Patrícia Patrocínio; 20/01/2021 às 20:22

Colapso no Norte

Um panorama com as principais informações sobre a situação dos sete estados da região norte

O quadro trágico que se desenhou na capital amazonense e que vem sendo acompanhado nos noticiários brasileiros, nada mais é que o produto de um país sem liderança, da negligência de autoridades públicas, especialmente, por parte do Governo Federal, que vem desde o início da pandemia ignorando as sugestões da Organização Mundial da Saúde  (OMS), pesquisadores da área e até mesmo das próprias estatísticas nacionais, que só aumentam desde que o coronavírus passou a circular no país, em fevereiro de 2020. 

A falta de responsabilidade por parte do chefe de estado reflete em sua maneira de conduzir a nação, ou seja, não há direção. Sensibilizar a população brasileira sobre a grave crise sanitária que estamos enfrentando, não faz parte das ações governamentais, o que transforma todo esse momento em uma tragédia anunciada. Dessa forma, Manaus,  o primeiro município a revelar a fragilidade que os sete estados do norte estão subjugados pela administração pública foi encarregada da terrível missão de prenunciar o colapso não só do estado, mas de toda a região Norte. 

O Mercadizar cujo propósito e compromisso é dar vida a voz da região Norte, montou um panorama das principais informações sobre a situação de cada um dos sete estados nortistas. 

Atualização do Amazonas: 

Sob a ameaça de uma terceira onda de reinfecção, caso não sejam tomadas medidas severas de isolamento o estado tem mais de duas mil pessoas internadas e registros recordes de novas internações, entrando na fase roxa na pandemia que representa alto risco, de acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS). 

São mais de 233.971 casos confirmados e 6.450 mortes segundo o painel de covid-19 do Amazonas da FVS atualizado na terça-feira, 19.  A atenção agora também é com interior, em alguns municípios, a autonomia de oxigênio hospitalar é de apenas 12 horas e parte deles não tem ligação terrestre com Manaus, e já começaram a apresentar seus primeiros indícios de colapso, como Parintins, município na divisa do Pará que começou a transferir pacientes para Belém. 

A situação é mais dramática nas cidades de Manacapuru, Itacoatiara, Tefé, Coari e Parintins.  Dessas, apenas as duas primeiras têm ligação terrestre com Manaus.

Roraima:

Em Roraima, até a última sexta-feira, 15, a quantidade de oxigênio era suficiente apenas para uma semana. Segundo o secretário de Saúde, Marcelo Lopes, “o estoque não deve ser motivo para preocupação”, mesmo com os leitos de UTIs chegando a 93% de ocupação, no único hospital do estado que atende casos graves de Covid.  Ainda sobre o gás, o governo diz que o estado tem capacidade para guardar oxigênio suficiente para 14 dias, no entanto, a reserva da última sexta-feira, 15, registrou metade desse armazenamento. O Hospital Geral de Roraima (HGR) está vivendo a fase grave da pandemia e tem registrado aumentos diários de casos. 

“Habilitamos a estrutura de oxigênio da antiga APC (Hospital de Campanha) e, hoje, temos oxigênio suficiente para sete dias, porque nós somos abastecidos a cada cinco dias. Então, tem cerca de 40% a mais da nossa necessidade, já levando em consideração o período da Covid”, disse Lopes, em entrevista à Rede Amazônica.

No Twitter, o governador Antônio Denarium (sem partido) afirmou que o estoque de oxigênio é monitorado diariamente e que está atento “à situação enfrentada por outros estados incluindo Manaus”. Até a próxima quarta o governo planeja abastecer o tanque de oxigênio do Hospital de Campanha, atualmente fechado, e aumentar para 30% a autonomia de oxigênio em Roraima.  O estado contabiliza 71.451 casos de infectados e 816 mortes por coronavírus só na terça-feira, 19, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde (Sesau). 

Para conter o avanço da doença, a prefeitura de Boa Vista impôs novas medidas restritivas ao comércio limitando o horário de atendimento até às 22h e a capacidade máxima de pessoas para 30% em bares, restaurantes, lanchonetes, flutuantes, casas de evento, boates, parques de diversões e estabelecimentos semelhantes, as medidas entram em vigor nesta quarta-feira, 20.

Roraima recebeu 87 mil doses da Coronavac do Ministério da Saúde e serão imunizados, na primeira etapa, 43,5 mil pessoas. A Secretaria de Saúde (Sesau) deve distribuir ainda nesta terça as doses para os 15 municípios do estado.

Pará:

No Pará, a Secretaria de Saúde do Estado (Sespa) confirmou na terça-feira, 19, mais 1.569 casos de infectados com o novo coronavírus. De acordo com o boletim, foram registrados 124 novos casos de Covid e 5 óbitos nos últimos sete dias. Agora, são 312.632 casos e 7.434 óbitos no estado. Em relação à subnotificação das prefeituras, foram confirmados 1.445 casos e 2 óbitos ocorridos em dias anteriores. Em relação à ocupação de leitos na rede estadual, o Pará tem 43.68% dos leitos clínicos e 72.93% das UTI ocupadas.

A situação se agrava nos interiores, em menos de 24 horas, sete pessoas de uma mesma família do distrito Nova Maracanã, zona rural do município de Faro, oeste do Pará, morreram com sintomas da Covid-19. Após apresentarem problemas respiratórios, as vítimas encaminharam-se até à Unidade Básica de Saúde (UBS) da comunidade, no entanto não havia cilindros de oxigênio para o atendimento, o que acabou ocasionando os óbitos. As sete mortes foram confirmadas pelo secretário municipal de Meio Ambiente de Faro, Arthur Brasil. O sistema público de saúde do município entrou em colapso na segunda-feira por falta de oxigênio. 

