Desde que entramos em isolamento social, você percebeu que tem passado cada vez mais tempo no celular e atualizado mais as redes sociais?
Nos últimos meses, as pessoas redescobriram formas de se comunicar a distância e as marcas e personalidades públicas também precisaram ampliar sua presença digital e adaptar seus discursos. Para suprir a necessidade de informação, conteúdo e entretenimento, os criadores passaram a investir em novos formatos, como lives, challenges e outros jeitos de fazer vídeo para se comunicar com o público. Em pouco tempo, a resposta a essas iniciativas apareceram na forma de aumento no engajamento desses criadores e nas propostas de marcas, que viram uma boa oportunidade para alavancar as vendas e estar mais próximas ao público.
Apesar do movimentado momento que o segmento de influenciadores indica estar vivendo, também houve necessidade de alteração na forma e teor daquilo que é comunicado. A mensagem atual envolve temas como consumo necessário e consciente, coletividade, ajuda ao próximo e alternativas de entretenimento durante o período de isolamento, como afirma Felipe Oliva, CSO e co-fundador da Squid, em entrevista à Mercadizar.
“Hoje, mais do que nunca, a epidemia que fez o mundo parar e ver tudo das janelas das nossas casas precisou se reinventar, pois não é possível ter um super cenário para conteúdo publicitário, e isso não faz mais sentido. Agora a força é entre as conexões humanas. Então é um momento no qual nos conectamos com quem é responsável por consumir as marcas e ninguém melhor que os criadores de conteúdo para isso. E para os influenciadores, também é uma chance de testar novas possibilidades, de se inspirar mais para criar aquilo que faz bem. Estamos tratando mais de pessoas como seres únicos do que o coletivo”.
Além de reforçar as conexões humanas, a pandemia também evidenciou a diferença entre influenciadores e criadores de conteúdo, como explica Yheuriet Kalil, CEO da agência de marketing de influência Mosaico. “Aqueles influenciadores que só compartilham o seu a dia a dia antes da pandemia, durante o isolamento ficaram sem assunto. Além disso, esse período fez com que explodisse o número de nano influenciadores: pessoas que se descobriram criadoras de conteúdo compartilhando conhecimento em casa. Outro fator importante que fez com que o mercado de influenciadores crescesse foi que no início da pandemia muitos shootings e produções foram impossibilitados devido o isolamento social. No lugar entraram os creators, o criador de conteúdo que investe em sua profissionalização e que possui os equipamentos necessários para a uma produção de conteúdo visualmente mais bem acabada: câmeras, luzes, chroma keys e tudo mais que é necessário”.
Por conta da pandemia, produtores de conteúdo também precisaram se adaptar, pensar em soluções criativas e novos formatos para sobreviver a pandemia. A influenciadora manauara Amanda Monteiro, de 22 anos, compartilhou em entrevista à Mercadizar um pouco de sua experiência durante o período. Influenciadora focada em estilo e brechó, ela apostou em um novo nicho de conteúdo durante o isolamento: decoração e reformas ao estilo DIY.
“Eu senti que precisava melhorar o ambiente que eu mais passava tempo na quarentena: meu quarto. Foram muitos orçamentos de tinta e alguns móveis, fui compartilhando nos stories e o meu público amou! Assim nasceu o quadro Amandecora, no qual eu falo sobre reforma, decoração e valores. Até hoje a galera adora e sempre me pede mais”, explica.
Hoje, o trabalho com a criação de conteúdo é sua principal fonte de renda. Amanda trabalha, principalmente, com permutas e “publiposts” (postagens-propaganda) financiados pelas empresas. Acostumada a produzir muito conteúdo em externas, tudo isso precisou ser adaptado durante a pandemia: os cenários, antes muito coloridos e pelas ruas da cidade, passaram a ser dentro de casa, um verdadeiro desafio de criatividade. Além disso, durante a quarentena, ela ainda atendeu a pedidos de seus seguidores e promoveu o projeto Desencalha Esse Projeto, uma semana de lives e conteúdos especiais com convidados da área para falar sobre criação de conteúdo, criatividade, influência e empreendedorismo.
