Thaís Andrade; 21/11/2023 às 15:40

Mostra Ecofalante de Cinema chega a Parintins pela primeira vez

Evento tem sessões gratuitas e abertas ao público em 8 espaços culturais e instituições de ensino da cidade

A Mostra Ecofalante de Cinema, um dos maiores festivais do Brasil e o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado a temas socioambientais, chega em Parintins, no interior do Amazonas, pela primeira vez na segunda quinzena do mês de novembro.

Duas programações, totalmente gratuitas, acontecerão de forma simultânea. Uma delas é a 1ª Mostra Ecofalante de Cinema na UEA, realizada pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Núcleo de Investigação da Cultura e da Educação no Baixo Amazonas (NICEBA) e o Programa Ecofalante Universidades (PEU), de 20 a 21 de novembro, como o objetivo de potencializar a reflexão socioambiental na comunidade.

Já entre os dias 21 e 24 de novembro, acontece a 1ª Mostra de Cinema Negro, produzida em conjunto com o IFAM Parintins, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do IFAM (NEABI) e o PEU, destacando a importância da cultura afro-brasileira e as questões relacionadas à busca pela igualdade racial. O Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro – Unidade Parintins, Centro Cultural de Parintins, também realizará sessões para o seu público interno de 22 a 25 de novembro.

Além disso, para janeiro de 2024 estão sendo planejadas também atividades em conjunto com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) de Parintins.

Os filmes exibidos nesse contexto fazem parte do acervo do Programa Ecofalante Universidades, que tem como objetivo levar obras audiovisuais de impacto para dentro das instituições de ensino. O programa conta com uma plataforma gratuita de filmes disponíveis para educadores e professores. Todo educador vinculado a uma instituição de ensino pode se cadastrar, visionar filmes e agendar sessões gratuitas para seus alunos por meio do site.

1ª Mostra de Cinema Negro de Parintins

Segundo a organização do próprio evento, é destacada a importância de Parintins como uma cidade rica em herança cultural afro-brasileira. Sendo assim, a 1ª Mostra de Cinema Negro de Parintins surge como uma oportunidade para celebrar e valorizar esse legado, destacando a importância da cultura afro-brasileira e as questões relacionadas à busca pela igualdade racial. Além das exibições de filmes, o evento contará com debates com acadêmicos, ativistas, professores e importantes membros da comunidade.

As sessões serão realizadas tanto no Auditório do IFAM Parintins e também nas seguintes instituições de ensino: Escola Estadual Irmã Sá, Escola Estadual São José Operário, Escola Municipal Guajarina Prestes, Escola Estadual Aderson de Menezes e no Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro – Unidade Parintins, Centro Cultural de Parintins. Todas elas vão contar com o apoio e suporte de docentes do IFAM Parintins para exibição e debate dos filmes.

Além destas duas Mostras que acontecerão de forma simultânea na cidade, o próprio Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro – Unidade Parintins, Centro Cultural de Parintins, realizará sessões para o seu público interno de 22 a 25 de novembro.

Destaques da programação

Os títulos selecionados evidenciam, principalmente, temáticas em torno do tema da consciência negra, como é o caso de “Exu e o Universo”, de Thiago Zanato, escolhido como o melhor filme da Competição Latino-Americana pelo público da 12ª Mostra Ecofalante e também premiado no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo. O documentário desfaz preconceitos em torno da figura de Exu, divindade presente em religiões de matriz africana, e aborda os ataques à liberdade de culto e ao racismo sistêmico no Brasil.

Já o longa “A Grande Ceia Quilombola”, premiado na Mostra CineAfroBH e no Festival Internacional do Filme Etnográfico, remete às raízes racializadas do país através da alimentação quilombola. Sob a direção de Ana Stela Cunha e Rodrigo Sena, o filme retrata parte dos saberes culturais do Quilombo de Damásio, no qual a comida tem um papel fundamental na coesão social.

A temática do quilombo também é retomada em “O Vale dos Quilombos”, de Chico Guariba, ao contar da luta dos quilombolas na região do Vale do Ribeira para receberem o título de propriedade de suas terras. Já em “Essa Terra É Meu Quilombo”, dirigido por Rayane Penha, mulheres negras moradoras de três quilombos urbanos no Amapá compartilham suas vivências e suas relações de sabedoria ancestral com suas terras.