Diante do aumento do número de casos suspeitos de Covid-19 em Faro, o prefeito Paulo Carvalho (PSD) fez um apelo às prefeituras de municípios vizinhos e também a empresários por cilindros de oxigênio. Ele conseguiu alguns emprestados, mas não o suficiente para atender a demanda de pacientes. Na madrugada desta terça-feira o município recebeu 20 cilindros de oxigênio enviados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), que devem ser divididos entre a UBS Morumbi, na cidade, e UBS de Novo Maracanã, que funcionarão como centros de atendimento a pacientes infectados pelo novo coronavírus.

Amapá: 

O Amapá com aumento nas médias de casos e mortes nas primeiras duas semanas de 2021 vive assim como outros estados da região a segunda onda de infecção do coronavírus. De acordo com avaliação do chefe da Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado, Dorinaldo Malafaia, “esse novo estágio da pandemia exige medidas mais duras de restrição para evitar aglomerações e reduzir os riscos em atividades econômicas e sociais”. O governador Waldez Góes (PDT) assinou na terça-feira, 19, um novo decreto que determina novas medidas restritivas no estado para os próximos 7 dias.

“Precisamos do esforço das prefeituras na fiscalização do horário de funcionamento. A falta de respeito com essa restrição prejudica muito o trabalho das forças de segurança pública. Por isso, é fundamental estarmos alinhados, dada a situação de risco do Amapá”  disse Waldez

Segundo o boletim epidemiológico de ontem, 19, os números de casos de infecção pelo vírus confirmados no estado são de 74.045, sendo registrados cinco novos óbitos na capital Macapá, assim, o estado chega a marca de 1.010 mortes em todos os 15 municípios. Já em relação ao percentual de ocupação dos leitos voltados para o atendimento de covid, 65,38% estão ocupados.

Sobre as vacinas foram entregues 31 mil doses que serão distribuídas nas 16 cidades do Estado, com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Militar do Estado do Amapá e equipes da vigilância em saúde estadual.

Rondônia:

Com quase 2 mil vítimas da Covid-19 e mais de 400 pacientes internados com a doença em todo o estado, o Governo de Rondônia publicou um novo decreto com medidas mais rígidas de isolamento social, para conter o avanço da pandemia da Covid-19.  Conforme o documento, haverá toque de recolher entre às 20h e 6h, em todos os municípios. Em duas semanas, o estado registrou o maior número de internações. 

Segundo o Secretário de Saúde do Estado, Fernando Máximo, a ideia é que com as novas normas, o número de novas infecções diminua, e com isso se evite o colapso da rede pública de saúde.

“Infelizmente, temos que dizer, estamos à beira do colapso. Essa é a realidade. Os leitos foram criados, estão funcionando, o Governo conseguiu mais alguns leitos na rede privada, mas agora não tem mais. A rede privada está cheia, tanto da capital quanto do interior. A rede pública está cheia, temos ainda alguns poucos leitos para serem montados no Cero a depender de alguns médicos que estão chegando “. disse Máximo. 

Nesta quarta-feira, 20, foram confirmados 112.468 mil casos de coronavírus em todo estado, 2.056 mil óbitos e 525 pacientes internados. Nas últimas 24h, 14 pessoas morreram em decorrência da doença, todos os dados são do boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SESAU).

Sobre as vacinas, Rondônia foi o último estado brasileiro a receber as suas 49 mil doses do imunizante. 

Acre:

Com 221 novos casos, o Acre subiu de 45.208 para 45.429 pessoas infectadas pela Covid-19 nesta quarta-feira, 20. Atualmente, o Estado tem o registro de 840 óbitos pelo vírus, que ocorreram entre os dias 06 de abril de 2020 a 18 de janeiro de 2021. Pelo oitavo dia consecutivo, o boletim da Secretaria Estadual de Saúde do Acre (Sesacre) mostra que não houve nenhuma alta médica no estado, sendo registrado apenas um óbito nas últimas 24h. Até o momento, foram 128.652 notificações de contaminação pela doença, e desses 82.466 casos foram descartados. 

Sobre os dados da vacinação, todos os 22 municípios acreanos receberam o primeiro lote de vacinas nesta quarta-feira, 20, a última cidade contemplada foi Santa Rosa do Purus, um dos municípios mais isolados do Acre. O estado é um dos poucos no Brasil a ter queda na taxa de infecção.

Tocantins:

A Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SES) informou que nesta quarta-feira, 20 de janeiro, foram contabilizados 627 novos casos confirmados para Covid-19. Deste total, 225 foram registrados nas últimas 24 horas. Desta forma, o estado registra um total de 313.652 pessoas notificadas com a Covid-19 e acumula 97.790 casos confirmados da doença. Destes, 85.808 pacientes estão recuperados e 1.330 óbitos; O Hospital Estadual de Combate à Covid-19 apresentava 100% de ocupação de leitos de UTIs públicas, segundo dados do integra saúde. 

Todos os 139 municípios do Tocantins têm casos confirmados da doença, no entanto, as cidades mais afetadas são: 

  • Palmas – 23.508 casos e 231 mortes
  • Araguaína – 18.981 casos e 248 mortes
  • Gurupi – 5.323 casos e 71 mortes
  • Colinas do Tocantins – 5.063 casos e 47 mortes
  • Porto Nacional – 3.586 casos e 62 mortes
  • Paraíso do Tocantins – 3.254 casos e 51 mortes
  • Guaraí – 1.767 casos e 28 mortes
  • Tocantinópolis – 1.401 casos e 24 mortes
  • Formoso do Araguaia – 1.387 casos e 19 mortes
  • Araguatins – 1.159 casos e 31 mortes

 

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