Sofia Lourenço; 25/07/2024 às 18:35

Número de queimadas na Amazônia em 2024 já é o maior para o período em quase duas décadas

Dados do Inpe indicam aumento significativo de focos de calor nos primeiros sete meses do ano

Os incêndios na Amazônia atingiram um recorde alarmante em 2024, com 20.221 focos de calor registrados de 1º de janeiro a 24 de julho, o maior número para o período desde 2005, segundo dados do sistema BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Este aumento representa uma alta de 43,2% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 14.116 focos.

Imagem: Greenpeace

O especialista em campanhas do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista, destaca o mês de julho de 2024, que, mesmo antes de terminar, já supera o total de focos de calor registrados em julho do ano passado. 

De 1º a 24 de julho de 2024, foram contabilizados 6.732 focos, enquanto todo o mês de julho de 2023 teve 5.772 focos. Nos dias 23 e 24 de julho de 2024, a Amazônia registrou 1.318 focos de calor, um aumento de 96% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 671 focos. Em 2022, esses mesmos dias tiveram 399 focos. 

“O registro de fogo até 24 de julho já superou o total observado para todo o mês de julho do ano passado. Além disso, somente nos últimos dois dias, 23 e 24, foram mais de mil focos de calor”, alerta Batista.

Dentre os fatores que contribuíram para o aumento dos incêndios na Amazônia em 2024, estão as fortes mudanças climáticas e o fenômeno El Niño, que agrava a seca na região. 

“Acabamos de passar pelo ano mais quente já registrado nos últimos 100 mil anos e em junho completamos 13 meses consecutivos de temperaturas recordes mensalmente. Quanto maior a temperatura, mais vulnerável a floresta e mais sujeita a queimadas ela está”, explica Batista.

Impacto da paralisação do Ibama

A paralisação dos servidores do Ibama devido a reivindicações salariais e a reestruturação de carreiras também é um fator preocupante. Batista ressalta que essa situação pode gerar uma sensação adicional de impunidade.

“Somado ao contexto atual de paralisação do Ibama, outro problema histórico é que não há rigor por parte dos governos para punir os responsáveis pelos incêndios criminosos. Não adianta apenas multar quem incendeia, é necessário fiscalizar se houve o pagamento da multa, o que não ocorre na maioria dos casos”, afirma Batista.

Para ele, a melhor forma de combater os incêndios é prevenir que eles comecem. Ele enfatiza a necessidade de investimentos em um esquadrão de combate ao fogo, incluindo aviões de grande porte para dar suporte em locais de difícil acesso, como no Pantanal e na Amazônia.

“A Amazônia precisa de um planejamento sistemático do bioma, que passa por continuar combatendo o desmatamento e atingir o desmatamento zero o quanto antes. Precisamos atuar fortemente na prevenção, no manejo integrado do fogo e criar batalhões de combate a queimadas e incêndios de biomas naturais que sejam estruturados, bem pagos e equipados para esse combate”, defende Batista.

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