Isabella Botelho; 15/06/2022 às 15:30

“Tudo que é inovador começa com um grande desafio”, afirmam Claudia Assef e Monique Dardenne, criadoras do WME

Conversamos com as idealizadoras do WME sobre os deleites e desafios do projeto que empodera mulheres no setor musical

Duas mulheres que se uniram para impulsionar mulheres da música brasileira. Assim podemos descrever Claudia Assef e Monique Dardenne, idealizadoras e cofundadoras do Women’s Music Event, que se desdobra entre WME Conference, a maior conferência brasileira voltada ao protagonismo feminino no mundo da música, e WME Awards, que premia mulheres da indústria musical. 

Monique é gestora de carreiras e curadora musical afetiva focada em diversidade com mais de duas décadas de atuação na área musical. Claudia é jornalista, escritora, curadora e DJ. Ambas compartilham a paixão pela música e, diante de um cenário em que a mulher era exceção à regra no cenário nacional, elas agiram para começar a transformar esta realidade por meio de um evento que celebra a presença feminina na música.

Claudia Assef e Monique Dardenne (Foto: Divulgação)

Em entrevista ao AdTalks em janeiro deste ano, Claudia e Monique contaram que o WME nasceu em 2015, como um grupo de mulheres da área musical no Facebook, e as conferências tiveram início em 2017, sempre com a mão de obra 100% feminina. Ao Mercadizar, elas explicaram que, durante anos, foram convidadas para participar de painéis e palestras sobre “mulheres na música” dentro de grandes eventos, embora tivessem experiência e conhecimento para falar de outros assuntos. 

A gente tinha um background extenso para falar sobre produção, sobre jornalismo, sobre música eletrônica, sobre curadoria, sobre a nova cena brasileira, e, além disso, nós conhecíamos várias mulheres incríveis que poderiam opinar sobre mais uma infinidade de assuntos com maestria. Nos reunir e discutir sobre coisas que vão além dos assuntos antes taxados como aqueles que poderíamos opinar foi nosso desafio, mas também nosso prazer”, afirmaram. 

Desta forma, o WME surgiu como um projeto inovador cujo objetivo é evidenciar a música produzida por mulheres e promover a presença feminina na indústria musical desde os bastidores até quem sobe aos palcos. No entanto, como tudo que é inovador, o WME começou como um grande desafio, principalmente por propor a equidade de gênero. O início de tudo, há sete anos atrás, contou com a ajuda de pessoas da cena que eram próximas de Claudia e Monique e, agora, elas colhem os frutos do que pode ser considerado um dos principais e mais respeitados eventos da música brasileira, que une artistas, especialistas, veículos de comunicação e fãs para celebrar as mulheres e aprender com elas. 

Mesmo com os avanços, como muitas outras pautas, o caminho para alcançar a equidade de gênero, seja em qualquer setor, continua sendo um desafio e o processo é lento. Além da conferência e da premiação em si, Claudia e Monique também criaram o selo IGUAL, que incentiva a equidade de gênero em empresas e line-ups de festivais. 

“A gente criou um banco de profissionais femininas pra ligar quem quer contratá-las com as experts em cada área. Criamos o selo IGUAL pra incentivar pelo menos 50% da equipe formada por mulheres cis ou trans e não binaries. A gente tem trabalhado para que nossa discussão reverbere cada vez mais no dia a dia, em mulheres ocupando todos os lugares”, explicam. 

Além da luta pela equidade de gênero, é importante também falar sobre a ocupação de espaços pelas pessoas nortistas e nordestinas, que ainda são minoria diante do eixo Rio-São Paulo. Na edição deste ano, que acontece a partir desta quinta-feira, 16, Kae Guajajara e Aíla, artistas da Região Norte, se apresentarão na programação. 

“No WME, a gente tenta trazer mulheres que representam diferentes ritmos, diferentes regiões, até para que a gente fuja do eixo Rio-São Paulo, que é sempre muito dominante. A gente espera também ser cada vez mais plural, ter cada vez mais diversidade dentro das nossas convidadas, das nossas discussões, porque a gente acredita muito no valor disso! Queremos ser uma peça que impulsiona cada vez mais artistas de todas as partes do Brasil”, finalizam.

Bis

Além de contarem um pouco sobre a história do WME, Claudia e Monique também compartilharam com a equipe do Mercadizar as músicas e artistas que não saem de suas playlists:

Claudia

Nights Over Egypt – The Jones Girls,

Because The Night – Patti Smith

Atlântida – Rita Lee

Monique

Violently Happy – Bjork

Ain’t Nobody – Chaka Kan

Speak Low – Billie Holiday 

WME Conference em 2022

A sexta edição da WME Conference acontece entre os dias 16 e 19 de junho, em formato phygital (presencial e com transmissão ao vivo por meio do site da plataforma WME). Com quatro dias, a programação terá mais de 40 horas de conteúdo divididas em conferências, painéis, pitches, masterclasses, workshops, além de shows e festas espalhados pela cidade de São Paulo.

Saiba mais sobre a programação aqui

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