Ariel Bentes; 20/03/2020 às 17:00

Historiadora ‘puro-sangue’

Patrícia Sampaio escolheu estudar História por conta de um interesse grande em Arqueologia, mas não tinha como fazer esta formação na época. Durante a graduação de História na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), ela se apaixonou pela área e hoje é historiadora “puro-sangue”, como ela mesmo diz, pois possui graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado em História. 

“Faço parte mesmo é de um batalhão de mulheres que lutam, em diferentes lugares da existência com as armas que dispõem; as minhas foram forjadas na formação em História. Meu compromisso é não entregar menos do que recebi”, afirma Patrícia.

Foto: Acervo Pessoal

Ao longo da carreira, Patrícia sempre teve a preocupação em compreender a desigualdade, tornando o tema o seu principal problema de pesquisa. No mestrado, ela se dedicou a entender como se processava a construção da desigualdade econômica. Já no doutorado, a ideia era compreender como se forjaram e se naturalizaram as desigualdades e as diferenças entre as pessoas. Em seguida, Patrícia também pesquisou sobre as fronteiras do mundo do trabalho entre índios e africanos. Foi quando ela se deparou com as incríveis experiências dos Africanos Livres na Amazônia. Por meio deles, ela ingressou no estudo da presença negra na região.

Apesar disso, Patrícia afirma que a sua maior contribuição é como professora orientadora. Segundo ela, os seus ex-alunos dizem que ela formou uma espécie de “Quilombo Acadêmico”, onde ela acompanhou trabalhos na graduação e no mestrado que foram pioneiros no assunto. “É o caso dos estudos de Provino Pozza Neto sobre as alforrias, Ygor Cavalcante sobre fugas escravas, Juarez Silva Júnior sobre Monteiro Lopes, Geisi Mattos sobre a trajetória de Eduardo Ribeiro, Karollen Silva sobre a festa de Santo Benedito, Jéssika Costa sobre o trabalho urbano de mulheres escravizadas, entre tantos outros a mencionar”, disse.

Além disso, Patrícia também é autora do livro “O fim do silêncio: Presença Negra na Amazônia”. “Ele é fruto desse esforço coletivo de reunir trabalhos de diversos pesquisadores e pesquisadoras sobre o tema. Também me envolvi com vários movimentos sociais de negritude, especialmente, com o afro-religioso. Sempre que tenho oportunidade, procuro dar minha contribuição para o debate sobre a presença negra no Amazonas e, deste modo, colaborar com a luta contra a invisibilidade e contra o racismo”, ressaltou ela.

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