Em entrevista, ela ainda ressaltou as particularidades e os desafios da produção de conteúdo no Norte, que se acentuaram durante a pandemia. “Eu e muitas meninas conseguimos cativar público, produzir conteúdos excelentes mas ainda é como se isso não fosse uma ‘profissão de verdade’ no imaginário de muitos. Sinto também que as pessoas já transformaram o ‘ser influenciadora’ em um padrão: você precisa ser magra, ser branca, rica, viver uma vida luxuosa, e quando outras meninas emergem fora dessa bolha, não são tão valorizadas. É um pensamento triste e machista e racista. Outro ponto é ser vista por marcas nacionais, sentimos que as ações dessas empresas se limitam muito ao sul e sudeste, não incluindo Nordeste e Norte, e nele o nosso Amazonas”, afirma.
A também influenciadora manauara Beatriz Araújo teve uma experiência um pouco diferente. Com foco em maquiagem, ela já estava acostumada a produzir conteúdo dentro de casa, mais especificamente em seu quarto, cenário conhecido por seus 20 mil seguidores. Sem aulas na faculdade – ela é estudante de Direito -, em entrevista à Mercadizar, Bea contou que, durante a quarentena, intensificou a produção de conteúdo para as redes sociais, buscando inovar e estar cada vez mais presente.
“A quarentena foi quando eu mais produzi conteúdo, ganhei muitos seguidores durante esse tempo. Eu lancei um curso online, lancei um minicurso gratuito, fiz vários quadros no Instagram, voltei para o YouTube, voltei para o TikTok e comecei a produzir conteúdo para todas as redes sociais. Realmente foi muito proveitoso”.
Atualmente com 230 mil seguidores no Instagram, a influenciadora Kenya Borges começou a produzir conteúdo para a Internet há cerca de dois anos. Inicialmente, o foco do canal no YouTube era falar sobre cuidados para os cabelos afro. Em conversa com o Mercadizar, ela revelou que criou o canal quando tinha acabado de finalizar sua transição capilar e, aos poucos, levou o conteúdo para o Instagram.
“Toda vez que eu pegava ônibus ou estava pelo bairro onde eu morava, perguntavam sobre o meu cabelo e eu explicava o que eu fazia. Então, há dois anos atrás, eu resolvi criar um canal no YouTube para falar sobre o cabelo: comecei explicando como fazia volume, como finalizava com o creme e tudo mais. Logo depois, comecei a soltar esse conteúdo no meu perfil pessoal no Instagram. Depois disso, eu pintei meu cabelo de azul e fui dando dicas para quem tinha o cabelo colorido”.
Conhecida nas redes sociais por seus tutoriais e challenges de maquiagem, Kenya apenas entrou para o nicho após passar por uma experiência capilar um tanto quanto inesperada: devido a um processo de pintura que deu errado, ela precisou raspar o cabelo. Com isso, ela, conta, que conseguiu enxergar melhor seu rosto. Foi aí que ela decidiu investir na maquiagem.
“Primeiro, eu fiquei muito mal por não ter ficado do jeito que eu queria, mas depois eu pensei: ‘Não é só porque eu vou ficar sem cabelo que não posso estar bonita’. Eu comecei até a me amar mais. Já que eu estava sem cabelo, precisei repensar o meu conteúdo. Então, decidi fazer maquiagens. Comecei a fazer vídeos mais curtos, como fazem hoje. As pessoas gostaram e eu fui ganhando seguidores. O meu cabelo foi crescendo junto e eu comecei a focar nos dois”.
No ano passado, a influenciadora participou da segunda temporada do reality show Corrida das Blogueiras. Feito pelo canal Diva Depressão, a competição nasceu inspirada no RuPaul’s Drag Race e tinha como objetivo escolher a próxima grande blogueira do Brasil. Ela participou de provas para montar os melhores looks, produzir e gravar stories, editar vídeos e entregar “publis” criativos. Ao fim da competição, a paulista foi escolhida a vencedora do reality com 51,9% dos votos.
