Isabella Botelho; 28/08/2019 às 08:00

Consumo consciente: Conheça a Simple Organic

Primeira linha de maquiagem 100% orgânica foi lançada em 2017

Orgânica, vegana e sem crueldade animal, a Simple Organic, primeira linha de maquiagem 100% orgânica, foi criada por Patrícia Lima e lançada em 2017, durante a São Paulo Fashion Week.

(Divulgação/Simple Organic)

Editora responsável pela revista Catarina, baseada em Florianópolis, Patrícia sempre trabalhou com moda. Porém, sua gravidez a fez repensar todos os seus hábitos enquanto cidadã. Ela começou a se preocupar com as próximas gerações, que inclui sua filha, e decidiu fazer sua parte no que diz respeito ao consumo consciente, sustentabilidade e responsabilidade social.

(Foto: Amanda Lavorato)

A Simple Organic nasceu a partir de um conceito bem claro e Patrícia criou uma empresa baseada no consumo consciente, sem gênero e somente com ofertas orgânicas, com produtos feitos de matéria-prima de origem natural, sem ingredientes sintéticos.

Mercadizar: Como surgiu a ideia da Simple Organic?

Patrícia Lima: A Simple Organic surgiu durante a amamentação da minha filha. Após concebê-la, decidi deixar de usar maquiagem química e fui pesquisar opções de maquiagem natural, porém, naquele momento, não me identificava com muitas marcas disponíveis no mercado. Então ficou muito claro que aquilo que já existia nesse mercado era muito segmentado e não tinha uma marca que se relacionava com o consumidor de uma maneira aberta e transparente, que levasse a beleza orgânica sem rótulos, que disseminasse uma beleza que é para todo mundo. Assim, decidi criar a minha própria marca para atender a esses quesitos e para deixar um legado de valores para minha filha. Não queria que ela crescesse em uma sociedade consumista, com padrões de beleza cruéis, por exemplo. Queria de alguma forma contribuir para que o mundo fosse um lugar melhor.

Mercadizar: Como vocês pensam a comunicação da Simple?

Patrícia Lima: A comunicação da Simple acontece de maneira muito estruturada, mas orgânica. Trabalhamos com um planejamento prévio para atender a demanda necessária e para explicar essa área de beleza que entendemos que ainda é muito nova no Brasil. Além dessa base, trabalhamos as bandeiras que a marca levanta, seja por meio do ativismo, do amor livre e entre outros assuntos presentes no DNA da marca. Porém, em tempos de redes sociais, nós temos uma rapidez muito grande nos acontecimentos de cada dia, momento e cada comentário que a gente recebe dos seguidores. Assim, tempos uma comunicação planejada pensando no macro e no micro, porém, estamos sempre abertos e vivos para receber alterações do dia conforme seja necessário. Isso é o que faz com que a gente tenha proximidade com o nosso consumidor e o público em geral.

Mercadizar: Vocês acreditam que a Simple possa ser um agente da transformação?

Patrícia Lima: Nós não só acreditamos como a Simple Organic é um agente de transformação. Sentimos isso todos os dias, principalmente, porque temos produtos em nossas mãos que se referem a um novo hábito de consumo que é praticamente político. O universo orgânico é político e sendo um produto orgânico que respeita a cadeia, o solo, que vai contra a monocultura e o uso de agrotóxicos é um ato político. Os nossos consumidores acreditam em todos os valores que eles veem – que vai desde a logística reversa até a mensagem que a gente transmite de igualdade de gênero. Temos o feedback de que todos os dias a Simple Organic transforma a vida das pessoas que consome e fortalece movimentos que são tão importantes dentro de uma democracia.

Mercadizar: Vocês acreditam que a produção de conteúdo pode interferir no pensamento do consumidor? Se sim, como?

Patrícia Lima: Sim, eu acredito que a produção de conteúdo interfere em todos os sentidos. A Simple Organic não seria a marca que é hoje sem as redes sociais, é por meio delas que a gente gera o conteúdo diário, onde podemos explicar o impacto ambiental ou todo o funcionamento da cadeia produtiva, os ingredientes e tudo mais. Nós fornecemos ferramentas para que o seguidor se empodere, questione, entenda não só nós mesmos como outras marcas. Essa transparência também gera um impacto diretamente no faturamento da empresa, já que quanto mais o consumidor entende, mais ele consome os produtos da Simple. Diferente das marcas tradicionais que precisam gerar uma comunicação que dê uma maquiada naquilo que elas não produzem, que tem o Greenwashing, que é quando marcas que não são 100% orgânicas criam pequenas linhas ou produtos para atender essa fatia, como estratégia para esconder o que elas ainda não tem dentro da sua política interna ou ingredientes que não são saudáveis. A gente usa a produção de conteúdo a nosso favor como estratégia comercial que tem como valores a transparência, ética e diálogo aberto que impactam positivamente no crescimento da empresa.

