Engana-se quem pensa que só existem os bois Garantido e Caprichoso em Parintins. Ao mesmo tempo em que acontece o tradicionalíssimo Festival Folclórico de Parintins, disputado pelos bois vermelho e azul, os bois LGBT Boiola e Rasgadinho agitam a Ilha Tupinambarana, garantindo festas irreverentes e cheias de atitude, mas com o intuito de chamar atenção à diversidade.
Em 14 de março de 2004 nascia uma flor rosa chamada Boiola. A brincadeira, que nasceu entre amigos homossexuais e que sonhavam em ser itens oficiais do festival de Parintins, se transformou numa grande manifestação a favor da diversidade, levantando a bandeira contra o preconceito e a exclusão.
“A importância do Boi Boiola é de promover a todos os brincantes um espaço de diversidade onde os artistas em destaque (itens) possam ser vistos e reconhecidos de uma forma respeitosa pelo talento que cada um tem. Além de trazer alegria e diversão sem vulgaridade e apelações, com um humor saudável relacionado ao folclore regional”, explica Andrey Andrade, Vice-Presidente do Boi Boiola.
De cores lilás e branca, com uma borboleta na testa e duas batidinhas fortes de blush nas bochechas, o Rasgadinho foi fundado em 2010. Para Adriana Batista, Presidente do Boi-Bumbá Rasgadinho, o principal objetivo da brincadeira é levantar a bandeira contra a homofobia e homenagear os homossexuais que fazem parte do Festival Folclórico de Parintins através de apresentações que evidenciam a possibilidade de brincar de boi-bumbá da mais diversa e divertida forma.
“O Rasgadinho tem uma ‘forma humana’ como proposta de mostrar a alegria de pessoas que dão vida a símbolos culturais como o boi de maneira divertida. É o lado ousado do ser humano transferido para o boi e materializado na manifestação folclórica. Nós temos como intenção a exaltação da cultura da região por aqueles que carregam, que ajudam na concepção e tanto contribuem com o Festival de Parintins: os gays”, completou.
Ainda segundo Adriana, os itens, artistas e uma parte do Conselho do Boi Rasgadinho também trabalham para o Garantido e para o Caprichoso e, ao final da temporada, viajam para as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, onde trabalham nas escolas de samba na preparação para o Carnaval.
Boiola e Rasgadinho materializam a cultura LGBT nas ruas da cidade que abriga a festa de origem negra e escrava, marginalizada e proibida entre 1861 e 1868, mas que, durante muitos anos, excluiu a comunidade LGBT das organizações.
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