A inauguração da réplica da Gruta do Kamukuwaká, no Alto Xingu, em 3 de outubro, foi marcada por rituais e celebrações que reuniram várias etnias. O evento celebrou a resistência cultural dos povos xinguanos, especialmente após a depredação da gruta original em 2018.
Caciques e lideranças ressaltaram a importância da réplica para mostrar a força e a união dos povos indígenas. “Hoje é um dia muito especial da inauguração da réplica da gruta que é um instrumento que vai mostrar a nossa força”, disse o cacique Elewoka Waurá.
A réplica, criada pela Factum Foundation em colaboração com a People’s Palace Projects e a comunidade indígena, foi trazida da Espanha e instalada no novo Centro Cultural do Xingu. Paul Heritage, diretor da PPP, destacou o caráter internacional do projeto, enquanto o superintendente do Iphan, Fernando Medeiros, comentou a relevância patrimonial da gruta.
“Vocês conseguiram trazer essa leitura do que é. A gente entendeu que a gruta é uma escola para as comunidades aqui da região”, declara Medeiros.
Para os povos do Xingu, a gruta Kamukuwaká é um local sagrado de enorme valor cultural. Pere Yalaki Waurá, líder indígena, relembrou a importância espiritual do local e a dificuldade de acesso devido à privatização das terras.
O presidente da Atix, Ianukula Kaiabi Suia, reforçou a necessidade de proteger esses locais sagrados: “É preciso que as políticas públicas se fortaleçam para proteger essas áreas sagradas que hoje estão à mercê da destruição.”
A réplica foi criada em um processo colaborativo com tecnologia avançada, incluindo escaneamento 3D e técnicas de bioconstrução. A instalação é uma forma de preservar a história e ensinar as novas gerações sobre os valores e a cosmologia do povo xinguano. Akari Waurá destacou que o projeto é único, pois mantém vivas as tradições e conhecimentos ancestrais, transmitidos de geração em geração.
O projeto foi financiado pela Iron Mountain e representa um passo importante para a valorização do patrimônio indígena. Jen Grimaudo, da Iron Mountain, expressou o orgulho de apoiar o resgate cultural do povo xinguano. Pere Yalaki Waurá ressaltou que o conhecimento ancestral da gruta é vital para enfrentar desafios climáticos e sociais atuais.
O evento também trouxe reflexões sobre a luta dos povos indígenas pela proteção de seus territórios. Para Akari Waurá, é necessário continuar defendendo esses locais sagrados.
O povo do Xingu espera que a réplica possa contribuir para o respeito e reconhecimento de sua cultura, como expressou Piratá Waurá: “Kamukuwaká nos protege, então precisamos proteger Kamukuwaká e a forma como ela nos ensinou a estar no mundo.”
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