Com o objetivo de agregar valor à cadeia produtiva e ampliar a renda das comunidades ribeirinhas, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) lançou o projeto “Sistema de Rastreabilidade: Inovação e Inteligência de Mercado na Cadeia Produtiva do Pirarucu da RDS Mamirauá”.
Agregando tecnologia, infraestrutura e novos canais de mercado para o fortalecimento da sociobioeconomia amazônica, a iniciativa reúne um conjunto de ações que marcam uma nova etapa para a cadeia do pirarucu.

Entre as medidas utilizadas, estão o uso de blockchain para assegurar a rastreabilidade e a origem do pescado, com dados coletados diretamente pelo aplicativo “Gygas”. Além da construção de um flutuante de pré-beneficiamento em Santa Luzia do Jussara e a criação da marca “Gigantio”, com foco em estratégias de comercialização do filé de pirarucu.
O projeto tem previsão de ampliar a renda de 45 famílias com cerca de 180 pessoas, beneficiando diretamente 55 manejadores de pirarucu nas comunidades Mangueira, Catiti e Jussara. Os manejadores atuam na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamiaruá, formando uma ampla comunidade cuja economia e Cultura estão amplamente ligadas à pesca.
Com investimento de 3,5 milhões, a iniciativa traz a tecnologia como aliada da conservação ambiental Uma delas é o aplicativo “Gygas”, que garante rastreabilidade completa do pirarucu e funciona mesmo em áreas de baixa conectividade. A ferramenta utiliza a tecnologia blockchain, assegurando transparência e confiabilidade em toda a cadeia produtiva.
Na prática, o sistema funciona como um “caderno digital de dados” que registra cada fase do manejo, desde a captura dos lagos até a chegada ao consumidor final. Esses registros são criptografados e não podem ser alterados. Cada pirarucu recebe um QR Code único, como um “CPF do pescado”.
Segundo Wildney Mourão, gerente de Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), que lidera a iniciativa, o Gygas representa a união entre inovação tecnológica, protagonismo comunitário e mercado justo.
“É uma ferramenta que fortalece a sociobioeconomia e dá mais visibilidade ao trabalho das comunidades ribeirinhas e indígenas, mostrando ao mundo que é possível conservar a floresta e gerar renda de forma sustentável”.
O Sistema de manejo do pirarucu é regulamentado pelo Ibama, o órgão autoriza a pesca de até 30% da população adulta por meio de cotas anuais. Para cumprir essa exigência, o que antes era feito em planilhas sujeitas a rasuras e perdas, a inovação tornou o processo mais ágil e confiável.
O sistema foi construído com base em um princípio central: escutar quem diariamente lida com o manejo do pirarucu.
“As comunidades já possuem seus próprios sistemas de manejo, que são métodos tradicionais. Nosso papel foi traduzir isso em uma solução digital que respeita essa lógica, ao mesmo tempo em que facilita processos, gera mais segurança e valoriza o trabalho da comunidade”, explica o desenvolvedor de tecnologia da FAS, Matheus Vinícius.
Além do “Gygas”, o projeto também apresenta o “Gigantio”, iniciativa que possibilita a ampliação da presença do pirarucu no mercado gastronômico. A funcionalidade conecta associações e cooperativas comunitárias da Amazônia a chefs, restaurantes e hotéis de referência em todo o Brasil.
A pele do peixe também ganha a oportunidade de ser valorizada em produtos de moda e design de alto valor agregado criando novas frentes de negócio e ampliando os canais de mercado e a visibilidade do manejo sustentável
“Isso é inteligência de mercado: uma estratégia que garante origem, eficiência e agrega valor ao pirarucu de manejo sustentável, promovendo iniciativas inovadoras como o Gigantio, clube de assinatura que comercializará o peixe diretamente com o setor gastronômico e hoteleiro de forma mais justa e responsável”, explica Wildney Mourão, gerente do Programa de Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis da FAS.

O projeto “Sistema de Rastreabilidade: Inovação e Inteligência de Mercado na Cadeia Produtiva do Pirarucu da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá” é executado pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e conta com o apoio da Positivo Tecnologia, por meio do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) — política pública da Suframa, coordenada pelo Idesam.
Para Leandro Rosa dos Santos, Vice-presidente de Estratégia e Inovação da Positivo Tecnologia, faz parte do papel da empresa investir em projetos que beneficiem a Amazônia e as comunidades locais.
“A inovação e a sustentabilidade fazem parte do DNA da Companhia, por isso é tão importante apoiar iniciativas que preservem o meio ambiente e o desenvolvimento econômico e social”, comenta o executivo. “Uma das nossas principais fábricas, responsável por boa parte da produção, está localizada na Zona Franca de Manaus. Trata-se de uma região de fundamental para o bom desempenho da empresa. Participar desse projeto é, também, uma forma de retribuir e ressaltar a importância que os ecossistemas naturais têm para nós e para todo o planeta”, completa.
As ações contribuem diretamente para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), como redução da pobreza, crescimento econômico, consumo e produção responsáveis e vida na água.

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