O Dia do Folclore é celebrado hoje, 22 de agosto. Instituída em 1965, durante o Congresso Nacional Brasileiro, a data tem o propósito de valorizar as histórias e os personagens do folclore brasileiro, sendo marcado por várias comemorações em todo país e dedicado a ouvir e contar histórias sobre personagens como Saci-Pererê, Curupira, Boto, Boitatá e muitos outros. Desta forma, a cultura brasileira ganhou mais uma forma de ser preservada, além de possibilitar a passagem da cultura folclórica de geração em geração.
Em homenagem a esta data, o Mercadizar.com conversou com os ilustradores Mário Adolfo, Paulo Teles e Rogério Vieira Jr. Confira:
Mário Adolfo
Mário Adolfo nasceu em Manaus, é jornalista há 40 anos e autor de cinco livros. Sua principal criação foi o Curumim, personagem indígena que questiona as ações do “homem branco” na floresta.
Mercadizar: De onde surgiu a ideia de criar o Curumim?
Mário Adolfo: Por volta de 1979, quando eu já estava na UFAM cursando Jornalismo, fui convidado pelo professor Ribamar Bessa para desenhar charges no Porantin, jornal da causa indígena que circulava na Universidade. Isso, de certa forma, me envolveu nos problemas que naquela época já começavam a surgir, como a invasão das terras indígenas e a exploração irracional da Amazônia. Pouco tempo depois, quando entrei no jornal A Crítica, o empresário e jornalista Umberto Calderaro me “desafiou” a editar um suplemento infantil. Então eu decidi que faria, mas com algo que fosse a cara da Amazônia e de Manaus. Tentei fugir dos enlatados, que já chegavam prontos na redação, como Turma da Mônica, Disney, Peanuts, etc. E criei o Curumim, “O último herói da Amazônia”, um indiozinho que questiona os contrastes do chamado “homem civilizado” e que há mais de 30 anos luta pela preservação da floresta. O lançamento do personagem aconteceu em 1º de maio de 1983.
Mercadizar: De que maneira você acredita que sua arte pode dar mais visibilidade para a Amazônia?
Mário Adolfo: Já vem dando. O Curumim já foi lançado na Suécia, em 1988, na Academia real de Ciências Sueca (onde é anunciado o Prêmio Nobel), já foi tombado como Patrimônio Imaterial e Cultural do Amazonas, já foi publicado em livro didático de Gramática pela Saraiva e está às vésperas de virar um musical no teatro. Formou, “ecologicamente”, toda uma geração que cresceu respeitando a floresta os índios e sabendo que os quadrinhos são uma das maiores ferramentas dos Meios de Comunicação de Massa.
Rogério Vieira Jr.
Rogério Vieira Jr. é formado em design pela Faculdade Martha Falcão Wyden (à época DeVry) e especializado em design em animação pela Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro.
Mercadizar: De onde surgiu seu interesse por ilustrações?
Rogério Vieira: Surgiu quando eu ainda era criança, e eu assistia aos desenhos animados na tv e tentava desenhá-los de cabeça, ficava impressionado em como aquilo era feito e logo surgiu, minha motivação para trabalhar na área.
Mercadizar: Como funciona seu processo criativo?
Rogério Vieira: Depende de qual trabalho estou executando, mas sempre há muita pesquisa, vou atrás de referências, lugares, formas, cores… mas também sempre rabisco muito antes de começar qualquer trabalho.
Mercadizar: Qual a ilustração que mais te marcou?
Rogério Vieira: A Ilustração / animação que me acompanha até hoje, que é o Boto fora d’água, o personagem da lenda o Boto-cor- de-Rosa da Amazônia, representando a região Norte.
Paulo Teles
Paulo Teles é desenhista há 15 anos e já trabalhou para Marvel e DC. Ele deixou sua antiga agência de lado para investir na House137, que tem como foco a criação de HQ’s independentes, que são distribuidas gratuitamente pelo instagram.
Mercadizar: De onde surgiu seu interesse por ilustrações?
Paulo Teles: Meu interesse por ilustrações e quadrinhos vem desde criança, quando meu tio me dava umas HQ’s de presente. Eu costumava ler muitas HQ’s da Disney e a primeira que eu lembro de ter lido foi uma do Homem Aranha contra o Tarântula e o Capitão América, e eu achei muito legal! A partir daí eu comecei a desenhar e desde então não parei mais.
Mercadizar: Como funciona seu processo criativo?
Paulo Teles: Meu processo criativo começa com um esboço, usando minhas referências mentais mesmo. Conforme as situações vão surgindo, eu vou procurando referências na internet e se ainda assim eu não estiver inspirado, eu jogo um pouco de videogame, assisto séries e ouço músicas ou podcasts. Isso me ajuda bastante durante o processo.
Mercadizar: Qual a ilustração que mais te marcou?
Paulo Teles: Foram várias, eu acredito que todo ano faço uma que me marca bastante. No momento, a que mais me marcou foi essa ilustração que fiz ano passado.
Mercadizar: De que maneira você acredita que sua arte pode dar mais visibilidade para a Amazônia?
Paulo Teles: Eu acredito que não só minha arte, mas a de muitos artistas amazonenses, é de grande importância, principalmente agora que estamos vivenciando essas catástrofes ambientais na nossa floresta. Precisamos trazer atenção pra cá, pois nossa floresta é nosso patrimônio e ninguém tem o direito de acabar com ela. Acredito que nós, artistas, precisamos trabalhar o folclore regional, por ser nossa riqueza e nossa origem. Inclusive, nós da house, estamos finalizando uma HQ, que será lançada mês que vem e conta a história do Guardião da Floresta, Anhagá. A história fala sobre preconceito, mitologismo e heroísmo. A HQ estará disponível no nosso instagram e também será impressa.
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