Nayá Costa; 22/03/2020 às 10:00

Divindades femininas e o vínculo com a água

No dia mundial da água, celebraremos as mulheres divinas ligadas ao elemento

Hoje, 22 de março, é comemorado o dia mundial da água. Considerada símbolo sagrado de diversas religiões e crenças, a água têm um papel importante na história de divindades femininas. Das lendas amazônicas às religiões africanas, as mulheres divinas em sua maioria possuem tal vínculo com o elemento.

Confira abaixo algumas das divindades femininas que possuem vínculo com a água.

Iara

Uma das lendas mais conhecidas na Amazônia é a da Iara. A Iara é descrita como uma linda mulher, de cabelos negros e olhos escuros. Alguns descrevem Iara com uma cintilante estrela na testa, que funciona como chamariz que atrai e hipnotiza os homens. Acredita-se também que ela tem forma de peixe na parte inferior do corpo, outros dizem que é apenas um vestido, ou uma espécie de saia que ela veste por vaidade e para dar a ilusão de ser metade mulher, metade peixe.

Segundo a lenda, a maioria dos homens não voltam vivos. Iara encanta-os com sua beleza e aqueles que a vêm nos rios não conseguem resistir e atiram-se nas águas. Os poucos sobreviventes ficam assombrados, falando coisas fantasiosas. Para quebrar o encanto é preciso muita reza e pajelança. Em certos locais, dizem que a Iara é um boto-fêmea. Em outros lugares dizem ser a própria boiúna (cobra grande).

Lenda da Vitória-Régia

De origem tupi, a lenda conta que há muitos anos, nas margens do majestoso rio Amazonas, as jovens e belas índias de uma tribo se reuniam para cantar e sonhar sobre o amor. Elas ficavam por longas horas admirando a beleza da lua e o mistério das estrelas, sonhando um dia ser uma delas. 

Em uma noite de lua cheia, onde o reflexo do luar iluminava as águas, a mais jovem e sonhadora índia subiu em uma árvore alta para tentar tocar a lua. No dia seguinte, subiu montanha distantes para sentir com suas mãos a lua, mas novamente falhou. A índia acreditava que se pudessem tocar a lua, ou mesmo as estrelas, se transformaria em uma delas. 

Noites depois, a índia Naiá deixou a aldeia e foi até o rio esperando realizar seu sonho. Lá, observou a lua refletindo sua imagem na superfície da água. A índia, em sua inocência, pensou que a lua tinha vindo se banhar no rio. Naiá mergulhou nas profundezas das águas, desaparecendo para sempre. A lua, sentindo pena daquela jovem vida perdida, transformou a índia na estrela das águas – a flor Vitória-Régia – com um inebriante perfume e pétalas que se abrem ao luar para receber em toda sua superfície, à luz da lua.

Lenda das Amazonas

Historiadores afirmam que o navegador Francisco de Orellana não combateu com mulheres. Na verdade, teria se defrontado com uma tribo de índios encabelados que eram auxiliados pelas mulheres. Mas o frei Gaspar de Carvajal, que participou da expedição, testemunhou a existência das mulheres guerreiras.

Os índios falavam em Icamiabas, que significa “mulheres sem maridos”. As Icamiabas viviam no interior da região do Rio Nhamundá. Ali, eram regidas por suas próprias leis. Dizia-se que as Icamiabas realizavam uma festa anual dedicada à lua e durante a qual recebiam os índios Guacaris, com os quais se acasalavam. Depois do acasalamento, mergulhavam em um lago chamado Iaci-uaruá (Espelho da Lua) e iam buscar, no fundo, a matéria-prima com que moldavam os muiraquitãs, os quais, ao saírem da água, endureciam. Então presenteavam os companheiros com os quais tinham feito amor. No ano seguinte, na realização da festa, as mulheres que tinham parido ficavam com as filhas e entregavam os filhos para os Guacaris. 

Amazonas foi o nome dado às mulheres guerreiras da Antiguidade que habitavam a Ásia Menor e cuja existência alguns historiadores consideram um mito, assim como no Amazonas. Segundo a lenda, elas removiam um dos seios para melhor envergar o arco, deixando o outro para amamentar seus rebentos, que, se nascessem do sexo masculino, eram impiedosamente sacrificados.

Iemanjá

Considerada a Rainha do Mar, Iemanjá é uma das divindades femininas mais queridas da Umbanda e do Candomblé. Muito cultuada e respeitada, Iemanjá é tida como a mãe de quase todos os Orixás. Sua representatividade está muito ligada à fecundidade e o forte vínculo com a água.

Iemanjá é a padroeira dos pescadores. É ela quem decide o destino de todos aqueles que entram no mar. Também é considerada como a “Afrodite brasileira”, a deusa do amor a quem recorrem os apaixonados em casos de desafetos amorosos.

Nos candomblés fiéis às origens africanas, o culto é prestado em locais fechados, nos atuais o culto é ao ar livre, prestado no mar e nas lagoas, sendo Iemanjá muitas vezes representada como sereia. Os devotos levam para o mar vários presentes que são tidos como recusados quando não afundam ou quando são devolvidos à praia.

Oxum

Deusa do amor e orixá das águas doces (rios, fontes e lagos). Oxum é aquela que mantém em equilíbrio as emoções, da fecundidade e da natureza. Por ter recebido o título como a Orixá do amor, é ela a mais procurada para as questões de união e relacionamentos. Todos aqueles que procuram por paz e estabilidade em uma relação, podem pedir à Oxum a sua benção para essa questão.

Segundo a história, Oxum sempre impôs suas vontades. Era comum que os Orixás masculinos se reunissem para discutir assuntos sobre a humanidade. Oxum sempre achou isso muito injusto, pois sabia que tinha sabedoria e poder o suficiente para opinar sobre as questões dos homens, mas mesmo insistindo nunca conseguiu espaço para se expressar.

