São diversas as áreas de nossas vidas com as quais nos preocupamos: relacionamentos, saúde, vida financeira, carreira, filhos e outras responsabilidades. Mas calma! Uma pesquisa chegou a resultados otimistas para quem se preocupa demais.

Imagem: Mercadizar

A pesquisa intitulada “Exposing Worry’s Deceit: Percentage of Untrue Worries in Generalized Anxiety Disorder Treatment”, desenvolvida por Lucas S. LaFreniere e Michelle G. Newman, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, apontou que mais de 90% das nossas preocupações não se tornam realidade. 

Os 29 participantes da pesquisa com Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) registraram suas preocupações durante dez dias, e acompanharam os resultados dos seus registros ao longo de 30 dias. Os resultados da pesquisa mostraram que 91,4% das preocupações listadas não se concretizaram. Além disso, de todas as preocupações que se tornaram realidade, 30,10% foram avaliadas como tendo resultado melhor do que o esperado.

Conforme afirma a pesquisa, a preocupação muitas vezes possui conteúdo irreal e os participantes esperavam constantemente que eventos negativos irracionais ou exagerados aconteceriam no futuro, independentemente de sua improbabilidade. Para os participantes da pesquisa, as preocupações ocuparam uma quantidade significativa de tempo de reflexão: 25,88% do dia inteiro.

Entendendo sobre o assunto

Em entrevista ao Mercadizar.com a psicóloga Janaína Dias explicou que a preocupação é um sentimento que faz parte do nosso dia a dia: 

“Ocorre de forma automática frente a um evento/situação que foge do contexto normal ou da rotina, sendo considerada um estado psicológico normal. Todo indivíduo é predisposto a se preocupar com algo que pode vir a acontecer. A preocupação pode ser vista como uma série de pensamentos em relação ao futuro. Entretanto, estar preocupado produz no indivíduo um senso de alerta e isso pode produzir consequências físicas e emocionais.”

A profissional afirma que as preocupações em excesso podem causar diversos males à nossa saúde. A preocupação excessiva e recorrente nos mantém prisioneiros de um estado de alerta que pode causar uma sobrecarga mental e física, assim como estresse, dificuldade de concentração, insônia, nervosismo e pode, inclusive, gerar transtornos como ansiedade, síndrome do pânico e depressão. Janaína explica também a relação entre preocupações em excesso e ansiedade:

“A preocupação em excesso tende a ser experimentada em pensamentos, ou seja, em processos predominantemente mentais. A ansiedade ultrapassa a camada do pensamento e se torna física, é possível sentir os sintomas em todo corpo. E quando os níveis de preocupação estão muito intensos o corpo pode começar a responder com ansiedade. Portanto, a mente ansiosa está em um estado constante de preocupação.”

É necessário que cada um tente reconhecer como as preocupações estão interferindo ou prejudicando a saúde. Quando perguntada sobre qual o momento certo de se procurar ajuda profissional, a psicóloga afirma que é importante estar atento a três fatores: frequência, intensidade e duração.

“Caso o estado de preocupação se torne frequente (ocorrendo todos os dias ou maior parte do tempo) e seja intenso (podendo envolver reações físicas e mal estar) e tenha um período grande de durabilidade (demore a passar), neste cenário, possivelmente o indivíduo já estará em sofrimento. Deste modo, fazendo-se presente os três fatores, é o momento adequado para procurar um profissional, seja psicólogo e/ou psiquiatra para que possa ser feito uma avaliação mais profunda do estado psicológico do indivíduo.”

Principais orientações

Apesar do resultado da pesquisa ser otimista e mostrar que a grande maioria das preocupações não resultam em problemas reais, Janaína Dias dá aos nossos leitores algumas orientações de como lidar com as preocupações de maneira mais saudável:

“É muito importante exercitar a aceitação de situações incomuns, aceitar que, independentemente do que você faça (ou o quanto se preocupe), é impossível controlar tudo que está ao seu redor. A vida é um conjunto de variáveis, então procure renunciar o controle.”

A psicóloga continua:

“É necessário acrescentar na rotina momentos de meditação, pois vivemos num mundo cheio de estímulos e a todo momento somos bombardeados de informações que podem gerar pensamentos preocupados, por isso é fundamental ter um tempo para ‘desligar-se’. 

É também essencial exteriorizar os problemas. Muitas coisas acontecem só na nossa mente, portanto não conseguimos ver todos os fatores que estão envolvidos no problema. Falando sobre o que incomoda, as soluções podem ser encontradas mais facilmente e o problema pode ser visto em perspectiva. Para uma escuta mais qualificada, buscar um psicólogo e fazer psicoterapia pode ajudar bastante no processo de desenvolvimento e autoconhecimento. 

E por fim: Foque no aqui e agora! O presente tem muito mais a nos oferecer do que o futuro e o passado.

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