Thaís Andrade; 01/05/2024 às 19:50

Semana do Quadrinho Nacional de Manaus 2024: 6ª edição do evento promove o acesso às HQs e incentiva o mercado literário do Norte

Evento reuniu quadrinistas, fãs e entusiastas em ambientes de fomento e valorização da produção de quadrinhos

A Semana do Quadrinho Nacional de Manaus 2024 (SQNM2024) aconteceu no último final de semana na Biblioteca Pública do Amazonas e no Palacete Provincial e, mais uma vez, movimentou o cenário de produção e consumo de HQs na capital amazonense.

Com três dias de programação que foram de 26 a 28 de abril, o evento levou ao público quadrinheiro manauara uma série de atividades que iam desde oficinas e formações artísticas, até sessões de autógrafos com artistas nacionais e locais, e batalha de artistas. Além disso, a SQNM2024 promoveu também a abertura da exposição “Sangue, Suor e Nanquim” na Galeria do Largo.

A SQNM2024 foi a maior de suas edições a ser realizada, mantendo a missão de focar no fomento e visibilidade das obras produzidas no Norte, mas também levando até o público quadrinistas nacionais entre os convidados. Com os artistas participantes e seus diferentes estilos e formas de produzir, o evento mostrou a infinidade de possibilidades de se comunicar através das HQs.

“O evento, que é organizado por artistas locais, iniciou com 10 artistas amazonenses e agora reúne 44 participantes de 10 estados brasileiros. Ele se tornou um ponto de encontro crucial para a comunidade artística local e agora trabalha para ser uma referência nacional, oferecendo aos artistas da Amazônia uma plataforma de visibilidade e aos visitantes uma experiência única de imersão na cultura e na arte de Manaus. O feedback positivo dos participantes ressalta a importância crescente deste evento, que se tornou um catalisador essencial para o desenvolvimento e reconhecimento dos quadrinhos nacionais, em especial os do Amazonas”, destaca Evaldo Vasconcelos, um dos organizadores da SQNM.

Neste ano, o evento contou com a Artist’s Alley na parte interna da Biblioteca Pública do Amazonas, e também na parte externa, na lateral do prédio histórico. Com o contato direto com os quadrinistas autores das HQs expostas, o público pôde conhecer uma grande diversidade de obras que abordam diversos temas, escritas em diversos estilos e gêneros. Da comédia ao terror, da cultura amazônica e indígena à ficção científica, foi possível conhecer parte da produção de HQs de cada região do país. Raquel Teixeira, artista manauara que participou do evento em bate-papos e expondo obras autorais, conta como foi participar da sexta edição da SQNM.

“A minha experiência no evento foi positiva. As vendas foram muito boas. O público estava muito interessado em consumir os quadrinhos que a gente produz. O livro infantil que eu trouxe esgotou e o outro quadrinho que eu trouxe também. Então, para mim, isso é sinal de que a galera está consumindo e está tendo mais essa energia de apoiar os artistas daqui da região Norte. Eu percebo que a produção daqui está crescendo cada vez mais, então os materiais estão ficando cada vez mais com uma qualidade muito boa. Eu acredito muito que o pessoal que participou como público já está com essa energia de produzir também, então é possível que futuramente a gente tenha novos quadrinistas lançando materiais bem bacanas.”

O amazonense Nilberto Jorge – quadrinista, artista visual e sócio da Questo Estúdio – além de ter exposto seus trabalhos na Artist’s Alley, também ministrou algumas oficinas promovidas pelo evento com o objetivo de fomentar a formação e aprendizado artístico dos visitantes.

“Foi uma experiência muito interessante porque eu vi que o pessoal estava interessado. Por mais que tivesse gente que não sabia desenhar, eles estavam nas oficinas e estavam desenhando. Acho muito legal porque o desenho é isso, é tentativa: a partir do momento que você coloca o lápis no papel, você já está desenhando. Acho que só de ter uma pessoa interessada em desenhar, mesmo não tendo tanta habilidade, mostra comprometimento e mostra que a pessoa está interessada.”

Intercâmbio entre regiões e expectativas

O fomento à produção de HQs promovido pela Semana do Quadrinho Nacional de Manaus envolve não só a visibilidade e o destaque aos quadrinhos produzidos no Norte, mas também o intercâmbio entre mercados, o contato com o público, os debates sobre as necessidades e desafios enfrentados pelos autores, e muitos outros aspectos que compõem todo o mercado quadrinheiro.

Sidney Gusman, jornalista e editor renomado no cenário nacional de quadrinhos, participou pela primeira vez do evento e destacou a importância de iniciativas que aproximam os produtores nacionais de HQ.

“A experiência no evento foi maravilhosa porque muito se engana quem acha que a gente vai vir lá do Sul ou Sudeste para cá e vai ser só para a gente dividir conhecimento e contar um pouco das nossas histórias para o pessoal daqui. Mas não é só isso, não! A gente vem para cá e aprende muito sobre as necessidades de cada mercado, sobre o quanto o quadrinho ainda pode ocupar espaço e aqui tem muita gente talentosa. Eu leio muito quadrinho do Norte e conheço muitos, mas ainda assim a sensação que tenho é que precisa haver mais espaços, precisa haver um intercâmbio maior entre os eventos de quadrinhos do Brasil. Precisa haver mais troca. As pessoas precisam vir aqui para ver que todo mundo que veio aqui vendeu tudo e os autores daqui também venderam muito bem. Então tem espaço para consumir para quadrinhos”, destaca Gusman.

Sâmela Hidalgo, editora de HQs e uma das responsáveis pela organização da Semana do Quadrinho Nacional de Manaus, aponta quais as expectativas para as próximas edições do evento.

“A expectativa é que a gente está vendo que o evento, nesses últimos seis anos, está cada vez mais crescendo. Então a expectativa é que ano que vem seja ainda maior, e que a gente consiga fazer mais coisas, mais atividades, ocupar mais lugares – aqui mesmo na Biblioteca Pública, por exemplo. Então estamos esperançosos que ano que vem vai ser bem legal. Alguns artistas já estão se convidando para vir. Então essa é a parte legal também: ver que as pessoas estão querendo vir para Manaus, querendo vir conhecer o público manauara. E também os artistas de Manaus e do Norte que vieram pela primeira vez estão querendo retornar. Para a gente, esse é o objetivo”, finaliza.

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