AmazôniaComunicação

Aldeias se unem para resgatar tradições em festival indígena

Lideranças de 16 aldeias indígenas realizarão a terceira edição dos Jogos e Danças Interculturais Indígenas de Alvarães, cujo tema é “Proteção da Mãe Terra”. O evento será realizado na Aldeia Marajaí, em Alvarães, no período de 14 a 19 de abril e contará com apresentações culturais e mais de 13 modalidades esportivas.

Imagem: Tácio Melo

Entre os objetivos da edição estão a luta em defesa dos territórios indígenas, a retomada das tradições dos povos originários e o incentivo à preservação do meio ambiente. Para o presidente do projeto, Yuri Mayoruna, da aldeia Marajaí, reunir as lideranças envolvidas no evento foi de fundamental importância para a organização dos jogos.

 

Imagem: Tácio Melo

“Fizemos reuniões para tratar do evento como um todo e definimos tudo o que seria preciso para realizarmos uma edição de excelência durante os seis dias de competição. Definimos desde a logística, ornamentação, divulgação, premiações, produção artística, até o regulamento dos jogos e competições culturais. O envolvimento e a participação de todos foram muito importantes e tenho certeza que teremos um evento incrível”, destacou.

Nesta edição, cada aldeia irá apresentar suas danças e músicas no primeiro dia de evento, incluindo a competição entre o casal guerreiro e a indígena mais bela, que serão avaliados por jurados convidados pela organização.

Já na etapa dos jogos indígenas, serão realizadas 15 modalidades, entre elas arremesso de lança, arco e flecha, subida no açaizeiro, arremesso de ouriço, cabo de guerra, atletismo, corrida com tora, baladeira, zarabatana, canoagem, natação e remo.

Imagem: Tácio Melo

Estarão competindo as aldeias Améria, Assunção, Baú, Bauana, Bom Jesus, Canaria, Igarapé Grande, Juruparí, Laranjal, Macedônia, Marajaí, Mari, Ponta da Castanha, Santa Luzia, Tapiíra e Vila Alencar, todas localizadas no município de Alvarães.

Resgate de uma tradição

Imagem: Tácio Melo

A região de Alvarães, no Médio Solimões, vem sendo reconhecida por pesquisadores e por seus moradores como um local de forte tradição indígena. Isso se deve ao fato de a região estar revelando um passado “desconhecido”. Nas margens e na terra firme do rio Solimões e em parte do Lago Tefé, vasos e urnas indígenas têm sido encontrados por ribeirinhos e povos tradicionais, demonstrando que as manifestações culturais indígenas já existiam na região há centenas de anos.

Tal reconhecimento dos povos originários de Alvarães despertou o interesse em resgatar parte dessa cultura, dando vida ao Festival de Jogos e Danças Interculturais Indígenas do município, que atualmente envolve 16 aldeias.

Imagem: Tácio Melo

Há três anos, lideranças indígenas têm resgatado essas manifestações culturais, inspiradas também em outras regiões que já realizavam jogos tradicionais. O festival traz jogos, danças, músicas e diversas expressões que haviam sido extintas de suas tradições, revitalizando o evento indígena, que chega à sua terceira edição.

Para o tuxaua Jeferson Tikuna, da Aldeia Macedônia, a realização dos jogos representa um momento para que a cultura e as tradições de sua aldeia sejam resgatadas.

 

Imagem: Tácio Melo

“Esse é um marco muito importante para nossa aldeia e para outras que, há muitos anos, haviam perdido grande parte da cultura. Estamos participando pelo segundo ano do evento e já temos notado uma grande diferença em nossa aldeia, pois até as nossas crianças estão envolvidas e interessadas em aprender nossa língua, danças, músicas e atividades esportivas através do festival”, ressaltou.

Conscientização

Com o tema “Proteção da Terra Mãe”, a terceira edição dos Jogos e Danças Interculturais Indígenas de Alvarães tem como foco a importância da demarcação das terras indígenas, a preservação da natureza e dos recursos naturais para evitar a crise climática, bem como ressaltar a importância do resgate e preservação da cultura indígena, mantendo essas tradições vivas para as futuras gerações.

Em 2023 e 2024, a região do Médio Solimões foi severamente afetada pela grande seca dos rios da Amazônia, deixando aldeias e comunidades indígenas totalmente isoladas durante esse período, incluindo as 16 aldeias participantes do evento. Diante disto, todas concordaram que o tema desta edição deveria estar voltado para as ações climáticas e preservação, sendo essa uma forma de expressão e fortalecimento para enaltecer suas culturas e dar ainda mais importância às causas ambientais.

“Nós não pensamos apenas no esporte e nas apresentações, também estamos preocupados com os territórios. A natureza está enfrentando dificuldades e nós, indígenas, somos guardiões dessa água, da terra, dessas grandes sumaúmas e castanheiras. Hoje estou presenciando a vida dessa floresta e dessas árvores que estão em pé, mas amanhã não sabemos como tudo isso estará. A Amazônia não é apenas nossa, é de todo o planeta, e o nosso dever é preservá-la. Faço um apelo a todos para que unamos nossas forças e lutemos para mantermos a floresta em pé. Esta é uma obrigação de todos nós”, reforçou o produtor cultural e ativista indígena Charles Mayoruna, da aldeia Marajaí.

Programação

Imagem: Tácio Melo

A abertura do evento será realizada no dia 14 de abril, a partir das 16h30, com a corrida da tocha, que passará pelas mãos das lideranças de cada aldeia. Em seguida, serão executados o hino nacional e o hino do município de Alvarães, com a participação do Exército Brasileiro e da comunidade. Ainda na abertura, haverá a apresentação dos tuxauas das aldeias e suas delegações.

À noite irão ocorrer as apresentações de dança em grupo por cada aldeia, além da escolha da indígena mais bela e do casal guerreiro, que deverão passar pela apuração de votos e resultados no mesmo dia.

Imagem: Tácio Melo

Já no período de 15 a 17 de abril, as aldeias competirão na fase de grupos em todas as 12 modalidades. As semifinais e finais serão disputadas nos dias 18 e 19, finalizando com a entrega das premiações em todas as categorias.

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