Um dos vencedores do Sound Up Brasil e projeto original Spotify, o podcast ficcional Calunguinha – O Cantador de Histórias conta e canta histórias do povo preto para crianças. Desenvolvido pela dupla Lucas Moura e Stela Nesrine, com produção da Todo Canto Produções Artísticas, um novo episódio com convidado é lançado toda sexta-feira.
A ideia surgiu após o casal de criadores sentir falta de conteúdos autorais de áudio focados no povo negro para apresentar ao Caê, de cinco anos, filho de Stela e enteado de Lucas. O podcast ganhou vida durante a participação no programa Sound Up, uma iniciativa do Spotify que apoia criadores de conteúdo de comunidades sub-representadas, em especial negros e indígenas.
No podcast, Lucas é diretor e roteirista, enquanto Stela é diretora musical, compositora, sound designer e vive a mãe do Calunguinha, que ganha a interpretação de Marcelly Medrado. Outros personagens recorrentes são o Avô, vivido por Dudu Oliveira, e o Capitão do Mato, interpretado por Kleber Brianez. A primeira temporada conta com a participação de Lázaro Ramos, Zudizilla, Naruna Costa, Yuri Marçal, Aretha Sadick, Luedji Luna, Ícaro Silva, Solange Couto, entre outros.
O pontapé para a criação ocorreu durante o início da pandemia da covid-19. “Eu tinha um personagem que queria usar pra escrever uma peça. Na época, o teatro estava em suspensão, os shows também tinham sido cancelados e a Tela não estava tocando. Aí foi ela quem disse “por que não fazemos um podcast?”. Este é um podcast ficcional, ou seja, é teatro para os ouvidos. As histórias são encantadas, onde o Calunguinha sai voando para vivenciar cada história no lugar onde ela se passa. Ele vive aventuras, conhece personagens e canta essas histórias junto com a mãe“, conta Lucas.
Stela ressaltou a importância do conteúdo do podcast. “Calunguinha é, antes de um projeto, um propósito de colaborar para que os pretinhos e as pretinhas de hoje tenham uma infância com mais leveza e cor. Gravamos em São Paulo com a maioria dos convidados, mas fomos (as direções e a produção) para outros lugares. No Rio e em Salvador, pudemos conhecer diferentes ‘Calunguinhas’ no morro do Vidigal, na comunidade do Solar do Unhão, no Pelourinho. Queremos fazer o Calunguinha chegar até essas crianças”.
“Trazer histórias de luta, resistência, glórias e conquistas de grandes figuras negras às crianças, em contraponto ao fato de que as histórias do povo afro-brasileiro são negadas nos livros escolares (quem dirá nas histórias infantis), nos permite desgarrar de um controle único que impera há mais de 400 anos e, enfim, construir uma nova perspectiva de futuro. Nos permite também sonhar com um novo horizonte para a questão racial no Brasil e como precisamos de um horizonte nesse momento. É preciso um pouco de respiro ou a gente sufoca diante das notícias constantes de violência racial que assolam o país. Nenhuma mãe ou pai preto quer esta realidade para seus filhos”, finaliza a dupla.
Ouça aqui.
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