O artesanato brasileiro, produzido exclusivamente por mulheres, é o grande destaque do Pavilhão Brasil, promovido pela ApexBrasil, na Expoartesanías 2024. O evento ocorre em Bogotá, na Colômbia, até 17 de dezembro.
Reunindo mais de 240 peças produzidas por artesãs de todas as regiões do Brasil, o Pavilhão Brasil conta com a participação de 100 mulheres representando 77 iniciativas de 23 estados, sendo 13 delas da região Norte. A exposição é fruto de uma parceria de órgãos como o Sebrae, o Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) e o Ministério das Mulheres, dentro do programa Mulheres e Negócios Internacionais (MNI).
“A Expoartesanías é uma vitrine global para a riqueza cultural e artesanal do Brasil. Nosso objetivo é não apenas destacar essas mulheres incríveis, mas também apoiar sua autonomia econômica”, afirmou Ana Repezza, diretora de Negócios da ApexBrasil.
Iniciativas da região Norte
Entre as iniciativas de mulheres participantes, 13 são da região Norte, dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Tocantins. A Cooperativa de Turismo e Artesanato da Floresta Turiarte é uma delas. Composta por 170 cooperados de 12 comunidades ribeirinhas e indígenas na região do Tapajós, em Santarém (PA), a Turiarte se destaca por promover o artesanato sustentável e o turismo de base comunitária.
Somente no segmento de artesanato são 85 cooperados, a maioria mulheres (95,2%). A iniciativa gera renda para as comunidades ao valorizar técnicas tradicionais e materiais da floresta, como a fibra do tucumanzeiro e tingimentos naturais à base de folhas e frutos como jenipapo, urucum, crajiru e açafrão.
“Hoje, o artesanato sustentável é a principal geração de renda dessas mulheres. Elas conseguem manter suas casas e criar seus filhos através dele”, explicou Natália Viana, uma das diretoras da cooperativa. No catálogo da Turiarte existem peças variadas, entre acessórios, peças decorativas e de uso prático, como bolsas, biojoias, cestas, vasos, mandalas, luminárias e descansos de pratos e panelas.
Já a artesã Ezequielly Maracá, de Mazagão (AP), produz peças em argila e traz a cultura dos povos indígenas em destaque. Na Expoartesanías, duas de suas esculturas estão expostas e ambas já foram vendidas. Ezequielly conta que seu trabalho é também uma forma de resgatar a cultura dos povos indígenas de sua região.
“Eu trabalho com peças que remetem às culturas Maracá e Cunani, dois povos que habitaram a região onde hoje está o Amapá. A Cultura Cunani é a mais antiga, data de 2 mil anos antes de Cristo. A cultura Maracá é mais recente, mas o povo Maracá já não existe mais, por conta do processo de colonização”, relatou.
Ezequielly conta que essa é sua primeira experiência internacional.
“É a minha primeira vez em uma feira internacional. Mas eu sonhei, eu esperava por isso, sabe? Porque, eu digo, precisa ser conhecido o nosso trabalho, precisa ser conhecida a nossa cultura, no Brasil e fora dele”.
Outra artesã presente na Expoartesanías foi a Márcia Lima, de Rio Branco (AC). Algumas das peças do grupo que lidera, a Criare Biojoias, estão expostas no Pavilhão Brasil da feira. Ela conta que trabalha com artesanato desde 1989. Começou como um hobby, mas logo se tornou a principal fonte de sustento da família.
“Tínhamos uma panificadora e entramos em falência. Foi a partir daí que eu me aprofundei no artesanato e comecei a participar de feiras nacionais. Desde o início tivemos oportunidades de intervenção de designers com o Sebrae Nacional, o Sebrae do Acre, o PAB. Agora estamos também com a ApexBrasil, buscando inserir nosso artesanato no mercado internacional”, destacou.
A Criare Biojoias é formada por um grupo de oito mulheres. “Todas nós dependemos exclusivamente do que trabalhamos. Nós beneficiamos a semente do açaí, da jarina e do pachubão. Também trabalhamos com os nossos colares de parede, de mesa, que são peças decorativas que possuem uma boa venda”, contou Márcia Lima
Confira a lista completa de todas as iniciativas brasileiras participantes no PRESS KIT. Já as peças expostas no Pavilhão Brasil podem ser conhecidas no catálogo Mãos que cuidam e criam.
Conceito do Pavilhão Brasil na Expoartesanías
Sob o conceito “Um passeio pelo Brasil e suas regiões, tipologias e expressões, guiado pelas mãos que cuidam e criam”, o Pavilhão Brasil valoriza o protagonismo das artesãs brasileiras, ressaltando como o cuidado, historicamente associado às mulheres, se reflete em sua produção artesanal e na sua relevância econômica. Dados do Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (SICAB) mostram que 76% dos artesãos cadastrados no Brasil são mulheres, que não só preservam as tradições artesanais, mas também promovem sua transmissão às novas gerações.
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