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A próxima pandemia ainda pode surgir na Amazônia

Em novembro de 2020, divulgamos a matéria “A próxima pandemia pode surgir na Amazônia”. Desde lá, os dados sobre o desmatamento, mudanças climáticas e infecções por Coronavírus aumentaram expressivamente. Em abril de 2021, de acordo com monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Brasil registrou o maior recorde de desmatamento na Amazônia Legal dos últimos cinco anos, cerca de 580 mil km² o equivalente a 58 mil campos de futebol.  

A Agência Internacional de Energia prevê que as emissões de dióxido de carbono aumentarão cerca de 5% em 2021, o que seria o segundo maior crescimento registrado até agora. Já em relação ao Coronavírus, no mês do lançamento da última matéria (novembro de 2020), aproximadamente 173 mil pessoas morreram vítimas da Covid-19. Sete meses após a divulgação, o Brasil registrou 462 mil mortes, mais que o dobro em relação a novembro do ano passado. Durante a leitura desta produção, essa marca já deve ter sido ultrapassada. 

Desde o início da pandemia, a comunidade científica vem alertando sobre o desmatamento da Amazônia criar condições propícias para o aparecimento de novas epidemias. Com isso, a perda da floresta implica em uma série de impactos nos ecossistemas, que favorecem o surgimento de vírus e bactérias desconhecidas, altamente perigosas e contra os quais ainda não temos defesa.

Dessa forma, a Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e a OIE (Organização Mundial da Saúde Animal) divulgaram em fevereiro de 2021, o relatório sobre as origens da atual pandemia, detalhando rotas e causas de como o Coronavírus se tornou a tragédia do último ano, e confirmando a suspeita de que a acelerada destruição dos ecossistemas em escala global, aumentam o risco de doenças. De acordo com o boletim ‘A próxima pandemia pode vir de uma Amazônia menos biodiversa’, do Instituto Clima Info, a destruição dos ecossistemas coloca o homem em contato direto com novos vetores. Enquanto, a manutenção dessa biodiversidade o protege. 

Para esclarecer o que mudou desde a última matéria, o Mercadizar entrou em contato novamente com a Alessandra Nava, pesquisadora na Fundação Oswaldo Cruz – (Fiocruz) e Doutora em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses. Em sua entrevista para a matéria “A próxima pandemia pode surgir na Amazônia”, a pesquisadora nos contou como acontece uma Zoonose. Com as mudanças na Amazônia, e as espécies de animais se deslocando para novas áreas e ao mesmo tempo abrindo a região para a chegada de espécies mais adaptadas ao cerrado, incluindo roedores, perguntamos a ela se haveria a possibilidade do surgimento de novos vírus e futuras epidemias e/ou pandemias, com o desmatamento avançando e agora, algumas variantes da Covid-19 detectadas na Amazônia. Ela explicou: 

“Minha afirmação não é uma perspectiva pessoal e sim baseada na literatura científica, que estuda os eventos zoonóticos emergentes que estão ocorrendo nos últimos anos. O desmatamento em florestas tropicais ainda é um gatilho para o surgimento de patógenos com potencial zoonótico. E sim, acredito que com a aceleração do desmatamento e principalmente com os garimpos ilegais cada vez mais disseminados dentro da floresta, em áreas protegidas e áreas indígenas, são uma condição ideal para surgimento de novos vírus com potencial zoonótico e epidêmico”.

No caso da Região Norte, são comprovados cientificamente muitos focos epidêmicos diretamente relacionados à degradação ambiental e desmatamento, que podem ser facilmente observados pelas cheias dos rios, dengue e a malária. De acordo com o Instituto Evandro Chagas, uma organização de pesquisa em saúde pública de Belém (PA), existem cerca de 220 tipos diferentes de vírus na Amazônia, dos quais 37 podem causar doenças em humanos e 15 com potencial para causar epidemias. Embora muitos achem que esses impactos podem ficar isolados apenas em nossa região, perguntamos à Alessandra de que forma uma pandemia na Amazônia poderia impactar o cenário mundial? Ela explicou:

“Se continuar o desmatamento e a conversão de áreas de floresta para mineração e pastos, estamos preparando terreno para doenças emergentes que podem ter potencial pandêmico. O caráter pandêmico do COVID-19 se deu devido à alta infectividade do vírus e sua baixa letalidade de maneira geral e o tempo da pessoa doente que possibilita a transmissão para outros suscetíveis. A floresta amazônica fornece serviços ecossistêmicos essenciais para a existência de vida no planeta. A manutenção da floresta em pé também nos protege da emergência de patógenos zoonóticos”.

Dessa maneira, todos os dados sobre as vítimas da infecção de Covid-19 apresentados durante o período da pandemia em território nacional e estrangeiro, são uma das faces dos impactos que a degradação ambiental pode causar. Como seres humanos, precisamos lutar pela preservação ambiental, não só para prevenir o aparecimento de futuras doenças, mas também para garantir a nossa existência e a existência de futuras gerações. Um dos caminhos mais eficientes para isso, é facilitar o acesso ao conhecimento sobre o meio ambiente e sustentabilidade, por atividades educativas, ações sociais, colaboração com organizações que já desenvolvam essas atividades. 

Vale lembrar que na matéria anterior, entrevistamos também Lucas Ferrante, Doutorando em Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que não retornou os nossos contatos para atualização dos dados desta produção e Luiz Fernando de Souza Santos, Sociólogo e Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que infelizmente foi uma das 289 mil vidas perdidas, desde a divulgação da última matéria. 

Luiz Fernando / (FOTO: Reprodução Internet)

O professor Luiz Fernando foi um dos grandes pensadores da Amazônia, autor do livro ‘O Panóptico Verde’ que trata sobre a crise ambiental na sociedade atual. No último ano tornou-se uma das principais vozes do Amazonas a defender as medidas de restrição contra o avanço da pandemia. Após 3 meses de seu falecimento, em sua homenagem, possamos nos recordar de nossa humanidade, através de uma de suas citações favoritas: “tudo que é humano não me é estranho”, Karl Marx.

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