No ano passado, a Marvel finalizou a fase 3 do MCU, marcado por atores brancos e, em sua maioria, homens. Agora, os estúdios realmente vêm em busca de mudanças significativas. A ideia é dar mais espaço para as heroínas, como também para a diversidade étnica na próxima fase.
A verdade é que não é de hoje que a Marvel reconhece a importância da diversidade e da representatividade no futuro do seu universo cinematográfico. Na realidade, os temas já foram mencionados, mesmo que sutilmente, em diferentes ocasiões por Feige e diretores como os irmãos Russo nos últimos anos, principalmente nas produções mais recentes. Houve flertes tímidos nos longas, como a bissexualidade de Valquíria, mencionada pela atriz Tessa Thompson em entrevistas, mas nunca de fato referida em Thor: Ragnarok.
Entretanto, foi apenas após a comprovação do sucesso de crítica e de bilheteria dos longas Pantera Negra, o primeiro com um elenco majoritariamente negro, Capitã Marvel, o primeiro da produtora com foco numa heroína, e o pioneiro Mulher-Maravilha, da concorrente DC, que o estúdio saiu do campo discursivo e decidiu aplicar esses princípios na prática. Afinal, quem “lacra”, lucra sim: Mulher-Maravilha fez US$ 821,84 milhões para a Warner em 2017; Capitã Marvel soma US$ 1,128 bilhão para o MCU desde o início de 2019; e Pantera Negra arrecadou US$ 1,346 bilhão apenas em 2018, sendo uma das maiores arrecadações do ano.
Com o fim de uma era, a Marvel passou a se preparar para a fase 4 do MCU. Durante apresentações em eventos com a San Diego Comic-Con e a D23, Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, apresentou os novos projetos e uma coisa ficou muito clara: a proposta de pautar ainda mais a diversidade em suas produções.
Das produções anunciadas para a nova fase, Os Eternos talvez seja a mais sintomática dessa postura. A equipe, pouco conhecida, chegará aos cinemas com um elenco bastante diverso: dos oito integrantes, três são brancos (Angelina Jolie, Richard Madden e a pequena Lia McHugh); dois são negros (Brian Tyree Henry e Lauren Ridloff); uma é latina (Salma Hayek); um é paquistanês (Kumail Nanjiani); e outro é sul-coreano (Ma Dong-Seok, também conhecido como Don Lee). Mais do que os números, é a imagem de todos reunidos que revela o ineditismo da produção, ainda mais considerando os padrões da indústria.
Os Eternos também marca outros dois passos importantes nessa missão da Marvel de ser mais inclusiva. O longa trará a primeira heroína com deficiência auditiva da história do estúdio – Makkari será interpretada pela atriz surda Lauren Ridloff – e um herói LGBTQ+.
O também recém-anunciado Shang-Chi e a Lenda dos 10 Anéis traz outros importantes avanços. Pela primeira vez, a Marvel levará aos cinemas um personagem de origem asiática para protagonizar um longa solo. Além do herói ser vivido pelo ator sino-canadense Simu Liu, o núcleo central também conta com nomes de descendência chinesa.
Estas são apenas duas produções dos 10 lançamentos programados até o final da fase 4. Há ainda Thor: Amor e Trovão, mostrando a transformação de Jane (Natalie Portman) na Poderosa Thor e Valquíria como a “rei” de Asgard; Wandavision explorando a extensão dos poderes da Feiticeira Escarlate e colocando-a como protagonista; Gavião Arqueiro, retratando a formação da jovem heroína Kate Bishop; e Viúva Negra, finalmente desenvolvendo de verdade a primeira Vingadora do MCU. A representação feminina aumenta também na direção.
Apesar de não fazer parte da fase 4 do MCU, Capitã Marvel 2 já encontrou sua diretora. Nia DaCosta, que comandou o remake de A Lenda de Candyman, substituirá a dupla Anna Boden e Ryan Fleck, responsáveis pelo primeiro filme da heroína. Ela se junta ao grupo de diretoras que tem crescido nas produções Marvel. Além de Anna Boden, o MCU agora também tem Cate Shortland, de Viúva Negra e Chloé Zhao, de Os Eternos. Em termos de representatividade negra, somente Pantera Negra e Pantera Negra 2, previsto para 2022, têm um diretor negro, Ryan Coogler. Com isso, DaCosta é a primeira diretora negra do MCU.
Programado para estrear em 8 de julho de 2022, o longa deve sofrer atrasos por conta da pandemia do novo coronavírus.
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