A pandemia tem sido um momento desafiador para todos, mas quando falamos de pessoas pretas em contextos de ensino e trabalho remotos, a situação fica um pouco mais delicada.
No isolamento social muitas pessoas tiveram que lidar com essa realidade pela primeira vez, situação que inaugurou um novo episódio para as relações humanas, diferente daquele experimentado ao longo do crescimento das redes sociais.
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), observou que, além de ser o grupo com maiores vítimas da Covid-19, a população negra também sofreu impactos severos em sua saúde mental durante o contexto da pandemia.
Sabe-se que o racismo atravessa as relações sociais e é tão complexo, que consegue adequar-se a todo contexto que surge. Nesse sentido, não seria diferente no ambiente virtual, que passou a ser usado com mais frequência, tornando-se extensão dos espaços de dinâmicas antes presenciais.
Segundo o sociólogo Bauman, “as conexões humanas pelo digital podem acarretar a sensação de solidão, o que desencadeia certo sentimento de exclusão social”. E quando o assunto é exclusão social, estamos falando de um sentimento comum e frequente entre pessoas pretas.
Por um lado, o digital facilitou interações e manteve muitas pessoas a salvo dentro de casa, por outro abriu caminhos que vão de encontro a traumas vivenciados frequentemente por pessoas pretas. A sensação constante de exclusão, de não se sentir lembrado ou de ser alguém desprezível, produz baixas emocionais.
Lembretes para pessoas pretas:
- Quando a ansiedade bater, lembre-se de respirar!
- Nem sempre a culpa é sua;
- Tenha fotos de momentos que lembram você do quanto é uma pessoa amada;
- Tá tudo bem estar frágil, o racismo que tira de você esse direito;
- Sua existência e vida são importantes!
Dessa forma, é preciso compreender que nesses espaços se faz necessário a construção de um lugar seguro e saudável, e para isso aqui vão algumas dicas:
- Afeto também é construção social e uma premissa fundamental;
- Abertura para diálogos afetivos é importante;
- Até emojis ganham relevância;
- Pessoas pretas não estão cansadas só por conta da pandemia, o processo de abatimento e desesperança sempre foi uma narrativa presente;
- A lógica do momento é de guerra: todos estamos mal, uns mais abatidos que outros, por isso, precisamos nos unir.
Por fim, construir ambientes seguros e saudáveis nesse cenário onde a faculdade, o trabalho e outras atividades se tornaram extensões da sociedade em ambientes digitais também faz parte de ações fundamentais para a luta antirracista.
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