Mercadizar: Vocês já receberam algum comentário negativo em relação ao posicionamento da marca? Se sim, como gerenciaram?

Patrícia Lima: A Simple Organic tem pouquíssimos haters. Em geral, a nossa relação é de amor com os seguidores, mas, como em todo marca, claro que acontece e são nesses momentos que a gente se aproxima muito das pessoas para entender o motivo do comentário. Nós entramos em contato, conversamos e não deixamos o comentário dessas pessoas passar em branco. Essa é nossa maneira transparente de lidar e temos obtido muito sucesso. Com dúvidas específicas em relação a algum produto ou de lançamento, normalmente, eu costumo fazer videoconferência com essas clientes, e é nesse momento que a gente aprende muito e temos um feedback sempre positivo em relação a isso. Então, todo e qualquer comentário negativo a gente transforma em positivo, seja no relacionamento ou ouvindo os nossos seguidores para entender se podemos melhorar em algum ponto.

Mercadizar: Quais critérios vocês utilizam para escolher influenciadores para as campanhas da marca?

Patrícia Lima: A gente trabalha com um time bem diverso que passa por todas as bandeiras defendidas pela marca. Nós temos a bandeira da maternidade, que vai entender as preocupações relacionadas a essa fase e uma consciência diferente em relação a sustentabilidade. Temos as influenciadoras de beleza que atinge a massa e que, muitas vezes, estão comunicando produtos sintéticos e, então, entramos como uma opção orgânica e vegana – ação superimportante já que ajuda a levarmos o nosso recado e valores para um outro público, que não nos conhece ainda. Nós temos as influenciadoras ativistas. Temos até drag queen, que é um público que gostamos muito e apresenta um retorno muito positivo. Para nós, os influenciadores levam a comunicação, missão e visão da empresa e quanto mais a gente se comunica, mais a gente cresce e as pessoas se apaixonam pela marca e nos ajudam a construir essa marca que está crescendo. Importante ressaltar, que essa construção da marca acontece a quatro mãos: nós e o consumidor final, ou seja, o público. Então, algumas escolhas de influenciadores vêm até de sugestões dos nossos consumidores. Nós não temos discriminação nem com a plus size, nem com a drag queen, nem com a fitness e nem com ninguém. Nós atendemos todos os públicos porque falamos de saúde, beleza e inclusão.

Mercadizar: Hoje, qual o maior público da marca? Vocês tem algum noção?

Patrícia Lima: Na verdade, nós temos um público muito mais amplo que começa a ter uma percepção e que, muitas vezes, não são 100% veganos, mas que começam a adotar um consumo vegano uma vez ou duas vezes na semana e que vai adaptando o seu estilo de vida. São pessoas que fazem uma transição em toda sua vida e por uma questão de conscientização. Claro que também temos consumidores que são veganos há muito tempo, mas a grande parte do nosso público consumidor são pessoas não veganas que entendem que não tem a necessidade de consumir um produto que não é vegano, já que elas têm a possibilidade de comprar um produto que tem a mesma entrega de qualidade comparando a um produto que usa da exploração animal e da crueldade. Sendo assim, as pessoas acabam por escolher a opção limpa que entrega qualidade, sem com que eles saiam perdendo em nada. De uma maneira clara, são consumidores da Simple pessoas que já fizeram uma transição de conscientização na vida.

Mercadizar: Os produtos são produzidos aqui no Brasil?

Patrícia Lima: Os produtos são produzidos 100% no Brasil. Nós começamos com produtos produzidos na Itália e eu entendi que não havia sentido a Simple Organic, marca com DNA brasileiro, esse formato. A ideia sempre foi levar produtos do Brasil para o mundo e na primeira chance que tivemos, após o retorno do investimento feito no primeiro ano da marca, nós reinvestimos esse dinheiro e montamos o processo industrial no Brasil. Assim, conseguimos contribuir para a geração de novos empregos e para tudo o que acreditamos.

