Ainda sem codinome, mas com previsão para esta sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) detectou uma nova variante do coronavírus registrada pela primeira vez na África do Sul e já considerada com o maior número de mutações.
Em avaliação, ainda é cedo para dizer o quão transmissível ou perigosa é a variante B.1.1.529. Isto porque ela ainda está restrita a uma província sul-africana. Mas um pesquisador envolvido já a classificou como “horrível”, enquanto outro disse à reportagem que ela é a pior já vista.
Em uma entrevista coletiva, o professor Tulio de Oliveira, diretor do Centro para Resposta Epidêmica e Inovação, na África do Sul, disse que foram localizadas 50 mutações no total e mais de 30 na proteína spike (a “chave” que o vírus usa para entrar nas células e que é alvo da maioria das vacinas contra a Covid-19).
Oliveira, que é brasileiro, disse que a variante carrega uma “constelação incomum de mutações” e é “muito diferente” de outros tipos que já circulavam. “Esta variante nos surpreendeu, ela deu um grande salto na evolução [e traz] muitas mais mutações do que esperávamos”.
Até agora, foram confirmados 77 casos na Província de Gauteng, na África do Sul; quatro casos em Botsuana; e um em Hong Kong, diretamente relacionado a uma viagem à África do Sul.
A variante traz uma preocupação em particular quando o assunto é a imunização. Isso porque as vacinas foram desenvolvidas mirando a cepa original do coronavírus, registrada inicialmente em Wuhan, na China e isso pode significar que as vacinas não funcionam tão bem na variante.
Por outro lado, é importante destacar que a África do Sul tem só 24% da população totalmente vacinada, então, pode ser que, ao chegar a países com taxas mais altas de imunização, a variante não tenha tanta força.
Quando muitas mutações preocupam
Em relação à parte do vírus que faz o primeiro contato com as células do nosso corpo, esta variante tem dez mutações, em comparação com apenas duas da variante delta, que se espalhou pelo mundo.
Pesquisadores informam que muitas mutações não significam automaticamente algo ruim, mas que é essencial saber o que elas provocam.
Houve na pandemia muitos exemplos de variantes que inicialmente pareciam assustadoras, mas acabaram não correspondendo a estas terríveis expectativas.
É o caso da variante beta, que inicialmente assustou por sua aparente capacidade de driblar o sistema imunológico. Entretanto, foi a variante delta que se espalhou pelo planeta.
Fonte: g1
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