Durante a pandemia, Kenya precisou fazer algumas adaptações para seu conteúdo, além de experimentar novos nichos e aprender ela mesma a produzir seus vídeos e fotos. “O que eu mais estranhei foram os trabalhos que começaram a fazer e nós precisarmos produzir mesmo os cenários. Um exemplo é a campanha da Embelleze, da qual sou embaixadora, e eu tive que montar tudo em casa, pedir ajuda do meu marido etc. Foi muito bom porque eu ainda era meio crua nesse quesito. Outra coisa que eu fiz de diferente foi trabalhar com lojas de roupa, eu ainda não fazia muito isso”.
Febre do TikTok e um novo nicho de criadores
Além das redes sociais já conhecidas, durante a pandemia, o TikTok, aplicativo lançado oficialmente em 2016, se consolidou como um dos aplicativos mais populares do momento. A plataforma chinesa, que já vinha se tornando um hit em todo o mundo desde 2019, bateu o recorde de downloads nos marketplaces da Apple Store e do Google Play já nos três primeiros meses do ano, de acordo com a Sensor Tower, empresa de marketing do Vale do Silício que monitora dados das redes sociais.
No início, o TikTok parecia apenas mais uma rede social com pequenos filmes engraçados, aos moldes do Vimeo. Aos poucos, provou ser um fenômeno. Surfando no isolamento social, a plataforma antes popular entre a Geração Z, virou uma febre entre jovens e adultos. Especificamente no Brasil, durante a quarentena, o app aumentou 35% entre adolescentes e jovens, 24% entre adultos de 35 a 55 anos e 14% entre pessoas com mais de 55 anos, conforme levantamento da Kantar Ibope.
De acordo com especialistas da área, há várias razões apontadas para o sucesso. Com seu lado lúdico, o aplicativo, que funciona como uma rede social de vídeos curtos – entre 15 e 60 segundos -, fez com que as pessoas se distraíssem do medo e da ansiedade vividas durante esta pandemia através do entretenimento rápido, um importante fator para engajamento.
“Se o conteúdo auxilia ou entretém o seguidor que está isolado em casa, ele se torna relevante. Para se destacar entre tantos conteúdos, o creator deve ter autenticidade, criatividade e uma ótima curadoria do assunto que domina, além de entender para qual público ele está falando”, afirma Yheuriet Kalil.
O aplicativo oferece diversas ideias e recursos aos usuários, desde desafios, dublagens, danças, esquetes de humor até duetos com outros vídeos, que tem atraído diversos adeptos, inclusive artistas e influenciadores. Além disso, a possibilidade de compartilhar esses vídeos em outras redes, como o WhatsApp, Instagram e Twitter, também ajudou a expandir sua popularidade.
Outro segredo é o algoritmo desenvolvido por seus criadores. Ao abrir o TikTok, o usuário é apresentado a uma infinidade de vídeos, podendo facilmente selecionar as imagens a partir de seus interesses. Cada internauta acaba tendo acesso a um “cardápio” atraente e customizado, que se molda ao seu gosto e reproduz novas tendências.
Mario Jr, o sedutor do TikTok
Mesmo que você não tenha se rendido ao TikTok durante a quarentena, com certeza assistiu aos vídeos de Mario Jr. Conhecido como o “sedutor do TikTok”, ele ficou famoso pelo bordão “Oi, Letícia, né?” e ganhou diversas paródias nas redes sociais.
Nascido no interior de São Paulo, o influenciador, que hoje tem mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 4 milhões no TikTok, foi morar na Inglaterra há cerca de três anos para trabalhar e juntar dinheiro para cursar Jornalismo. Em entrevista à Mercadizar, ele contou que aderiu ao TikTok de brincadeira no início do isolamento social, entre março e abril. No entanto, seu conteúdo só viralizou em junho, atraindo mais de 300 mil seguidores em poucos dias. Atualmente, já são mais de 5 milhões na plataforma e 1,7 milhões no Instagram (atualizar números).
