Isabella Botelho; 14/10/2020 às 11:40

Produções literárias e audiovisuais feitas durante a quarentena 

O período funcionou como uma gestação para escritores e produtores de conteúdo

Na produção audiovisual e na literatura é muito comum que acontecimentos reais inspirem obras de ficção. Quando nossas vidas e rotinas mudaram, a produção cultural também mudou, precisando se adaptar e retratar as diversas novas realidades. O período de quarentena funcionou como uma gestação para escritores e produtores de conteúdo, que tiraram projetos do papel e até mesmo criaram outros do zero. Daí, surgiram livros, séries e podcasts sobre os mais diversos assuntos, mas principalmente sobre a pandemia.  

Inspirado pela reclusão, o produtor cultural e escritor paraense Marcelo Damaso organizou a produção do livro de contos Amores em quarentena. “Cientistas buscam a cura, médicos e enfermeiros cuidam dos doentes e artistas criam. O confinamento tem seu lado bom, mas o descanso cansa. E chega a hora em que a inspiração bate e a gente não vê outra saída que não seja criar”, explica no prefácio.

Em entrevista à Mercadizar, Marcelo contou que o projeto nasceu a partir da ideia de escrever uma história sobre duas pessoas vizinhas que se conhecem batendo panela e passam a se relacionar melhor graças à reclusão. “Amores em quarentena é um grande abraço virtual (como o momento permite) de dez autores e autoras, e um artista visual, que criaram histórias de amor, solidão, compaixão, tolerância, perda, farra e medo, mas, sobretudo, esperança. Tem duas luzes fortes brilhando: a que a gente não deve ir ao encontro e a que aparece lá longe, no fim do túnel”, afirma. 

Seguindo a mesma linha de conteúdo, a série Carenteners, exibida na Warner Channel e disponibilizada no YouTube, conta a história do casal Cecília (Ana Tardivo) e Marcos (Mateus Sousa), que se apaixonam antes da imposição da quarentena e precisam se adaptar às novidades para manter o relacionamento enquanto lidam com seus próprios problemas, como trabalho, amizades e a convivência familiar.

 O projeto, que foi totalmente realizado durante o isolamento social, teve toda sua produção feita a distância, com os atores gravando suas próprias cenas e usando suas casas como cenário. Além de inovar na forma de produção, agora remota, a quarentena também trouxe novos formatos de lançamento. O seriado em questão, por exemplo, conta com 10 episódios de aproximadamente 5 minutos cada, utilizando sempre uma linguagem própria das redes sociais, como áudios do WhatsApp e reprodução de stories.  

Diário de um Confinado é outro bom exemplo de produção que trata da rotina durante a pandemia. Disponível no Globoplay e exibida também na TV aberta, a série mostra a rotina de Murilo (Bruno Mazzeo, também idealizador do projeto), um homem que mora sozinho e tenta enfrentar todas as dificuldades trazidas pelo momento – desde o stress e a ansiedade de ficar confinado no apartamento, até a dificuldade de executar simples tarefas do dia a dia. Ao vermos a repercussão do projeto, é fácil entender o motivo do sucesso: as situações vividas pelo protagonista são a realidade de muitos atualmente.

A Netflix também utilizou o momento da pandemia para a criação de Feito em Casa (Homemade), uma série antológica com curtas dirigidos por vários cineastas, mostrando histórias de todo o mundo durante a pandemia. Entre os nomes que comandam episódios estão Paolo Sorrentino, Pablo Larraín, Maggie Gyllenhaal, Kristen Stewart e Sebastián Lelio, que mostram tramas sobre chamadas de vídeo, convivência de casais, monotonia do isolamento social, e vários outros temas. 

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