Patrícia Patrocínio; 19/11/2021 às 11:30

Manart anuncia o lançamento da última estampa de 2021 inspirada na obra “Açaí” nesta sexta-feira

O primeiro lote de produtos com a estampa "Açaí"  inclui cerca de 40 peças de camisas

Nesta sexta, 19, a partir das 18h30  (horário de Manaus), por meio do site www.manartgaleria.com e redes sociais, ocorre o lançamento da mais nova estampa da “Açaí”, da Manart Galeria, que foi produzida e inspirada na obra homônima, da artista visual, arte-educadora e arte-terapeuta, Eliana Chaves.

“A Eliana traz consigo uma nova técnica e um olhar ecológico sobre os materiais que compõem suas obras. Esse olhar diferente nos encantou de primeira! Como nesse ano, o objetivo da Manart é mostrar a diversidade dos estilos dos artistas locais, não tivemos dúvidas sobre o último artista de 2021 a entrar na galeria”, afirma Gestora da Galeria,  Anna Lôyde.

Eliana nasceu na cidade de Santos (SP), mas é radicada em Manaus, onde se dedica a produzir, pesquisar e ministrar aulas de arte. Suas obras, cheias de cores e de vida, são produzidas, a partir de técnicas da arte do mosaico (obra de arte feita com recortes sobrepostos para formar figuras) a partir do reaproveitamento de materiais vinílicos (lonas de banner), plástico, vidros, que muitas vezes são descartados ou se transformam em”lixo”. 

“Uma das coisas que mais me fascinou nas obras da Eliana, é a ressignificação dos elementos, juntamente com o uso das tramas para remeter a grafismos indígenas. A perfeição com cada cor, com cada padrão, é o que torna tudo fascinante!”, destaca Anna.

Sobre a obra “Açaí”

A obra Açaí foi produzida em 2018,  a partir do estudo de cores específicas da região Amazônica: “após alguns experimentos, consegui um resultado de tons, formas e texturas que me agradaram e me remeteram à fruta do Açaí”, afirma Eliana. 

A técnica utilizada pela artista para compor a obra foi a  “Trama sobre tela”, em que a artista pinta, recorta e monta as tramas, utilizando lonas de banner que recolhe pela cidade.

Materiais de trabalho

“O banner (material vinílico com nylon) é um produto que não é reciclável, e alguns estudos sobre sua durabilidade estimam sua decomposição em até 400 anos! Então, como ele não vai pra reciclagem, costuma terminar o  seu ciclo nos aterros onde gera acúmulo de água suja, bactérias, etc. Portanto, meu desejo ao trabalhar com esse material exaltando a natureza, é o de realmente causar um impacto visual para que o público passe a repensar seu consumo e no caso dos banners possam substituí-los pelos banners de papel que são recicláveis ou se decompõem em torno de dois meses”, explica a artista.

Arte na infância

“Minha primeira lembrança da arte em minha vida, vem da infância quando eu me divertia produzindo meus próprios brinquedos. Não me lembro muito de brincar com eles, mas me lembro bem do quanto era divertido observar os resíduos de casa e, antes que eles fossem pro lixo, eu selecionava o que eu queria pra transformar em algo interessante e divertido”, relembra Eliana.

Um divisor de águas

“Conhecer a obra do grande arquiteto e mosaicista,  Antoni Gaudí, em Barcelona, foi um divisor de águas, pois quando vi suas obras percebi, instantaneamente, que adoraria aprender a fazer aquilo (mosaico) e conhecer a fundo todo o processo, e realmente o fiz.  Tanto a minha faculdade, quanto a  pós-graduação, foram voltadas para a pesquisa de diferentes formas de fazer ou aplicar essa forma de arte em diferentes contextos e técnicas, pois ela também é uma arte residual, que é feita a partir de restos de pedras, cerâmicas, conchas, etc”, conta a artista.

Idas e vindas 

“Minha família se mudou para Manaus quando eu ainda tinha doze anos, onde moram até hoje. Quando me casei, mudei para São José dos Campos SP, onde vivi por dezoito anos, mas após um tempo, decidi regressar à Manaus, dessa vez bastante motivada pela vontade de estar mais perto da família e me sentir mais próxima da natureza, em que resido e desejo permanecer por um longo tempo.”

Memórias

“Quando terminei a pós-graduação, retornei à Manaus, e para a minha tristeza, me deparei com alguns episódios que me chamaram muita atenção, como o fato de que Manaus ainda não possuir um sistema de reciclagem eficiente e uma coleta de resíduos satisfatória, e eu ver, constantemente, as ruas sujas,  e não obstante, a população tinha baixa consciência a respeito disso. O que, para mim, particularmente, significava um contrassenso, uma vez que a mesma cidade está localizada no centro da maior biodiversidade de superfície do planeta.

Portanto, foi por compreender toda a exuberância e importância da natureza e da cultura dos povos ancestrais, que,  por meio da minha arte, comecei a utilizar os resíduos na elaboração dos meus projetos artísticos, com o intuito de mostrar o ‘belo’ mas, ao mesmo tempo, também provocar uma reflexão importante sobre as questões ambientais…”

Para a artista Eliana Chaves, a arte tem o papel fundamental de registrar o momento e provocar reflexões de forma sutil (ou violenta), bem como apontar novos caminhos possíveis para transformar ou impactar, positivamente, a realidade”, relata a artista.

