Na noite do último domingo, 25, o Alma Preta, agência de jornalismo especializado na temática racial do Brasil, divulgou os nomes dos vencedores da 1ª edição do Prêmio Neusa Maria de Jornalismo. A intenção da premiação, segundo os organizadores, é valorizar o jornalismo profissional feito por pessoas não brancas e por pessoas trans. Isso porque as minorias étnicas e de gênero são, normalmente, deixadas de fora das redações dos grandes e médios jornais, que se mantém majoritariamente masculinos, cisgêneros e brancos.
Segundo informações coletadas diretamente do site Alma Preta, a maior parte dos homenageados é do estado de São Paulo (47%), seguidos pelo Rio de Janeiro (9,9%) e pela Bahia (9,2%). Além disso, a ampla maioria é mulher (59,6%), enquanto os homens representam 39%. Há uma mulher trans entre os homenageados e uma pessoa trans não binária. Do total de homenageados, cerca de 97% é negro (preto ou pardo), há também um afro indígena, uma pessoa amarela/asiática e duas pessoas brancas (ambas são pessoas transsexuais).
O Mercadizar, cuja proposta principal é dar visibilidade à comunicação e à cultura da Região Norte, teve duas profissionais homenageadas no Prêmio: Ariel Bentes, com a reportagem Com mais de 1.600 casos de covid-19, indígenas enfrentam uma pandemia, o desmatamento e o governo federal, e Elânny Vlaxio, com a reportagem Elas querem voz: um retrato de gênero e raça na publicidade manauara.
Em conversa com a equipe do Mercadizar, Ariel exaltou a oportunidade de representar a região Norte e revelou a emoção de se ver ao lado de profissionais que sempre admirou. “Tô muito feliz de ser uma das homenageadas! É a primeira edição do prêmio que leva o nome da Neusa Maria, uma grande mulher e profissional, uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado e a primeira mulher negra a publicar um texto sobre feminismo negro em um jornal brasileiro. Neusa é uma inspiração pra mim e para tantos outros jornalistas negros e é surreal me ver na lista ao lado de profissionais que eu admiro tanto, como a Cecília Olliveira, do The Intercept Brasil, Lola Ferreira, do Gênero e Número, além das minhas colegas do Norte, Elânny Vlaxio e Nicoly Ambrosio. É muito importante que cada vez mais jornalistas negros do Norte aproveitem essas oportunidades e ocupem esses espaços para marcar que sim, existe jornalismo feito na região e produzido por profissionais pretos”.
Já Elânny ressaltou a importância do Prêmio, que busca dar visibilidade e representação aos profissionais. “É uma iniciativa incrível! Que não apenas apoia profissionais da comunicação, como também incentiva a criação de narrativas construídas por pessoas pretas e/ou não cisgêneros. A maior parte das redações e locais da comunicação não tem a presença desses indivíduos, ter uma premiação como o Neusa Maria de Jornalismo é muito necessário para a representação e apoio de jovens nesse mercado”.
Além de Ariel e Elânny, a jornalista manauara Nicoly Ambrozio também foi homenageada, com a reportagem Um vírus e duas guerras, da agência de jornalismo independente Amazônia Real.
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