“Quando eu viralizei na Internet, já estava com cerca de 300 mil seguidores no TikTok, mas era muito interno, não ia para as outras plataformas. Viralizou o vídeo no Twitter e muitas pessoas comentaram. Eu imaginei que fosse só aquele vídeo, mas logo em seguida, viralizou outro. Às vezes eu tô nas redes sociais e vejo um vídeo meu aleatoriamente”.
A linha editorial dos vídeos de Mario é, principalmente, a sedução em formato POV (do inglês Point Of View). Através dele, o interlocutor assume o papel de um personagem que dialoga diretamente com o público de modo que a pessoa que assiste se sente personagem da história. Ele escreve seus próprios textos e, para se inspirar, assiste muitas comédias românticas – principalmente as protagonizados por Ashton Kutcher e Ryan Reynolds, seus atores favoritos – , além de ouvir músicas que falam sobre o amor.
“Minhas principais referências são os conteúdos que eu consumo. Eu gosto muito de filmes e séries, então acabo produzindo muitos vídeos sobre os temas que eu gosto. Eu gosto muito de comédias românticas no geral. O meu filme favorito é ‘A Proposta’, com o Ryan Reynolds, mas também gosto muito dos filmes do Ashton Kutcher”, explica.
Com toda repercussão alcançada, não demorou muito para Mario receber os primeiros convites para gravar com influenciadores digitais famosos, como Rafa Kalimann, Manu Gavassi, Lucas Rangel e Júlio Cocielo. O coletivo de humor Porta dos Fundos também entrou na brincadeira, com o vídeo “Roi, Yollanda?”, lançado em 17 de julho. Além das participações especiais, ele também foi procurado por muitas marcas para trabalhos, como Trident, Guaraná Antarctica e Leite Moça, e recebeu três indicações ao prêmio MTV Millennial Awards 2020, nas categorias “Meme da Quarentena”, “Tik Toker Absurdo” e “Hino do ano”.
Antes de sua volta ao Brasil, em outubro, Mario Jr. passou uma temporada em Portugal, onde fez aulas de artes cênicas com a atriz brasileira Karla Muga. O galã do Tik Tok já recebeu propostas para fazer dois filmes no Brasil. Ele planeja criar um canal no YouTube, mas ainda não definiu o conteúdo.
Ademara Barros, a Ademaravilha
Conhecida por seus vídeos de humor na Internet, Ademara Barros, a Ademaravilha, nasceu na cidade de Igarassu, em Pernambuco. Atualmente, ela mora no Rio de Janeiro, para onde se mudou no ano passado a fim de trabalhar como jornalista, sua primeira formação. Em terras cariocas, ela divide seu tempo e dedicação com uma outra grande paixão: o teatro, que estuda desde os 14 anos.
No Teatro Tablado, tradicional escola de teatro fundada em 1951 pela escritora e dramaturga brasileira Maria Clara Machado e de onde saíram grandes nomes da atuação brasileira, como Andréa Beltrão, Miguel Falabella e Sophie Charlotte, ela se dedica integralmente à comédia e ao humor.
Trabalhando em regime híbrido durante a quarentena, ela teve um pouco mais de tempo para se dedicar a produção de trabalhos voltados ao stand up, mas produzir especificamente para a Internet não era uma opção. Tudo começou após publicar um vídeo dublando o meme de Rayanne Menezes, estudante que reclama da prova do Enem. O conteúdo viralizou e, a partir disso, ela passou a receber pedidos para que produzisse mais vídeos. Paralelo a isso, ela conta, surgiu uma tendência de criar vídeos no TikTok sobre vocabulários locais e ela fez um sobre o vocabulário pernambucano. Mais uma vez, ela viralizou. A partir daí, Ademara viu uma boa oportunidade para usar seus textos humorísticos escritos para o stand up e, assim, seus vídeos inundaram as redes com personagens únicos, como a repórter sudestina Laura Tampurini e o esquerdomacho.
