Isabella Botelho; 15/10/2021 às 17:00

Webdocumentário discute sobre exclusão digital e emergência climática na Amazônia a partir da visão de jovens lideranças do território

Produção estreia em 16 de outubro, às 19h, no canal do YouTube da Cooperação da Juventude Amazônida para o desenvolvimento Sustentável (COJOVEM)

Com o objetivo de evidenciar e fortalecer as lutas e resistências de jovens lideranças do território amazônico, o webdocumentário “A Maré tá para as Juventudes? As Multivozes da Exclusão nas Amazônias” traz um alerta sobre as consequências da exclusão digital e emergência climática para a sociedade e faz um chamado para a necessidade de cocriar novas realidades possíveis para a Amazônia protagonizadas pela juventude.

A partir de uma narrativa poético-científica, a produção audiovisual conta com entrevistas com três jovens lideranças de diferentes partes do território amazônico: Elaine Teles, Bacharel em Serviço Social e coordenadora geral de uma rede comunitária de internet na área de Boa Vista, no município de Acará, próximo a região metropolitana de Belém; Tel Guajajara, Indígena do Povo Guajajara/Tenetehara, estudante de Direito e Diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE); e Samilly Valadares,  filha do Quilombo Oxalá de Jacunday – Território Quilombola de Jambuaçu no município de Moju, nordeste paraense, também é  Psicóloga,  Educadora social e ARTivista. Além da performance da Sarita Themonia, pela atriz Gabriela Luz, que permeia e conduz a narrativa das entrevistas.

Assista ao trailer:

Juntos, eles contaram suas histórias e perspectivas sobre os seus territórios e as demarcações que realizam a partir da luta, conforme ressalta Tel Guajajara, “Mais do que nunca o debate da exclusão digital na Amazônia é um espaço muito importante para que a gente possa explanar sobre as dificuldades e as possibilidades da gente criar um mundo novo a partir da comunicação e do acesso à informação”. 

Para Tel, o debate proposto no webdocumentário traz críticas assistivas sobre qual é o papel da sociedade na construção de alternativas para os povos originários e periféricos da Amazônia se sinta incluído e ao mesmo tempo salvaguardando as suas culturas e ancestralidades. “Não é porque eu possuo um celular que eu sou menos indígena por conta dessa prática que é tão importante hoje pra gente narrar sobre as nossas próprias vidas, sobre o nosso território e sobre os nossos próprios corpos também”, complementa.

O último relatório do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança do Clima (IPCC) evidencia que as atividades humanas são responsáveis pelo aquecimento global, além de apontar a urgência de políticas públicas que reduzam a emissão de gases do efeito estufa. 

Não obstante, o estado do Pará possui o município que mais emite Gases de Efeito Estufa (GEE) no Brasil, São Félix do Xingu, de acordo com o relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) divulgado em março de 2021. Com as previsões de aumento do nível do mar, da temperatura na região, e uma maior quantidade de chuva, as populações do estado encontram-se em uma situação de vulnerabilidade, principalmente as pessoas que moram nas periferias das cidades. O cenário de ruas e casas alagadas já fazem parte do imaginário nortista, especialmente no inverno. 

Unindo-se a este cenário urgente, apesar do Brasil ser o 4º maior país em nativos digitais, segundo a União Internacional de Telecomunicações das Nações Unidas, com média de  89% da população entre 9 e 17 anos sendo usuária de internet no país, quando se aproxima mais a lupa para o recorte da região norte, percebe-se que, segundo a pesquisa Tic Domicílios 2019, somente 74% da população nortista tem acesso à internet. Cruzando esse percentual com os dados de densidade demográfica fornecidos pelo Censo IBGE 2019, sobre a região Norte, conclui-se que há mais de 4 milhões e meio de nortistas à margem do exercício pleno de sua cidadania, à margem do pleno acesso a benefícios como o auxílio emergencial, por meio do uso de governo eletrônico, por exemplo. Em meio a pandemia provocada pela Covid-19, que aprofundou ainda mais as desigualdades e precariedades da sociedade no mundo, na região amazônica se torna ainda pior.

À vista disso, as possibilidades de mudanças dessas realidades partem da visibilidade do problema e inquietação pelo agir coletivo para encontrar soluções, conforme afirma Karla Giovanna Braga, engenheira sanitarista e ambiental, coordenadora de Ciência, Tecnologia e Inovação da Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável (COJOVEM) e diretora e roteirista do webdocumentário: 

“A gente não pode mais ignorar a problemática da exclusão digital, porque quanto mais amazônidas estão excluídos digitalmente, isso significa que, consequentemente, nós temos mais amazônidas a margem do debate climático, sendo que nós somos uma das populações mais vulneráveis no que tange isso, ou seja, é uma questão de justiça climática inserir os amazônidas no contexto digital para que cada vez mais a gente possa ter acesso a informação de qualidade. Então, a partir do investimento em inclusão digital nós podemos traçar diversos impactos positivos que vão desde o fortalecimento econômico, social ao ambiental do território amazônico”.

O webdocumentário “A Maré tá para as Juventudes? As Multivozes da Exclusão nas Amazônias” é uma iniciativa da Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável (COJOVEM) com patrocínio da Lei Aldir Blanc por meio do edital Juventude Ativa do Movimento República de Emaús e Secretaria de Cultura do estado do Pará (Secult/PA) e Governo Federal que estreará no dia 16 de outubro no canal do youtube da COJOVEM.

Fonte: Assessoria

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