“Neguinho”, de Marçal Vianna, também exibido na Mostra Ecofalante de Guaratinguetá, conta a história de um menino da periferia que ganha uma bolsa de estudos em uma escola particular. Seguindo a linha da temática racial pela perspectiva infantil, são exibidas as animações “Vanille” e “Meu Nome é Maalum”. Ambos os curtas passam pelas trajetórias de meninas negras que se conectam à sua ancestralidade como motivo de orgulho. Já em “Kiriku e a Feiticeira”, de Michel Ocelot, nos deparamos com uma animação inspirada na lenda guineense de Kiriku.

Outra obra premiada que estará em Parintins é “As Formigas e o Gafanhoto”, produção malauiana que já foi exibida em importantes festivais internacionais, como IDFA (Amsterdã) e Sheffield Doc Fest (Reino Unido). O filme conta a história de Anita Chitaya, que, para salvar sua aldeia do clima extremo, enfrenta o desafio de convencer os norte-americanos de que a mudança climática é real. Uma jornada na qual ela se depara com a desigualdade racial e de gênero.

Também poderão ser prestigiados os curtas “Cor de Pele”, que através de um poema retrata questões que permeiam a vida de mulheres negras, e “Ser Feliz no Vão”, um ensaio que trata a ocupação de espaço pela perspectiva racial.

Já o documentário “Como Se Fossem Máquinas”, de João de Mari, discute a escravidão contemporânea na construção civil e seu terrível impacto na vida dos trabalhadores. Outra produção que tratará das questões do trabalho é o curta “Chão de Fábrica”, de Nina Kopko, que participou da competição latino-americana da Mostra Ecofalante.

Além de produções que tratam das questões raciais, Parintins também receberá filmes que discutem temáticas ambientais, territoriais e humanitárias, como é o caso do documentário “Escute, a Terra Foi Rasgada”, que teve sua estreia mundial na 12ª Mostra Ecofalante. Dirigido por Cassandra Mello e Fred Rahal Mauro, ele retrata uma aliança histórica entre três povos indígenas pela defesa de seus territórios, frente à destruição causada pelo garimpo.

Já “Idade da Água”, dirigido pelo brasileiro Orlando Senna e premiado no Festival de Havana, traz um alerta sobre a questão da falta de água no planeta e a cobiça internacional pela Amazônia. No documentário “Descarte”, nos deparamos com o drama social do lixo a partir de histórias de artistas que transformam materiais recicláveis.

A temática da uberização, por sua vez, é discutida em “Gilson”, premiado no Festival do Rio e no Festival Internacional de Curtas de São Paulo. A produção discute a desigualdade social e concentração de renda através da trajetória de um entregador de aplicativo de delivery que precisa trabalhar durante a pandemia da Covid-19.

Parintins também poderá prestigiar o curta “Canto de Origem”, que discute o lugar de fala de mulheres migrantes em São Paulo: três cantoras são entrelaçadas com a música e percorrem o coração econômico da América Latina, resgatando suas origens.

Para o público infantil, serão exibidas sessões da animação “Yaraki, uma jornada fantástica”, de Xavier Giacomettie e Toby Genkel, que conta a história de uma criança indígena da tribo Sioux que parte para uma aventura desconhecida.

Serviço

Programa Ecofalante Universidades em Parintins 20 a 24 de novembro de 2023

Programação gratuita

Locais:

Escola Estadual Irmã Sá: R. Itacoatiara, 2148. Bairro Nossa Senhora de Nazaré. Parintins/AM. CEP 69153-080

Escola Estadual São José Operário: R. Oneldes Martins, 3311. Bairro Senador J. Esteves. Parintins/AM. CEP 69152-240

Escola Municipal Guajarina Prestes: Av. Nações Unidas, 3110. Bairro Centro. Parintins/AM. CEP 69151-060

Escola Estadual Aderson de Menezes: Av. João Meireles, 445. Bairro Francesa. Parintins/AM. CEP 69151-508

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas: Estr. Odovaldo Novo, s/n. Bairro Aninga/Parananema. Parintins/AM. CEP 69152-470 Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro – Unidade Parintins, Centro Cultural de Parintins – Bumbodromo: Av. Nações Unidas, s/n – Centro. CEP: 69.151-060

Universidade do Estado do Amazonas: Estr. Odovaldo Novo, 979 – Djard Vieira, Parintins – AM, 69152-510

Estação da Cidadania João do Carmo: R. Antônio Meireles – Paulo Corrêa, Parintins – AM

 

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