Apesar do teor cômico, seu conteúdo vai muito além do humor, fazendo também uma sátira do cotidiano. Com caricaturas divertidas de estereótipos populares – como “esquerdomacho“, “repórter sudestina” e “intercambista de Dublin” – , a comunicadora levanta críticas sobre assuntos como feminismo, preconceito regional e supervalorização da Europa através de seus vídeos. Em entrevista, ela explicou que partiu de experiências pessoais, principalmente as não tão boas vividas no Rio de Janeiro, para a produção de seus textos.
“Pra mim, foram muitas situações contraditórias que aconteceram e eu colocava nesse texto. Depois que eu comecei a viralizar com vídeos mais leves, eu entendi que podia fazer o humor de uma maneira mais autoral porque, até então, eu estava seguindo uma ou outra tendência. E aí eu percebi que podia fazer algo mais autoral para gerar a identificação do meu público e promover uma reflexão. Eu sou jornalista. Quando você vira jornalista, isso vira um traço da sua personalidade, não tem como deixar de ser nunca mais”, explica.
Ser uma pessoa de fora no eixo Rio-SP nem sempre é tão fácil, ainda mais quando falamos das regiões Norte e Nordeste. “Uma das minhas maiores metas é promover uma transformação social, no que eu estiver fazendo. Eu sempre fiz isso com as minhas reportagens e, no humor, não seria diferente. Eu quero promover uma transformação. Acho que todos estamos aqui na Terra para isso. Quando eu consegui um número considerável de seguidores, eu comecei a fazer alguns vídeos ‘zoando’ cariocas e fluminenses porque era basicamente zoando a ignorância deles em relação às pessoas que vêm de outros lugares, principalmente do Nordeste. Eu acho que um dos meus maiores objetivos de vida é desconstruir essas imagens ignorantes que tem sobre as pessoas do Nordeste”, completa.
Em entrevista à Mercadizar, Ademara contou que, antes de começar a produzir conteúdo para a Internet, foi muito influenciada por Durval Muniz de Albuquerque Jr, autor de “A Invenção do Nordeste”, que estuda justamente o processo de homogeneização da identidade do Nordeste.
“Quando eu estava trabalhando no Diário de Pernambuco, em Recife, eu tive a oportunidade de entrevistar o Durval Muniz de Albuquerque Jr, que escreveu ‘A Invenção do Nordeste’. Nesse livro, ele analisa como se estruturou esse imaginário coletivo que a gente tem da cultura nordestina: o Nordeste da seca, povo ignorante, tradicionalista, beato religioso, hospitaleiro. Entendendo como culturalmente isso aconteceu e como foi fruto de uma reação a quando o Rio de Janeiro virava capital. A gente tinha que criar uma imagem que fortalecesse o Nordeste enquanto grupo. Mas isso traz várias consequências negativas, como a homogeneização de nove estados que integram essa região e é o conceito prévio de como uma pessoa vai se comportar. Eu sempre quis desconstruir isso porque o nordestino está acostumado a ser piada”.
Parte de uma geração do humor brasileiro que tem Whindersson Nunes e Tatá Werneck como algumas de suas maiores referências do humor, Ademara, assim como o piauiense, trabalha em prol da quebra de estereótipos que homogenizam o Nordeste, e, seguindo os passos de Tatá, procura formas de inovar e sair do lugar comum do que seriam papéis possíveis para mulheres na comédia.
“Eu tenho essa grande referência da Tatá, ela sempre veio como uma quebra pra mim, ela é como uma vanguarda na atuação. Nós estamos muito acostumados a ver aquele humor feito por homens e ver os homens em locais de ridicularização porque aquilo não os afetava pessoalmente. Em dez anos de teatro, eu não era adepta do humor. Eu tinha uma apreensão de fazer humor e ser muito ridicularizada, ser muito julgada e das pessoas associarem a minha atuação somente a isso. A Tatá, pra mim, trouxe essa abertura para as mulheres que tinham vontade de trabalhar com o humor e eram apreensivas por causa dessa visão e dessa imposição de que as mulheres têm que ser vaidosas. E o nosso querido Whindersson, que faz um trabalho essencial. Depois que ele ascendeu, ele tem uma apresentação pública necessária, ele se propõe a falar de muitas coisas e expõe perrengues muito necessários. Isso ajuda a gente a achar esse tipo de sonho acessível. A gente não tende a acreditar que possa chegar nesse lugar e ele sempre deixou sua trajetória muito clara para outras pessoas tentarem também”.
