Isabella Botelho; 23/12/2020 às 11:30

Desenhos feitos por crianças quilombolas ribeirinhas e periféricas durante a pandemia viram animação

A obra é resultado de uma oficina virtual realizada na II edição do Festival de Cinema das periferias - Telas em Movimento

O Festival de Cinema das Periferias da Amazônia – Telas em Movimento encerra suas ações do ano lançando a Animação “Telas da Esperança” que vai ao ar hoje, 23 de dezembro nas redes sociais e no site do projeto. A obra foi produzida por uma turma de ilustradores negros da região durante a oficina virtual de Introdução à Animação que teve como foco desenvolver histórias e desenhos feitos durante a pandemia por crianças do Guamá, Terra Firme, Ilha do Combu e do quilombo de Pitimandeua, em Inhangapi, próximo ao município de Castanhal. As comunidades envolvidas também serão abraçadas com uma ação de Natal que vai realizar doações de brinquedos, itens de higiene pessoal e revistas em quadrinhos paraense.

Oficina de Introdução à Animação (Foto: Divulgação/Assessoria)

Ações emergenciais

Este ano o projeto atendeu centenas de famílias de bairros periféricos e comunidades ribeirinhas da região metropolitana de Belém, mobilizando agentes de saúde, campanhas de comunicação comunitária, distribuindo cestas básicas, kits de higiene, máscaras e kits pedagógicos numa ação denominada de Telas contra o Covid-19 que teve como ponto de partida uma campanha de financiamento coletivo realizada por meio do Benfeitoria e Fundo EnFrente. O projeto então resolveu encabeçar uma segunda etapa e elaborou, em parceria com o Coletivo Pretinta, um material em que as crianças foram convidadas a criar um universo próprio, onde a população é salva e combate o coronavírus. Assim nasceu o “Telas da Esperança”, com o objetivo de estimular a prevenção dentro de casa, conscientizando e alimentando a esperança nas comunidades a partir da perspectiva das crianças. O primeiro resultado da vivência foi uma exposição realizada no mês das crianças, em outubro, na Galeria Theodoro Braga, no Centur, a primeira mostra de arte infantil do espaço em 40 anos de existência. “Ano que vem, em um cenário mais seguro, pretendemos realizar 5 exposições, desta vez nas comunidades envolvidas. Queremos mostrar que a arte não tem portas fechadas, é acessível a todos”, relata Thais Sombra, produtora da exposição.

Do desenho à animação

O segundo passo foi transformar esses desenhos e histórias em animações, em parceria com o projeto  Desabafo Social e o Instituto Galo do Amanhã, por meio do edital de apoio a comunicadores periféricos, foi realizada uma formação online de introdução à animação ofertadas a ilustradores negros das periferias de Belém ministrada pelos membros do Coletivo Macumba Lab, do Rio Grande do Sul (RS).  “A experiência de troca com a galera de Belém foi uma experiência nova pra mim, sinto que aprendi muito, foi uma troca, eu e Phelipe Caetano, estávamos ministrando a oficina mas a gente também aprendeu com eles. Todos os alunos eram ilustradores, então foi o trabalho de adaptar essa habilidade que eles já tem e colocar em movimento.” relata Marina Keber umas das facilitadoras nesse processo, e completa: “fiquei bem satisfeita com o resultado final, eu achei que eles interpretaram as histórias e os personagens que as crianças criaram de uma maneira bem interessante, ficou uma animação bem emocional pelo momento que a gente está vivendo”.

Um dos participantes do laboratório, o ilustrador Rodrigo Leão, também relata sua experiência: “O Telas em Movimento é uma iniciativa de pessoas pretas e periféricas, então a gente se vê, se reconhece e tem trocas profissionais, educativas e afetivas. Fiquei muito grato e com a cabeça borbulhando criativamente, por ter esse tipo de oportunidade de aprender algo novo, principalmente com as pessoas que deram as aulas, pois foram mega didáticos e abertos para compartilhar tudo o que elas tinham.” Quanto suas expectativas em relação ao lançamento da animação, Rodrigo declara: “Espero que tenhamos cumprido nosso objetivo de nos comunicarmos de forma leve, objetiva e acessível, tendo cuidado com as representações das comunidades e, principalmente, com o ponto de vista e expressão das crianças, que essas animações evoquem um sentimento de coletividade, lembrando que ainda estamos em pandemia e que não estamos sozinhos nisso”.

Ação de Natal

Como última ação do ano, o Telas da Esperança volta às comunidades distribuindo brinquedos, kit de higiene com escova dental, creme dental, sabonete e informativos, e a revista em quadrinhos “A Turma do Ypê” que mistura aventura e consciência ambiental tendo como cenário a floresta amazônica e as cidades que fazem parte desse ecossistema. Essa ação é realizada em parceria com a UNICEF e a Cooperação da Juventude Amazônica pelo Desenvolvimento Sustentável (COJOVEM) e será distribuído junto a lideranças comunitaŕias dos bairros do Jurunas, Guamá, Quilombo de Pitimandeua e Comunidades das Ilhas do Combu. 

Para as pessoas que queiram colaborar com o projeto, a arrecadação de brinquedos que teve início na Exposição Telas da Esperança na Galeria Theodoro Braga se estende até dia 23 de dezembro. Os brinquedos podem ser entregues na Casa Samaúma, localizada na travessa Frutuoso Guimarães, 648.  

Fonte: Assessoria

*O Mercadizar não se responsabiliza pelos comentários postados nas plataformas digitais. Qualquer comentário considerado ofensivo ou que falte com respeito a outras pessoas poderá ser retirado do ar sem prévio aviso.