Nayá Costa; 04/10/2019 às 11:00

O paradoxo entre o Facebook e as fake news

As redes sociais têm sido palco de notícias falsas e discursos de ódio desde as campanhas para as eleições americanas de 2016, quando o presidente Donald Trump foi eleito. Desde lá, o uso das famosas fake news têm se popularizado na internet, tornando-se uma poderosa arma virtual. Além das eleições de 2016, o uso de notícias falsas foi usado também nas eleições presidenciais do ano passado.

Após constantes denúncias, tanto contra as mentiras dadas como notícia quanto aos discursos de ódio disseminados online, as plataformas iniciaram um processo de banimento, além de criarem políticas para impedir assim esse tipo de conteúdo. O estopim para a iniciativa, no entanto, não foram exatamente as problemáticas citadas anteriormente, mas sim, o escândalo envolvendo o Facebook.

Escândalo da Cambridge Analytica

Em março deste ano, veio a tona a notícia de que a empresa Cambridge Analytica divulgou dados de mais de 87 milhões de usuários da rede social. As informações divulgadas foram usadas pelo presidente Donald Trump, que utilizou os dados em sua campanha. A falha do Facebook não saiu barata, pois logo após o escândalo, a plataforma sofreu queda em suas ações, além de inúmeros processos.

Para amenizar a situação, a empresa anunciou que reforçaria sua política de privacidade de dados para combater o uso de fake news e discursos ofensivos na plataforma. Neste ano, a empresa removeu 265 contas de um grupo israelense que espalharam conteúdo “não autêntico”. O Facebook também identificou e baniu um grupo de extrema-direita que pretendia influenciar as eleições europeias com conteúdos falsos. Outro projeto aplicado pelo Facebook, criado em 2016, foi o  Stormchaser, que têm como objetivo acabar com rumores feitos em cima da própria rede social.

“Liberdade de expressão”

As ações da empresa, porém, têm sido um tanto quanto contraditórias, tendo em vista sua mais recente política: não deletar nenhuma postagem das páginas oficiais de políticos. A decisão é baseada, segundo Nick Clegg (porta-voz sênior), no princípio de “liberdade de expressão”, tido como coração da empresa. Na tradução, lê-se que qualquer político têm agora o direito de compartilhar fake news – além de discursos de ódio – em suas páginas.

Ainda este ano, o Facebook foi apontado pela Oxford University como a plataforma preferida quando se trata de manipulação. A notícia, somada a sua recente decisão, reafirma as escolhas erradas e contraditórias feitas pela plataforma. Em tempos onde discursos intolerantes e notícias manipuladas ganham voz pelo mundo, devemos repensar o significado de liberdade de expressão.

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