Afrodite

Mais conhecida como a deusa do amor e da sexualidade, Afrodite também foi reverenciada na Antiguidade por sua forte relação com o mar.

Afrodite surgiu a partir das espumas do mar durante a batalha entre Cronos e Urano pelo domínio da Terra. Em meio à luta, Cronos cortou os órgãos genitais de Urano e os lançou ao mar. Do contato da carne com a água formou-se uma espuma branca e dela, nasceu uma bela mulher, Afrodite.

Devido a esta especial ligação com o mar, a deusa era reverenciada por marinheiros na Grécia Antiga, os quais oravam e pediam-lhe proteção sempre que se lançavam em novas viagens pelas ondas.

Nereidas

As nereidas ou nereides eram as cinquenta filhas de Nereu e de Dóris. Nereu, um deus marinho mais antigo que Netuno, compartilhava com elas as águas do mar Egeu. Já Dóris era filha de Oceano e de Tétis. As nereidas eram veneradas como ninfas do mar, gentis e generosas, sempre prontas a ajudar os marinheiros em perigo. Por sua beleza, as Nereidas também costumavam dominar os corações dos homens. São representadas com longos cabelos, entrelaçados com pérolas. Trazem à mão um tridente e são metade mulheres, metade peixe.

Mama Cocha

Mama Cocha é a deusa inca de todas as águas. Ela representa o mar e suas marés. Está relacionada com os lagos, rios e fontes de água, e segundo lendas seus filhos eram os mananciais. Esposa do deus supremo Viracocha, Mama Cocha também era a deusa que representava tudo o que era feminino e, do mesmo modo, dava equilíbrio ao mundo conhecido. Era uma das Quatro Mães elementares; as outras três eram a Pacha Mama, Mama Nina e Mama Waira. Conta uma antiga lenda inca que Mama Cocha era filha do Sol e da Lua. 

Calipso

Calipso, na mitologia grega, era uma ninfa do mar. Segundo Hesíodo seria uma das Oceânides filhas dos titãs Oceano e de Tétis, e vivia em uma gruta, na encosta de uma montanha na ilha de Ogígia. A entrada da sua morada era cercada por um bosque sagrado, onde havia uma fonte, também sagrada. 

Melusina

Melusina  é uma personagem da lenda e folclore europeus, um espírito feminino das águas doces em rios e fontes sagradas. Ela é geralmente representada como uma mulher que é uma serpente ou peixe (ao estilo das sereias), da cintura para baixo. Melusina é um dos espíritos das águas pré-cristãos que às vezes são responsabilizados pela troca de crianças.

Electra

Electra, na mitologia grega, era filha de Agamemnon e Clitemnestra. Levada mais pela fúria do que pela maldade, induziu seu irmão Orestes a assassinar sua mãe, vingando a morte de seu pai.. Esse seria um ato do qual ambos se arrependeriam, pois, antes de sua morte, a rainha havia dito que amava os filhos, e que tratava-a mal para que Egisto, seu amante e também inimigo e assassino de Agamemnon, não desconfiasse de seus sentimentos pela filha, e, assim, não fizesse mal a esta. A princesa não se deixando levar pela compaixão, a mata sangrentamente.

Eurínome

Eurínome, na mitologia grega, era uma oceânide, filha de Oceano e Tétis. Foi protótipo da Deusa mãe criadora e a mais importante divindade dos pelasgos, o povo que ocupou a região da Grécia em tempos pré-históricos antes da invasão jônica e dórica. Na Suméria ela era conhecida como Iahu Anat, que significa “pomba sublime”. A lenda é um dos mais antigos mitos da Criação existente desde a invenção da escrita. Eurínome é a Mãe Primordial dos Deuses e a Criadora do Universo, que governou o Olimpo antes da chegada do patriarcado e do reinado dos deuses masculinos.

Estige

Estige, na mitologia grega, é uma ninfa e também um rio infernal de Hades dedicado a ela. Ajudou Zeus na guerra Titanomaquia contra os titãs e foi recompensada com uma fonte de águas mágicas que desaguavam no Tártaro. Estige também é o nome do rio da invulnerabilidade, um dos rios do Tártaro. Segundo uma versão da lenda de Dioniso, uma promessa feito a partir pelo Estige é o voto mais sagrado que pode ser feito. Nem mesmo os deuses podem quebrar uma promessa pelo Estige. 

Estige aparece em várias histórias. Numa das mais comuns, Tétis tentou tornar o seu filho Aquiles invulnerável mergulhando-o nas águas desse rio. Porém, ao mergulhá-lo, suspendeu-o pelo calcanhar (o calcanhar de Aquiles), ficando esta parte vulnerável, o que acabou sendo o motivo de sua morte durante a Guerra de Tróia.

Filira

Filira, na mitologia grega, era uma oceânide, filha de Oceano e Tétis. Ela se casou com Náuplio, com quem teve vários filhos. Ela também foi mãe do centauro Quíron, com Cronos. Quando Quíron nasceu, ela ficou tão triste com sua aparência que o abandonou. Ela é a deusa do perfume, escrita, cura, beleza e papel. Ela ensinou a humanidade a fazer papel.

Leuce

Na mitologia Grega, era o nome de uma das oceânides, e também como chamavam a atual ilha ucraniana de Fidonisi (Ilha das Serpentes). Leuce foi violada por Hades, deus dos mortos. Após sua morte natural o deus, para eternizá-la, transformou-a no álamo branco que crescia nos Campos Elísios. Outras versões dizem que Perséfone, a esposa de Hades e deusa do submundo, teria sido a responsável pela transformação.

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