Uma artista visual “Upcycling”

Eliana é uma artista visual Upcycling”. A título de curiosidade, e num contexto geral, Upcycling é um conceito novo, nomeado durante a última década do século XX. Um dos primeiros a citá-lo foi o empresário e ambientalista alemão Reine Pilz, em 1994. Também o arquiteto William McDonough fala sobre a prática no livro “Cradle to Cradle: Rethinking The Way We Make Things”. Para ambos, praticar Upcycling é evitar o desperdício de materiais potencialmente úteis, o que pode resultar em uma redução do consumo de energia, da poluição do ar e da água e até em menos emissões de gases de efeito estufa.

Do ponto de vista ecológico, praticar o upcycling é ainda mais positivo que reciclar, pois não é necessário despender mais recursos (energéticos, hídricos, químicos, biológicos…) na produção. O processo não substitui a reciclagem, mas tem como princípio o prolongamento do ciclo de vida útil de um produto em processos que dispensam uso de energia, extração de novas matérias-primas e ainda diminui o acúmulo de lixo na natureza.

“Autorretrato”

“Me considero uma artista intuitiva, trabalho muito livremente sempre experimentando diferentes materiais e técnicas sem me preocupar tanto com uma poética muito fixa ou engessada. Gosto de transformar minhas ideias em objetos concretos, sejam eles quais forem. Seja com costuras, emendas, pinturas, soldas, encaixes, etc, isso me diverte desde criança e espero que seja sempre assim.”

Sobre “ser artista na Amazônia”

“Ser artista na Amazônia, para mim, é criar e sempre buscar uma conexão mais profunda comigo mesma, e com a energia única desse lugar (…) também é ter humildade para aprender com os povos da floresta, pois eles são os guardiões dos saberes ancestrais que permitiram manter a Amazônia e suas riquezas preservadas, por milhares de anos, e todos esses saberes devem prevalecer e nos conectar.”

Arte, propósito e mensagem

“Despertar um olhar mais criativo para os resíduos tem sido o meu propósito de vida, seja na arte ou no meu cotidiano de cidadã. Acho que estamos caminhando para um momento único na humanidade em que seremos protagonistas de profundas mudanças sociais. E, nesse contexto, fazer a nossa parte pode parecer pouco, mas é exatamente o que fará a diferença no coletivo. Somos todos (um) e estamos conectados ao (todo)” declara Eliana.

O convite da Manart Galeria

“Já conhecia o trabalho da Hadna (artista e curadora da galeria), mas ainda não a conhecia pessoalmente. Quando ela me ligou fazendo o convite para participar do projeto desse ano, foi uma grata surpresa pra mim, principalmente pela forma tão poética que a Manart Galeria tem dado visibilidade aos artistas locais, precisamos difundir a nossa produção cultural e, para isso, penso que seja imprescindível termos canais, como esse (da Manart) que contribuam para aproximar o público dos artistas e suas obras”,  afirma Eliana.

Expectativas para o lançamento

“Estou curiosa para ver todo o trabalho pronto. Pude participar de algumas etapas dessa edição e vi que dá bastante trabalho. Desejo de coração todo sucesso e que esse empreendimento siga divulgando nossa arte e nossos artistas por esse mundo a fora e inspire outros empreendedores a investirem nesse segmento pois o mundo, mais que nunca, precisa de arte.”

Novos projetos artísticos

Atualmente, Eliana Chaves está finalizando uma coleção chamada “Fragmentos Flutuantes” e se dedicando a um novo projeto, o “Paricatuba Limpa”, que está sendo desenvolvido no distrito de Paricatuba, que integra o Município de Iranduba, e fica cerca de 30 km de distância da cidade de Manaus. Em breve, possivelmente, a artista também fará uma exposição individual pela “Virada Sustentável”.

Onde encontrar suas obras

Além da exposição “Encontro” que está aberta para visitação na unidade da Manart do Centro Cultural Povos Da Amazônia (CCPA), e também é possível encontrar as obras de Eliana na “Galeria de Artes do Amazonas”, que fica localizada no Shopping Ponta Negra (Piso L2) e nas suas redes sociais, é só buscar por “Eliana Musarte” ou “Musarte Mosaicos”.

Vídeo-episódio

O décimo episódio “Fragmentos de Corações”, da série Artistas Manart, que foi produzido com a artista Eliana Chaves,  já está disponível no canal do youtube da galeria. Para assistir, basta acessar o link: https://bit.ly/artistaelianachaves     

Aquisição de Produtos 

O primeiro lote de produtos com a estampa “Açaí” (que inclui cerca de 40 peças de camisas, disponíveis nos modelos tradicional e baby look, nos tamanhos que vão do PP ao 2X) começará a  ser comercializado, a partir dessa sexta (19), por meio do site www.manartgaleria.com ou diretamente na Unidade da Loja da Galeria, que fica dentro do Centro Cultural Povos da Amazônia, no Distrito Industrial I, Avenida Silves, n. 2222, Crespo, e funciona, sempre,  de segunda a sexta, de 9h as 16h, e aos sábados, de 9h as 13h. 

Lei Aldir Blanc

O lançamento da estampa “Açaí” da artista visual Eliana Chaves faz parte do projeto de Expansão da Manart Galeria, que foi contemplado pelo Edital Prêmio Feliciano Lana, por meio da Lei Aldir Blanc e conta com o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e do Governo Federal, pela Secretaria Especial da Cultura.    

Fonte: Assessoria

                                                                                                                                                      

 

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