Atualmente, Ademara tem mais de 200 mil seguidores no Instagram e 120 mil seguidores no Twitter. O conteúdo único produzido pela pernambucana chamou a atenção da Play9, estúdio de conteúdo criado pelo youtuber Felipe Neto e pelos empresários João Pedro Paes Leme e Marcus Vinícius Freire. A empresa é especialista em casos de sucesso na produção, na gestão de canais no YouTube e também na curadoria de projetos digitais em geral.
Lorrane Silva, a Pequena Lô
Uma das grandes dificuldades do isolamento era se manter entretido. Muitas pessoas encontraram nas redes sociais uma nova forma de passatempo, seja através da produção de conteúdo ou apenas como espectador. Lorrane Silva, a Pequena Lô, faz parte do primeiro grupo. Natural de Araxá, Minas Gerais, ela ganhou fama no TikTok através de vídeos curtos humorísticos e, em pouco tempo, conquistou as demais redes sociais.
Em entrevista à Mercadizar, Lô contou que produz conteúdo para a Internet desde 2015, quando começou no YouTube. Na época, sua intenção era dialogar com o público usando o bom humor e, a partir daí, discutir sobre diferentes tipos de assuntos. No ano seguinte, foi para o Instagram e ampliou o conteúdo, mas já investindo no humor através de vídeos de dança. Em 2017, ela fez uma pausa para se dedicar à faculdade de Psicologia. Hoje, aos 24 anos e já formada, ela assistiu a uma explosão no número de seguidores nas redes sociais através do sucesso trazido pelo TikTok.
“Eu passei a usar o TikTok durante a quarentena, sem nenhuma noção do que poderia fazer mesmo. Eu comecei a levar alguns memes que eu já tinha feito no meu Instagram para o TikTok. Começou a viralizar muito, as pessoas começaram a compartilhar e me seguir. Eu fiquei muito feliz porque, como eu já trabalhava com Internet, o TikTok me ajudou muito com o engajamento. Os seguidores de lá migraram para o Instagram. A maioria das pessoas hoje me conhece mais do TikTok do que pelo Instagram”.
Através de vídeos curtos humorísticos, ela retrata situações cotidianas com as quais qualquer pessoa pode se identificar: seja conversando com o namorado, dançando na balada ou dentro de casa. Em entrevista à Mercadizar, ela comentou sobre o amor pelo humor e a vontade de produzir vídeos com os quais as pessoas pudessem se identificar. “Eu tenho essa veia cômica desde que eu era criança. Eu sempre gostei de contar piadas, histórias engraçadas para a minha família e amigos. E eu decidi levar isso para a Internet. Eu comecei no YouTube fazendo vídeos longos, mas com o tempo percebi que eu gosto mesmo é de fazer memes e vídeos mais curtos, que eu acho que têm um engajamento maior também. As pessoas gostam muito de praticidade hoje em dia. Em 2018, comecei fazendo os memes. Antes disso, no Instagram, eu fazia vídeos de dança, sempre fazendo graça. É o que eu gosto. Eu tento trazer muito a identificação para os meus vídeos. Penso que quando a pessoa for assistir, ela vai se identificar e eu acho que por isso, os meus vídeos acabaram tendo essa repercussão”.
Atualmente, Lô tem 985 mil seguidores no Instagram e 1,7 milhões seno TikTok, e já colhe os frutos da dedicação – são cerca de três postagens diariamente – fazendo publi posts para marcas como a Trident. Sobre os planos para o futuro, ela revelou que pretende seguir e se aprofundar na área da comunicação, seja como apresentadora ou como atriz.
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