Mercadizar: A produção é sustentável?

Patrícia Lima: Somos uma marca que nasceu para ser sustentável no seu todo. Ou seja, em todos os processos onde for possível seguir esse caminho. Acreditamos na sustentabilidade como pilar para uma marca que olha para futuro. É impossível olhar para o futuro e à longo prazo sem falar de sustentabilidade. Por isso, criei a Simple Organic que traz soluções para o consumidor que busca o consumo consciente. Uma marca que ele entende que tem valores de sustentabilidade e não apenas iniciativas de sustentabilidade. Pensamos em todo o processo da matéria-prima orgânica que respeita todo o plantio, solo, o agricultor, a saúde das pessoas e a questão ambiental do veganismo e da proteção animal.

Mercadizar: Como é a responsabilidade social da empresa com o meio ambiente?

Patrícia Lima: Com ingredientes orgânicos certificados por organizações internacionais, os nossos cosméticos não contam com produtos geneticamente modificados, ingredientes sintéticos tais como parabenos, petrolatos, parafina, silicone, sulfatos, formaldeídos, aromas e conservantes. Esses diferenciais asseguram ao consumidor um produto de qualidade certificada, que não agride pele e mucosas, já que não possui ingredientes sintéticos, químicos ou de origem animal, que podem causar alergias e irritações. Também são certificados pelo PETA com os selos “PETA vegan approved vegan” e “Cruelty Free”. O selo PETA vegan approved vegan é uma certificação que garante que os nossos produtos são livres de quaisquer ingredientes de origem animal. Já o selo de Cruelty Free certifica que os nossos processos de produção não incluem testes em animais em nenhum estágio do seu processo de desenvolvimento e produção, direta ou indiretamente (terceirizados). E que todos os processos de testagem de produtos são feitos através procedimentos técnicos em laboratórios, e não através de testes em animais. 

Além disso, os rótulos são produzidos em gráfica certificada com o selo FSC, o que garante uma madeira proveniente de reflorestamento. Outro diferencial da Simple Organic é a não utilização de caixas individuais para os cosméticos, minimizando assim a produção de lixo. Desse modo, a alternativa que encontramos foi o desenvolvimento de saquinhos organizadores de diversos tamanhos confeccionadas com material reciclado, que podem ser reutilizados de várias maneiras, inclusive como nécessaire.

Mercadizar: Uma das filosofias é a igualdade de gênero. Como a marca a promove?

Patrícia Lima: A Simple Organic é a primeira marca no Brasil a se denominar sem gênero. Esse conceito está presente desde a embalagem, com design, porém minimalista, até a proposta dos produtos, já que alguns são multiuso, o que ajuda na hora da utilização. Nossa intenção, desde o nascimento da marca, é a de atingir todos os públicos, incluindo o masculino, sem qualquer discriminação.

Mercadizar: A empresa tem alguma política de inclusão interna?

Patrícia Lima: Nós estamos trabalhando cada vez mais uma política de inclusão. Inclusive, temos um plano de trabalhar com deficientes dentro da nossa estrutura, exatamente porque estamos com essa política de inclusão bem forte e queremos começar a trabalhar dentro da linha a informação em braile. Ou seja, a inclusão não é só interna como externa também, e essas escolhas trabalham juntas. 

Franquia de Manaus

A empresária Dayane Bolf, franqueada da marca em Manaus, terceira cidade a receber lojas da Simple Organic, falou com exclusividade ao Mercadizar sobre a importância de cosméticos 100% veganos, feitos de produtos da Amazônia.

“Quando eu descobri a Simple, eu estava viajando e vi uma reportagem numa revista. Me chamou muita atenção toda a preocupação que a marca tem relacionada ao meio ambiente, ao uso de embalagens etc. Eu já estava procurando uma franquia para abrir em Manaus que fosse realmente diferenciada e que fizesse a diferença para as pessoas no futuro. A Simple é extremamente engajada em ações de proteção aos animais, ao meio ambiente, busca o incentivo ao amor próprio. São questões que são importantes para serem levantadas.”

*O Mercadizar não se responsabiliza pelos comentários postados nas plataformas digitais. Qualquer comentário considerado ofensivo ou que falte com respeito a outras pessoas poderá ser retirado do ar sem prévio aviso.